sábado, 16 de dezembro de 2023

CHIMPANZÉS OS NOSSOS PRIMOS

 O Instituto Jane Goodall e a defesa do meio ambiente e dos chimpanzés

A semelhança dos chimpanzés com os humanos

Estudos apontam que os chimpanzés são parentes próximos dos seres humanos na evolução, tendo aqueles separado do tronco do ancestral comum há cerca de 4 a 7 milhões de anos, e ambas as espécies compartilham 98 a 99% de DNA.

Como o homem, o chimpanzé consegue reconhecer a própria imagem no espelho, capacidade que poucos animais apresentam e são capazes de aprender certos tipos de linguagens, como a dos sinais.

Os chimpanzés possuem culturas diferentes, dependendo da região em que vivem, assim como os humanos, e são capazes de ensiná-las de uma geração para outra. Entre tais ensinamentos estão, por exemplo, técnicas para extrair cupins de seus cupinzeiros, utilizando-se de gravetos, utilização de pedras para quebrarem sementes e frutos duros e outros tipos de ferramentas adaptadas, usadas inclusive para caçar  pequenos mamíferos.

Na sociedade dos chimpanzés existe um escalonamento hierárquico bem definido. Se algum elemento do grupo o desrespeitar, fica sujeito às sanções impostas pelo macho dominante, que podem ser desde uma simples repreensão, ou uma penalidade física, ou mesmo a expulsão do grupo.

Os machos podem se unir para manter a liderança sobre o grupo, ou roubar a posição do líder. Para intimidar os rivais, eles se demonstram agressivos, com vocalizações altas, agitações de galhos e até mesmo o ataque.

Os chimpanzés vivem em grupos pequenos, de 5 ou 6 indivíduos, ou grandes, com cerca de 100 e podem ser encontrados numa vasta área da África Central e África Ocidental, desde a Nigéria, ao norte até o território de Angola ao sul e a leste  na Tanzânia e Quênia. A existência de floresta, árvores e água são fatores importantes para as comunidades de chimpanzés, mas alguns grupos desses animais que vivem acima dos 2000 metros de altitude, onde por não haver árvores, adaptam-se às condições locais e habitam grutas.


Make a Difference with the Jane Goodall Institute Dr. Jane Goodall & the Jane Goodall Institute USA dez 2017

 

Risco de extinção da vida em liberdade dos chimpanzés

Apesar do vasto território que ocupam, os chimpanzé encontram se em perigo de extinção, por serem vítimas de  humanos com a caça ilegal, quer para alimentação, quer para a produção de amuletos para a medicina tradicional, sendo ainda capturados e utilizados nos circos ou noutros espetáculos afins, ou mesmo para serem criados como animais de estimação. Também têm sofrido os efeitos das guerras, que sistematicamente assolam essas regiões, além de que o stress provocado nas fêmeas tem reduzido muito a natalidade nessas localidades. Atualmente, existem cerca de 150.000 chimpanzés vivendo em liberdade, o que demonstra dramaticamente a necessidade de tomada de ações concretas para preservar os seus habitats e as condições necessárias para a sobrevivência das comunidades de chimpanzés, que são tão semelhantes aos humanos.

 

Instituto Jane Goodall na defesa dos chimpanzés

Entre as personalidades que trabalham incansavelmente na defesa e no bem estar das comunidade de chimpanzés, destaca-se a primatologistaetóloga e antropóloga britânica Jane Goodall, considerada mundialmente como a maior estudiosa de chimpanzés, tendo o seu  trabalho  reconhecido com o estudo das interações sociais e familiares de chimpanzés selvagens, desde quando ela trabalhou em campo no Parque Nacional de Gombe Stream na Tanzânia na década de 1960, onde ela foi a primeira a testemunhar comportamentos de primatas semelhantes ao de humanos. Ela é a fundadora do Instituto Jane Goodall em 1977 e do programa Roots & Shoots em 1991, com o objetivo de incentivar crianças e jovens da comunidade local a trabalhar para a conservação ambiental e para questões humanitárias, estando hoje a  o programa instalado em mais de 140 locais ao redor do mundo. Goodall tem servido no comitê do Projeto de Direitos dos não Humanos desde sua fundação em 1996 e em abril de 2002 ela foi escolhida como mensageira da paz das Nações Unidas.

 

Comportamento semelhante ao dos humanos

Para a Jane Goodall é fascinante ver como os chimpanzés são parecidos com os seres humanos, inclusive como se organizam politicamente, ou seja, no exercício do poder dentro da comunidade. Os chimpanzés são muito semelhantes aos humanos principalmente na comunicação não-verbal, pois se beijam e abraçam, dão as mãos, acariciam uns aos outros. Os machos exibem aquele comportamento arrogante de competição com os outros pelo poder, exatamente como os políticos humanos.

Shoji

 

sábado, 9 de dezembro de 2023

TURISMO DE ÚLTIMA CHANCE

 Aumentam as viagens às atrações naturais ameaçadas pelo aquecimento global

O 6º Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU, divulgado em 20.03.2023, alerta que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto, havendo chance de mais de 50% da temperatura global atingir 1,5º C acima do nível pré-industrial entre 2021 e 2040, ou seja, pelo menos 10 anos antes do esperado. Ou seja, desde 1850, a temperatura média da Terra aumentou ao menos 1,1º C e mais no mínimo 0,4º C vai agravar os prejuízos ambientais como secas severas, ondas de calor, chuvas torrenciais e consequente enchentes catastróficas, tornados, incêndios florestais, aceleração do derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e provável submersão de vários países insulares.

 

Why Kilimanjaro's Glaciers Are Melting Red Bull 18.09.2020 


Geleiras emblemáticas podem desaparecer até 2050

Um estudo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da ONU, divulgado em 04.11.2022, destaca o sério risco associado ao derretimento acelerado de geleiras, sendo que algumas das massas de gelo em locais do Patrimônio Mundial mais emblemáticos do mundo devem desaparecer até 2050. 50 locais do Patrimônio Mundial da Unesco abrigam geleiras, representando quase 10% da área total de massas de gelo da Terra, incluindo o mais alto, próximo ao Monte Everest, o mais longo, no Alasca, e os últimos glaciares restantes na África.

 

Turismo da última chance

Embora os vários paraísos naturais ao redor do mundo não corram risco de extinção imediata, está aumentando o nº de visitantes a esses locais sob o chamativo de “conheçam antes que desapareçam”, configurando o fenômeno denominado de turismo de última chance. De um lado, o aumento de viagens a essas atrações icônicas é positivo por todos os benefícios associados ao turismo cultural mas por outro lado provocam-se s danos óbvios relacionados ao brusco incremento de visitantes muitas vezes em locais que apresentam fragilidades do ponto de vista ambiental.  Entre os paraísos naturais que sofrem o impacto do turismo de última chance destacam-se o Monte Kilimanjaro, as Ilhas Galápagos, as Maldivas e a Grande Barreira de Corais da Austrália. 

 

Monte Kilimanjaro

Situado na Tanzânia, perto da fronteira com Quênia, e sendo o ponto mais alto da África com 5.895 m de altitude, o topo do Kilimanjaro é ainda coberto de geleiras permanentes, as quais sofrem degelo constante, que se reduziram 90% entre 1912 e 2013, de modo que a extinção total das geleiras é esperado em futuro não muito distante.

 

Ilhas Galápagos

Galápagos apresentam uma biodiversidade elevada e é o habitat de uma fauna peculiar, que inclui muitas espécies endémicas como as tartarugas das Galápagos. A totalidade das ilhas é preservada como reserva de vida selvagem, administrada pelo governo do Equador e que é, desde a visita de Charles Darwin, o principal laboratório vivo de biologia do mundo. Entretanto, essas ilhas sofrem os efeitos das mudanças climáticas bem como da ocupação e do turismo desordenados, configurando uma área altamente vulnerável a problemas socioambientais. 

 

Maldivas

As Maldivas são uma nação tropical no Oceano Índico composta por 26 atóis em formato de anel e por mais de 1.000 ilhas de coral. O país é conhecido pelas belas praias, pelas lagoas azuis e pelos extensos recifes. Maldivas é o país mais baixo do mundo, com altitude média de 1,5 metros, sendo o ponto mais elevado de somente 2,3 m do nível do mar. A capital, Malé, está a 90 cm de altitude, com 100 mil habitantes, sob ameaça da expectativa de subida do nível do mar.

 

Grande Barreira de Corais da Austrália

A Grande Barreira de Corais, no nordeste da Austrália, é o maior organismo vivo da Terra, visível até mesmo do espaço. O ecossistema de 2.300 km de extensão compreende milhares de recifes e centenas de ilhas feitas de mais de 600 tipos de corais duros e macios, abrigando inúmeras espécies de peixes coloridos, moluscos e estrelas-do-mar, além de tartarugas, golfinhos e tubarões. O aumento das temperaturas dos oceanos e a extensão dos eventos de branqueamento dos corais representam a ameaça crítica que as mudanças climáticas representam para os recifes da Austrália.

Shoji

 

 

sábado, 2 de dezembro de 2023

PALESTINOS DEVEM SE LIVRAR DO GRUPO TERRORISTA HAMAS

 Hamas continuará com ataques cada vez mais devastadores enquanto não for expulso de Gaza

Massacre do Hamas contra civis israelenses

Em 07.10.2023, o grupo terrorista Hamas rompeu a fronteira da Faixa de Gaza e realizou um ataque devastador contra as populações civis residentes israelense nessa região, causando ao menos 1.200 mortes, incluindo 240 jovens de vários países que participavam de um festival de música eletrônica (rave), muitas das quais com requinte de crueldade, sequestrando também ao menos 240 pessoas, incluindo mulheres, idosos, crianças e bebês. Simultaneamente, 2,5 mil a 5 mil foguetes foram disparados pelo Hamas contra Israel atingindo não somente localidades próximas de Gaza, mas até outras mais distantes como Tel Aviv. Em função do ataque inusitado de foguetes, nunca antes realizado, o sistema de defesa antimíssil chamado Domo de Ferro, que abate os mísseis lançados contra Israel antes de atingir o seu alvo, não foi capaz de derrubar todos esses artefatos, de modo que vários deles atingiram cidades israelenses, causando sérios danos e pânico entre a população civil.

 

a) Mosab Yousef: “Meu pai é responsável por uma organização terrorista" Jovem Pan News 28-11-23

b) "Se Israel falhar em Gaza, seremos os próximos”, diz o Filho do Hamas O Antagonista 23-11-23

 

Palestinos devem se libertar do Hamas

Esse ataque que pode ser considerado o mais devastador perpetrado no território israelense por um grupo terrorista, causou imediata reação do governo e povo israelenses (considerando-se que Israel não é composto somente de judeus, mas também por muçulmanos, cristãos e de outras religiões), fortalecendo o sentimento da necessidade de eliminar o Hamas da Faixa de Gaza, para acabar de uma vez por todas com os ataques que esse grupo realiza contra Israel desde que o mesmo assumiu o poder em Gaza em 2006, inclusive com o lançamento sistemático de foguetes contra a população civil israelense.

A necessidade de expulsar o Hamas da Faixa de Gaza e assim libertar os palestinos do jugo desse grupo terrorista é defendida enfaticamente por Mosab Hassan Yousef, mais conhecido como o Filho do Hamas, e autor de célebre livro com esse mesmo título,  “O Filho do Hamas”. Segundo Yousef, enquanto continuar no poder em Gaza, Hamas continuará com o seu propósito de aniquilar Israel, usando armas cada vez mais poderosas, até nucleares caso venha a ter posse desse tipo de armamento.

 O Filho do Hamas e sua cruzada para eliminação do grupo Hamas

Desde a infância, Mosab Hassan Yousef, nascido em 1978 na Cisjordânia, viveu nos bastidores do grupo fundamentalista islâmico Hamas e testemunhou as manobras políticas e militares que contribuíram para acirrar a sangrenta disputa nos territórios ocupados pelo Israel na antiga Palestina. Por ser o filho mais velho do xeique Hassan Yousef, um dos fundadores do Hamas, todos acreditavam que Mosab seguiria os passos do pai.

Ao ser preso, ele ficou chocado ao ver que presos palestinos mais fracos eram torturados e até mortos por outros mais fortes.  Submetido a rigorosas sessões de interrogatório, ele recebeu e aceitou a proposta do Shin Bet, o serviço de inteligência interno de Israel, de obtenção da liberdade em troca da colaboração para identificar os líderes do Hamas responsáveis por ataques terroristas. Essa decisão foi muito traumática na sua vida, pelo fato de poder ser caracterizada como traição à sua religião e aos interesses de seu povo. 

Apesar dessa terrível contradição, Mosab resolveu colaborar com o Shin Bet, o que o induziu a levar uma vida dupla durante 10 anos, período em que frequentemente fez escolhas arriscadas, motivado, entretanto, pelo seu desejo de conter a violência do Hamas, uma das organizações terroristas mais perigosas do mundo.

Essa decisão teve suporte também na profunda transformação pessoal tida pelo Mosab, que lhe permitiu desfrutar uma jornada de redescoberta espiritual, que culminou na sua conversão ao cristianismo e na crença de que “tolerar e perdoar seus inimigos” é o único caminho para a paz duradoura no Oriente Médio.  

Ao contar a sua história no livro “Filho do Hamas”, Mosab teve o objetivo de mostrar ao seu povo, os palestinos seguidores do Islã, que têm sido usados por regimes corruptos há centenas de anos, e que a verdade pode libertá-los.  Ou seja, não adianta apenas culpar Israel e o Ocidente por todas as desgraças e dificuldades enfrentadas pelos palestinos, se eles mesmos não tomarem a firme resolução para definir o melhor caminho para a redenção do seu povo.  

 

Cingapura como exemplo de uma nação exitosa em um território pequeno

A Faixa de Gaza é um território pequeno, mas pode ser berço para a construção de uma nação pacífica e próspera, como mostra a trajetória seguida por Cingapura, que com território pouco maior, desde a sua independência em 1965 se transformou em um país desenvolvido, em termos tecnológicos, econômicos, sociais e de convívio harmonioso entre diferentes povos e religiões.

Shoji

sábado, 25 de novembro de 2023

PARQUE IBIRAPUERA SOB GESTÃO PRIVADA

 Os parques públicos podem ser geridos pela iniciativa privada em benefício da população e com economia para o Estado

A concessão para a gestão privada de parques e espaços públicos pela Prefeitura de SP iniciou-se em 2019, com o principal parque da capital paulista, o Ibirapuera, com área de 158 hectares e inaugurado em 1954 por ocasião da comemoração do 4º centenário da fundação da cidade. A concessão foi assumida pela Urbia Parques, do consórcio Construcap, sob enormes dúvidas quanto à sua viabilidade operacional e financeira, mediante o pagamento da outorga de R$ 70 milhões, pelo prazo de 35 anos (até 2055), com o compromisso de fazer investimentos estipulados em contrato para a melhoria de infraestrutura e de equipamentos no Parque.

 

Dois anos de concessão do Parque Ibirapuera Band Jornalismo nov 2022

Melhoria de infraestrutura e oferta de mais serviços ao público sem cobrança de ingresso

O plano de investimentos e de melhorias é audacioso, podendo chegar a R$ 200 milhões até 2025, tendo sido já alocados R$ 130 milhões até 2023, para a revitalização ambiental e melhoria de infraestrutura e de equipamentos, como os banheiros públicos e a colocação de bebedouros de água potável.

E a concessão privada está sendo administrada com a melhoria da infraestrutura sem a cobrança de ingressos do público, que aproveita os benefícios do Parque em número cada vez maior, em uma mega metrópole com notória carência de área verde, de modo que os visitantes devem chegar a 17 milhões em 2023.

 Parcerias com patrocinadores privados

Para a viabilização da gestão privada do Parque Ibirapuera, a concessionária Urbia conta com 4 principais pilares: (1) patrocínio de empresas em ações sustentáveis (como as do Braskem, Centauro e Nike); (2) realização de eventos; (3) ativações de marcas por empresas interessadas em expor seus produtos e serviços e (4) oferta de mais e melhores pontos de venda de alimentos e bebidas.

Entre as melhorias destacam-se as pistas de corrida e de skate, a reforma e construção de quadras para a prática de diversas modalidades esportivas, a disponibilização de bicicletas e triciclos ao público, gerida por grupos privados. Outra melhoria é a transformação de parte do piso impermeável (asfalto e calçadas) em solo permeável, bem como a implantação de rede fibra óptica de 15 km no Parque, com a oferta de wi-fi grátis em sua área.

Foi implantado ainda o gerenciamento adequado de lixo gerado pelo crescente nº de visitantes, com a instalação de uma central de reciclagem para a separação de resíduos recicláveis e não-recicláveis. Entre estes, os resíduos orgânicos, como as cascas de coco verde, são usados para a produção do adubo orgânico. Para a melhoria da segurança, o parque está sendo monitorado pela instalação de quantidade crescente de câmeras de reconhecimento facial.  E, entre as novas atrações, pode ser destacada a reabertura do Planetário. Segundo pesquisa de opinião pública, a maioria absoluta dos usuários aprovam as melhorias  feitas e portanto a gestão privada do Parque.

 A concessão privada deve ser estendida a novos espaços e parques públicos

A experiência exitosa da gestão privada do Parque Ibirapuera demonstra claramente que é viável a concessão para a gestão privada de espaços e parques públicos com melhoria e ampliação de infraestrutura, equipamentos e serviços ofertados ao público usuário desses espaços, considerando se principalmente a notória carência de áreas verde e de lazer em metrópoles como a capital paulista.  O gestor público também se beneficia por deixar de prestar serviços que a iniciativa privada pode fazer de forma mais eficiente, e assim reduzir os gastos que seriam destinados a essas áreas, podendo com isso dedicar-se a setores em que o Estado deve atuar primordialmente, como a educação básica, saúde pública, segurança pública e ultimamente com prioridade máxima que é a sustentabilidade ambiental, para o combate aos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global.

Shoji

 

sábado, 18 de novembro de 2023

LIVRARIA: TEMPLO DO CONHECIMENTO E REFLEXÃO

 As publicações impressas devem ser valorizadas

Conforme o artigo “Livrarias salvam a democracia” de autoria de Murillo de Aragão, publicado na revista Veja em edição de 15.09.2023, pg. 39, em função da onda de fechamento de livrarias nos EUA, várias personalidades lançaram uma campanha com o slogan “Bookstores save democracy”. Nos EUA, apesar do fechamento de muitas lojas, a venda de títulos impressos ainda é muito maior do que a de eletrônicos, pois, em 2022, a venda de livros impressos rendeu US$ 13 bilhões ante US$ 1,87 bilhão de livros digitais. Mas o fechamento de lojas físicas preocupa não somente pela questão das vendas mas também pelo sentido político e cultural.

 

a) Conheça os desafios dos donos de sebo (livros usados) SescTV out 2016

b) Em crise, grandes lojas dão lugar às pequenas livrarias Band Jornalismo out 2019

Redução de publicações impressas no Brasil

Como nos EUA, o mesmo fenômeno está ocorrendo no Brasil, onde, segundo a Associação Nacional das Livrarias (ANL) em 2014 existiam 3.095 lojas no País, que se reduziram a 2.200 em 2021, cifra essa já bastante abaixo, por exemplo, das 3.600 livrarias existentes na Itália em 2022, país com população de 60 milhões. No Brasil, onde o índice de leitura é bem mais baixo do que nos EUA, a situação é mais preocupante, não somente pela inexistência de livrarias em diversas cidades mas também pelo decréscimo na circulação de jornais e revistas.

 Perda de hábito da leitura

E o hábito da leitura vem perdendo espaço entre as novas gerações, que vivem com os seus aparelhos eletrônicos e celulares nas mãos quase o tempo todo. O fechamento de livrarias é preocupante pois elas são o ponto de encontro de pessoas que querem saber mais e refletir sobre o mundo em torno dos diversos temas e sob os variados enfoques, o que não só aumenta o nível de conhecimento mas estimula a reflexão sobre os mais diversos tópicos. A exposição das obras nas prateleiras permite a descoberta de temas e autores que podem despertar novas idéias e caminhos. Permite ainda a experiência sensorial de folhear o livro antes de comprá-lo. O tradicional livro permite não somente a sua consulta prévia mas o seu manuseio com a possibilidade de retornar ou avançar ao longo do texto e de fazer as marcações e anotações sobre os trechos mais importantes, o que permite o aprofundamento do entendimento do seu conteúdo, recursos esses difíceis de usar nos livros eletrônicos.  A livraria ainda é o espaço físico que permite a integração social e a troca de idéias entre os leitores o que não ocorre no mundo digital. Com isso, verifica-se que o uso somente de meios digitais dificulta a compreensão de diversos assuntos de forma mais ampla e aprofundada. Assim, gerações sem leitura ou com leitura superficial podem se tornar presas fáceis para narrativas não reflexivas e que apresentam soluções e prazeres imediatos para a sociedade que trafega na superficialidade. Com isso morre a cultura tradicional, cujos filósofos e sábios nos legaram valores, princípios e conceitos que construíram a civilização. Enfim, para o autor do artigo, Murillo de Aragão, longe das livrarias e das bibliotecas, a democracia corre perigo.

 O papel dos sebos

Entre as livrarias, é pouco reconhecida mas deve ser realçada a importância dos chamados “sebos”. Essas lojas, normalmente em instalações modestas, vendem os mais variados tipos de livros, revistas e publicações, incluindo CD, DVD, discos e demais fontes de cultura a preços módicos e até irrisórios, atuando ainda como locais para a compra e troca desses materiais. Enfim, os sebos atuam como verdadeiros repositórios de materiais educativos e históricos sobre os mais diversos temais culturais.

 As livrarias estão a caminho da extinção?

As livrarias merecem continuar existindo como faróis de cultura e educação, ou seja, como espaço para catalisar iniciativas e de robustece a capacidade de pensamento e de reflexão.

Shoji

 

sábado, 28 de outubro de 2023

ECONOMIA CIRCULAR VISANDO INCLUSÃO SOCIAL E PRODUTIVA

 Exemplo da startup Solos da Bahia na gestão correta de resíduos sólidos

Um dos principais problemas do mundo moderno, especialmente nas grandes cidades, é o lixo sólido, resultado de uma sociedade que a cada dia produz e consome mais e mais. Com isso se produz mais dejetos de todas as espécies causando sérios problemas à própria população, por serem gerados em grande quantidade e compostos dos mais variados materiais, de modo que o seu descarte em áreas inadequadas provoca graves efeitos socioambientais, que afetam a qualidade de vida e a saúde da população.  Na falta da sua coleta e destinação correta, grande parte do lixo acaba se acumulando nos cada vez mais frequentes e deprimentes aterros sanitários.

Para a mudança desse quadro catastrófico é importante que a sociedade passe a entender melhor e principalmente adotar o conceito estratégico de Economia Circular que se assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de redução de uso de materiais, reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento econômico e o aumento no consumo de recursos, relação até agora vista como inexorável.

Para tanto, é relevante a participação ativa e efetiva de todos os agentes, ou seja, pessoas, empresas e governo para enfrentar no dia a dia os desafios ambientais, sociais e econômicos.

 

a) Conheça a SOLOS - Startup de Impacto SOLOS abr 2023

b) Re-Ciclo - Réveillon de Fortaleza 2023 SOLOS mar 2023


Startups focadas em gestão correta de resíduos sólidos

Com base no conceito de Economia Circular e visando o descarte correto de resíduos recicláveis nas grandes cidades, as amigas Saville Alves e Gabriela Tiemy decidiram fundar a startup Solos em 2018. Para isso, em 2017, Saville e Gabriela criaram um projeto para participar do Triggers, programa de pré-aceleração para iniciativas com foco em educação e negócios de impacto social promovido pela fintech Trigg em São Paulo, onde por 8 meses tiveram a oportunidade de ter mentorias com diretores e vice-presidentes de companhias como Google, Spotify e Visa. Após o projeto ficar entre as 5 finalistas, sendo a única do Nordeste, as sócias Saville e Gabriela decidiram iniciar e sediar a startup em Salvador-BA por ser esta uma região precária em relação a saneamento.

 

Formas de atuação da Solos

A empresa opera no modelo B2B (business to business, termo que representa negócios realizados entre empresas), oferecendo soluções para grandes marcas que buscam ações efetivas para ajudá-las a se tornarem empresas ambientalmente sustentáveis, que precisam responder a diretrizes internas e internacionais.  

A atuação ocorre em 3 frentes. A 1ª considera conteúdos e experiências sustentáveis. Com ações lúdicas utilizando a gamificação e o entretenimento, impulsionam a economia circular, promovendo a tomada de consciência sobre o tema e a mudança de hábitos e práticas. 

A 2ª frente trabalha com sistemas inteligentes de coleta. A Solos cria soluções de coleta seletiva e logística reversa de embalagens, direcionando o material coletado para cooperativas de reciclagem parceiras (sendo 25 em 2023) e apoiando os setores público e privado com dados sobre o impacto gerado. Nesse escopo, as ações da Solos são realizadas em parceria com as cooperativas de reciclagem, proporcionando emprego e renda aos seus integrantes. Para tanto, é realizado um processo de seleção, que envolve a coleta de dados das cooperativas, bem como visitas técnicas em suas unidades e assistência permanente para a melhoria do desempenho das cooperativas. Os materiais coletados são enviados para o galpão das cooperativas parceiras, onde é feito o processo de triagem de cada tipo de resíduo, a pesagem e o posterior beneficiamento e/ou comercialização para as indústrias de reciclagem.

Por fim, a startup também faz a gestão de resíduos em grandes eventos, com grande público e em espaços públicos abertos, como carnavais de rua e reveillons, que geram muito lixo e necessitam do seu descarte correto. O Carnaval de Salvador de 2023, por exemplo, contou com 8 centrais de reciclagem espalhadas pelos circuitos da festa e ação semelhante foi feita no reveillon de Fortaleza-CE. Nessa frente, a Solos se responsabiliza por montar uma infraestrutura de coleta adequada, fornecendo os materiais necessários para tal, alocar cooperativas e incluir catadores no processo, dando novas perspectivas a quem trabalha diretamente com o lixo.

A Solos tem parcerias ativas com grandes empresas como a Ambev, Braskem, IFood e Heineken, com contratos que variam de acordo com a demanda, com valores situando-se  entre R$ 50 mil a R$ 2 milhões. Entre 2021 e 2022 a Solos cresceu 150%  com expectativa de expansão de 150% em 2023. Como reflexo do reconhecimento inclusive ao nível mundial, em 2023, Saville foi eleita pela Forbes como uma das 20 mulheres mais inovadoras de agtechs.

Shoji

 

 

sábado, 23 de setembro de 2023

DOUTRINA BESA NA ALBÂNIA SALVOU JUDEUS DO HOLOCAUSTO

 O sentimento de humanidade do povo albanês foi fundamental para salvar os judeus da perseguição nazista

Os horrores da fuga e morte de população civil inocente decorrente da invasão russa da Ucrânia em fev/2022 despertam os fantasmas associados às piores catástrofes humanas como o Holocausto. Como se sabe, Holocausto, também conhecido como Shoá em hebraico, foi o genocídio ou assassinato em massa de cerca de 6 milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial, por meio de um projeto sistemático de extermínio étnico religioso executado pelo governo nazista alemão, liderado por Adolf Hitler, que ocorreu em todos os territórios europeus ocupados pela Alemanha e seus aliados e colaboradores durante a guerra. Dos 9 milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de 2 terços foram mortos, sendo cerca de 1 milhão de crianças, 2 milhões de mulheres e 3 milhões de homens judeus, configurando a maior tragédia orquestrada pelos homens na história da civilização humana.

 

The Muslims Who Rescued Jews During The Holocaust Hananya Naftali set 2022

 Como exceção do Holocausto a Albânia salvou os judeus refugiados

A Albânia é um dos poucos países na Europa em que não se verificou a perseguição aos judeus pelo fato das famílias albanesas, em sua maioria muçulmanas, ter acolhido em suas casas e protegido milhares de refugiados que vinham de países como Alemanha, Áustria, Tchecoslováquia, Iugoslávia e Hungria fugindo da perseguição durante o Holocausto.  Desse modo, a Albânia foi um dos poucos países europeus que no fim da 2ª Guerra Mundial tinha uma população judaica maior do que no início do conflito, chegando ao fim da guerra com mais de 3 mil refugiados judeus em seu território.

 A doutrina Besa acolheu os judeus perseguidos

Esse comportamento do povo albanês é explicado pela tradicional solidariedade dos seus cidadãos e por um código de honra denominado Besa, que é uma regra moral baseada na compaixão e tolerância para com os outros. Besa significa "promessa de honra" e, embora seja preciso voltar às tradições orais do século 15 para entender suas origens, ele ainda persiste entre os albaneses.

O Besa alia a honra pessoal ao respeito e à igualdade com os demais. Entre seus principais valores está a proteção incondicional do hóspede, que pode até mesmo colocar em risco a própria vida, sendo o código Besa passado de geração em geração.

A tradição foi transmitida por séculos como parte do Kanun, um conjunto de leis não escritas e regidas por costumes, criadas no século 15 para governar as tribos do norte da Albânia. Embora o Kanun seja considerado a fonte original do Besa, muitos argumentam que a tradição é ainda mais antiga e que o Kanun apenas colocou em palavras tradições tribais de longa data.

 Os albaneses protegeram os judeus contra a perseguição nazista

Quando os nazistas ocuparam a Albânia em set/1943, após a queda de Mussolini na Itália, eles exigiram que as autoridades albanesas fornecessem listas de judeus a serem deportados. Enquanto as autoridades locais recusavam a fornecer a lista dos judeus, as famílias albanesas acolhiam a maioria dos judeus que chegavam à Albânia em suas casas, os alimentaram, cuidaram deles e os ajudaram a se esconder em pequenas cidades e nos bunkers subterrâneos e nas cavernas nas montanhas. Além disso, facilitaram a fuga para países seguros, muitas vezes fornecendo documentação falsa para disfarçar a identidade judia.

 

Albaneses acolheram refugiados de Kosovo

Como replicação da doutrina Besa nos tempos recentes, na década de 1990, mais de 500 mil refugiados, a maioria albaneses étnicos, deixaram a região de Kosovo, então parte da Sérvia, rumo à Albânia fugindo das forças militares sérvias. As famílias albanesas iam para os campos de refugiados kosovares, encontravam uma família e depois as levavam para casa. Não eram parentes ou amigos, eram estranhos, mas os albaneses os recebiam, alimentavam, vestiam, tratavam como se fossem parte de sua família.

Shoji

sábado, 16 de setembro de 2023

ONDA DE CALOR RECORDE EM 2023

 O aquecimento global e o El Ninõ induzem a onda de calor

O ano de 2022 completou a década mais quente desde o início dessa aferição, no final do século XIX. Nesse ano, a cidade Kuwait registrou a temperatura de 53,2º C a mais alta em uma área densamente povoada. E essa tendência continua em 2023 quando várias partes do Mundo têm sido atingidas por uma onda de calor em dimensões inéditas.  No hemisfério Norte, em julho houve registros extremos de temperaturas entre 40ºC e 50ºC em países como França, Alemanha, Estados Unidos e Grécia. Quase 4 milhões de ha de florestas foram devastadas por incêndios no Canadá. Havaí foi atingida por incêndios florestais consideradas as mais fatais dos EUA no século 21, fenômeno semelhante que se verificou também na Grécia.

Na penúltima semana de agosto/2023, o Brasil vivenciou uma onda de calor atípica para o mês, sendo as temperaturas altas provenientes de uma grande massa de ar seco e quente que se espalhou por todas as regiões do país. No início de setembro formou-se ciclone extratropical no sul do Brasil, fenômeno raro que tem se tornado mais frequente, provocando muita chuva, fortes rajadas de vento e queda de granizo, causando inundações no estado do Rio Grande do Sul, e ao menos 47 mortes.

Segundo o Climate Prediction Center, órgão ligado a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, os dias entre 3 e 6.07.2023 foram os mais quentes do ano e da história.  Conforme especialistas, essa onda de calor está ligada principalmente a 2 fatores: o aquecimento global e o fenômeno El Ninõ.

 

  1. Onda de calor histórica atinge o mundo com mais de 40 mortos na Europa e Norte da África Jornalismo TV Cultura ago-2023


As mudanças climáticas e o aquecimento global

As mudanças climáticas são alterações de longo prazo nos padrões do clima na Terra, incluindo o aumento das temperaturas globais, as variações nos regimes de chuva e outros fenômenos climáticos.

Como consequência disso, tem se tornado mais frequentes as secas intensas, incêndios severos, inundações, aumento do nível do mar, escassez de água potável, derretimento de calotas de gelo, tempestades e aniquilamento da biodiversidade.

 O aquecimento global e a onda de calor

Onda de calor é um período prolongado de altas temperaturas em determinada região, que geralmente excede as médias sazonais,  habituais da estação vigente, causando impactos significativos nas condições climáticas, na saúde humana, na economia e no meio ambiente. Durante uma onda de calor, as temperaturas, tanto no período diurno quanto noturno, permanecem elevadas por um longo período, resultando em condições climáticas extremas. Segundo a NOAA, as ondas de calor são resultado de ar aprisionado, em razão de um sistema de alta pressão atmosférica. A onda de calor ocorre quando uma área fica sob a influência desse sistema de alta pressão atmosférica, que bloqueia a movimentação das massas de ar e impede a dissipação do calor acumulado. Isso resulta no aumento gradual das temperaturas, que podem atingir níveis anormalmente altos.

 Efeito estufa, desmatamento e aquecimento global

De acordo com a ONU, desde 1800, o principal impulsionador das alterações são as atividades humanas, principalmente aquelas que envolvem a emissão de gases do efeito estufa. Ele resulta da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, além do crescimento de áreas desmatadas e de outras ações industriais e agrícolas. As emissões continuam aumentando e a concentração dos gases de efeito estufa está em seu nível mais alto em 2 milhões de anos.

Por efeito desses fatores, a Terra ficou cerca de 1,1°C mais quente desde o final do século 19. Com isso, chegamos ao aquecimento global, que consiste no aumento da temperatura média da superfície da Terra e da atmosfera terrestre, devido à elevada concentração de gases do efeito estufa ao longo do tempo.

Esses gases, como dióxido de carbono e metano, retêm o calor do sol e causam um desequilíbrio no clima, levando também ao derretimento das calotas polares, à elevação do nível do mar, às alterações nos padrões de chuva e a outros eventos extremos. É essencial entender, então, que as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas ao aumento de frequência, intensidade e duração das ondas de calor em muitas partes do mundo.

 O El Ninõ e a onda de  calor

O El Niño é um fenômeno climático natural que consiste no aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, especificamente na porção equatorial, próximo à costa oeste do continente sul-americano. O El Niño não tem um padrão de ocorrência, ou seja, pode haver anos com sua presença ou não e as causas da presença desse fenômeno climático ainda são um mistério para os meteorologistas. 

Durante o El Niño, as águas quentes do Pacífico deslocam-se para o leste, afetando os padrões climáticos em todo o mundo. Esse aquecimento anormal altera os ventos atmosféricos e a circulação oceânica, resultando em mudanças significativas nos padrões de chuva e temperatura.

A expectativa é de que, em 2023, esse fenômeno se configure como um Super El Niño, com temperaturas de até 2,5 °C acima da média em diferentes regiões do mundo, o que deve contribuir para a formação de ondas de calor.

Esforço de todos para limitar o aquecimento global até o fím do século XXI

Para evitar os efeitos ainda mais graves das mudanças climáticas e do aquecimento global, todos os povos e países devem-se empenhar efetivamente para o cumprimento do histórico Acordo de Paris da ONU de 2015, que determinou como meta limitar o aquecimento a 1,5º C até o fim deste século em comparação ao período pré-industrial.


Shoji

sábado, 19 de agosto de 2023

AÍ VEM A SEMANA DE 4 DIAS DE TRABALHO!

 Com o aumento da produtividade pelo desenvolvimento tecnológico é irreversível a redução da jornada de trabalho

A 4 Day Week Global é uma comunidade sem fins lucrativos estabelecida por Andrew Barnes e Charlotte Lockhart para fornecer uma plataforma para pessoas afins interessadas em apoiar a ideia da semana de 4 dias como perspectiva para o futuro do trabalho. Para tanto encoraja empresas, funcionários, pesquisadores e governo a contribuir na criação de uma nova maneira de trabalhar que poderá melhorar a produtividade dos negócios e as condições de saúde do trabalhador, fortalecer famílias e comunidades e alcançar ambientes de trabalho mais sustentáveis.

 

a) Como funciona a semana de 4 dias de trabalho? Estadão ago 2021

b) Brasil começa a testar semana de 4 dias de trabalho no segundo semestre Jornalismo TV Cultura jun 2023

Resultados internacionais promissores

“4-Day Week Global” (semana de 4 dias de trabalho) vem sendo testado em vários países, como forma de associar o trabalho a uma rotina mais saudável, na modalidade de jornada em que o profissional recebe 100% do salário trabalhando 80% do tempo em troca de um compromisso de manter 100% de produtividade (modelo conhecido como 100-80-100).

Em 05.06.2023, Portugal passou a testar o projeto piloto por iniciativa governamental, com 39 empresas e 1.000 colaboradores. Entretanto, o maior teste foi realizado no Reino Unido, com 61 empresas e 2.900 colaboradores, bem como em outros países como Islândia, Bélgica, Suécia, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Em geral, os resultados da iniciativa têm sido promissores. No Reino Unido, 91% das empresas que realizaram o piloto demonstram interesse em manter a jornada de 4 dias. Também são reportados aumentos de receita, em comparação com o mesmo período de anos anteriores, e redução na taxa de rotatividade dos trabalhadores (turnover). Além disso, funcionários indicam diminuição no estresse e ganhos em saúde física e mental, tendo o dia extra de folga mudado suas vidas para melhor, permitindo dedicar-se a hobbies, às atividades recreativas e recarregar energias.

 Alcance limitado a curto prazo

Os testes não podem ser considerados conclusivos ainda bem como a jornada de 4 dias semanais não poderá ser aplicado para todas as profissões, em todos os setores da economia e para todas as empresas e situações pelo menos a curto e médio prazos.

 Redução de jornada irreversível a longo prazo

Mas a longo prazo, com o aumento do conhecimento científico e tecnológico e consequente aumento da produtividade da economia, a redução da jornada de trabalho será uma tendência irreversível, pois com menos uso de trabalho e insumos será possível produzir mais bens e serviços para o atendimento aos consumidores.

Além disso, a redução da jornada de trabalho e consequente aumento do tempo dedicado a lazer, recreação, arte, cultura, esporte e hobbies trará grandes benefícios com rendas maiores decorrentes de atividades como turismo, aquelas relacionadas a lazer e entretenimento e às ações de sustentabilidade ambiental, com consequente expansão de oportunidades de emprego nesses setores.  Ou seja, o futuro será de menor tempo dedicado ao trabalho e maior tempo a lazer e entretenimento, que pode ser denominado como ócio produtivo.

Shoji

sábado, 12 de agosto de 2023

OS SUPERPENDURICALHOS CONTINUAM NA ELITE DO SERVIÇO PÚBLICO

 Os abusos dos supersalários poderiam estar contidos caso o PLS 6726/2021 já aprovado pela Câmara dos Deputados em jul/2021 tivesse sido aprovado pelo Senado

Série de penduricalhos elevam a remuneração acima do teto constitucional

A elite do serviço público constituído pelos juízes, procuradores e promotores ultrapassam o teto remuneratório constitucional do funcionalismo público, atualmente  de R$ 41.650,92 mensais nos termos da Constituição Federal art.37, XI, correspondente ao salário do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mediante o recebimento de diversos auxílios, gratificações, verbas, ajudas de custo, que podem chegar ao total de 32, muitos dos quais não estão sujeitos ao limite do teto e nem à cobrança do Imposto de Renda (IR). Entre os auxílios destacam-se:  moradia, alimentação, transporte, plano de saúde, adoção, creche, cursos, educação, doença, funeral, mudança, natalidade, livros e informática, etc., que em 2015 elevavam a média de rendimentos totais de juízes e desembargadores nos Estados (quando o teto remuneratório era de R$ 33.763), a R$ 41.802 mensais, correspondendo a 23 vezes o rendimento médio do trabalhador no Brasil. Essa situação escabrosa era denunciada pela revista Época em seu nº 888, de 15.06.2015.

Esse quadro não tinha se alterado em 2020 como mostrava o artigo “Terraplanismo constitucional e supersalários da República”, assinado pelo advogado criminalista Paulo Sergio Coelho, no jornal Valor Econômico, de 05.05.2020, pg. A-10, segundo o qual, em março/2020, dos 360 desembargadores do Tribunal de Justiça de SP, apenas 7 recebiam rendimento inferior ao teto constitucional, sendo o salário médio desse grupo nessa época de R$ 56.296,35. No Ministério Público de SP, dos 1.890 promotores e procuradores, somente 140 recebiam abaixo do teto constitucional, com salário médio de R$ 53.147,52.

 

Supersalários do Judiciário podem ter custado R$12 bilhões nos últimos 5 anos Jornal da Record ago 22

TJ de Goiás elevam ainda mais os privilégios dos juízes

Para demonstrar que esses abusos continuam na elite do serviço público, o Jornal O Estado de São Paulo (ESP), de 03.07.2023, pg. A6, denuncia que a pedido do presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), a Assembléia Legislativa de GO aprovou em março/2023 uma lei que transforma as gratificações de cargos e funções comissionadas em verbas indenizatórias o que permite a ampliação dos valores pagos acima do teto remuneratório e livres do imposto de renda (IR). Com isso, aumentará ainda mais a remuneração líquida média dos juízes goianos de R$ 78,5 mensais, que já é a maior entre todos os 84 tribunais que apresentam dados ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em 2º lugar situa-se o Tribunal de Justiça Militar de MG com remuneração média de R$ 71 mil e em 3º lugar o Tribunal de Justiça de SC, com R$ 66 mil.

 Gastos substanciais com a elite do serviço público

Esse descalabro da elite do serviço público ao País é demonstrado cabalmente pelo estudo do Centro de Liderança Pública com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), de 2022, do IBGE, conforme artigo do Jornal ESP (“Estadão”), de 17.07.2023, pg. B1, segundo o qual a casta dos servidores públicos que ganha acima do teto do funcionalismo (de R$ 41.651 mensais), custa R$ 3,9 bilhões aos governos federal, estaduais e municipais, sendo R$ 2,54 bilhões aos Estados, R$ 900 milhões a União e R$ 440 milhões aos municípios. Em 2022, 25,3 mil faziam parte desse grupo seleto, representando 0,23% dos servidores estatutários. Além de se caracterizar por privilégio indevido, pelo fato desses supersalários superar não somente o teto constitucional mas em muito a média salarial do serviço público e mais ainda em relação à renda média do trabalhador brasileiro, o montante de R$ 3,9 bilhões representa um valor considerável, por superar por exemplo o orçamento de 2023 de um órgão importante como o do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de R$ 3,5 bilhões, mas principalmente ao se considerar o quadro fiscal fragilíssimo do Brasil nas esferas federal, estadual e municipal, com necessidade de fazer frente aos gastos essenciais crescentes, inclusive previdenciários, sem correspondência nas receitas públicas e com dívida pública crescente, no limiar de atingir limites catastróficos.

 Na Europa é muito diferente

Na Europa, um levantamento do Conselho da Europa, de 2012, mostrava que os juízes iniciantes de 26 países europeus recebiam somente 2,2 vezes a média salarial de seus países, contra 14 vezes no Brasil, e os salários dos membros da Corte Suprema equivaliam a 4,2 vezes o vencimento médio nacional, e esse quadro não deve ter se alterado substancialmente. 

 Ônus aos cidadãos e contribuintes e situação crítica do quadro fiscal do Brasil

Em pleno século XXI, no alvorecer da sociedade do conhecimento e da informação maciça e instantânea, os cidadãos e os contribuintes não devem ser penalizados pelo pagamento desses benesses e privilégios. 

Se o sistema judiciário e o ministério público de um país não for capaz de ter o respeito dos cidadãos, toda a sociedade estará condenada. Haverá mais crimes, mais ganância na sociedade, e cada vez menos confiança nas instituições do país. Juízes e o Ministério Público têm o dever, portanto, de preservar um alto padrão moral e representar bons exemplos para a sociedade, sem manutenção de privilégios indevidos.

Sem dúvida, o poder judiciário, e os juízes como seus representantes máximos, deve intrinsecamente portar-se de maneira exemplar  para  poder exercer em sua plenitude a  função primordial de pacificar os conflitos na sociedade, e, assim, permitir a continuidade e a sua evolução ao longo do tempo.

 Projeto de Lei que elimina os abusos está parado no Senado desde julho/2021

Toda essa gastança com superbenefícios à elite do serviço público teria um fim e permitiria enorme redução de gastos públicos caso o PLS 6726/2016 já aprovado na Câmara dos Deputados em 17.07.2021 tivesse sido aprovado também pelo Senado Federal, onde está parado desde essa data à espera da indicação do relator. São tantos os benefícios pagos aos servidores que o referido PLS lista somente o que é permitido e impõe limites sobre aqueles permitidos, abordagem que é muito mais eficaz do que listar os benefícios que se procura eliminar ou limitar.

Shoji

sábado, 1 de julho de 2023

GESTÃO CORRETA DE 100% DE LIXO URBANO

 Deve-se buscar o aproveitamento máximo de rejeitos de lixo

Um dos principais problemas do mundo moderno, especialmente nas grandes cidades, é o lixo sólido, resultado de uma sociedade que a cada dia produz e consome mais e mais. Com isso se produz mais dejetos de todas as espécies causando sérios problemas à própria população, por serem gerados em grande quantidade e compostos dos mais variados materiais, de modo que o seu descarte em áreas inadequadas provoca graves efeitos socioambientais, que afetam a qualidade de vida e a saúde da população.  Na falta da sua coleta e destinação correta, grande parte do lixo acaba se acumulando nos cada vez mais frequentes e deprimentes aterros sanitários.

Para a mudança desse quadro catastrófico é importante que a sociedade passe a entender melhor e principalmente adotar o conceito estratégico de Economia Circular que se assenta na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Substituindo o conceito de fim-de-vida da economia linear, por novos fluxos circulares de redução de uso de materiais, reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, a economia circular é vista como um elemento chave para promover a dissociação entre o crescimento econômico e o aumento no consumo de recursos, relação até agora vista como inexorável.

Para tanto, é relevante a participação ativa e efetiva de todos os agentes, ou seja, pessoas, empresas e governo para enfrentar no dia a dia os desafios ambientais, sociais e econômicos.

 


a) Musa - Qual o futuro do seu lixo? Musa junho 22

b) Musa | Treinamento para geradores Musa junho 22

Gestão de resíduos sólidos pelos grandes geradores de lixo

Na esfera de empresas e instituições, em função da complexidade da gestão correta de resíduos sólidos e por essa operação não ser o objeto principal de suas atividades, começam a surgir empresas (startup’s) especializadas e focadas em todo o processo de coleta de resíduos e sua reutilização. No caso do município de São Paulo, conforme o art. 141, da Lei nº 13478/2002, todas as empresas que produzem mais de 200 litros de lixo diário são considerados grandes geradoras e estão obrigadas a contratar empresa responsável pela gestão de resíduos sólidos, incluindo a coleta, transporte, tratamento e destinação final do lixo. São considerados também grandes geradores os condomínios que produzem volume de lixo superior a 1000 litros por dia.

 

Empresas especializadas na gestão de lixo

Nesse escopo, o objetivo de empresas como a startup paulistana Meta é viabilizar a reutilização de 100% do lixo e não destinar nenhum resíduo aos aterros sanitários, sendo seus clientes empresas como a Heineken, Braskem, McDonald’s e a rede de mercados Oxxo.

Os materiais são separados em 3 categorias: orgânicos, recicláveis e os rejeitos. O lixo orgânico é destinado para compostagem, os recicláveis são enviados aos centros de processamento, como cooperativas, enquanto os rejeitos, como papel higiênico e máscaras para Covid usadas, são enviados para usinas de co-processamento ou CDR.

O CDR é um combustível derivado de resíduos, que não sejam orgânicos e nem recicláveis, que é usado para alimentar fornos industriais, diferenciando-se da incineração que é a simples queima do resíduo. Assim, o CDR pode ser empregado em fornos da indústria cimenteira, caldeiras e usinas de biomassa. Além de gerar poder calorífico eficiente para a operação, destrói completamente os resíduos, sem gerar passivos ambientais e ainda preserva recursos naturais como o carvão de coque.

 

Relevância da destinação adequada de 100% do lixo

Para o funcionamento da Economia Circular é fundamental o alcance da meta de reutilização de 100% do lixo, ou seja, a redução ao máximo de rejeitos não aproveitados. Para tanto, é imprescindível a participação efetiva de todos os agentes, principalmente da sociedade civil em seu cotidiano, em toda a cadeia de produção, consumo e pós-consumo.

Shoji

 

sábado, 24 de junho de 2023

A MALA DE HANA

A Mala de Hana merece uma repercussão tão grande como a do Diário de Anne Frank na luta contra as intolerâncias racial e religiosa

A mala de Hana é uma simplória mala que permitiu reviver a dramática e triste história real de sua dona, uma menina de somente 13 anos de idade, que foi uma entre as milhões de vítimas do Holocausto, o plano macabro de assassinato de judeus perpetrado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Na frente da mala, em tinta branca, há nome de uma menina, Hana Brady, a data de nascimento (16.05.1931), e uma palavra em alemão “waisenkind”, que significa órfã. A dona da mala era uma garota chamada Hana Brady,  que nasceu e morava na Tchecoslováquia no início da 2ª Guerra Mundial e sua vida foi relatada em romance biográfico pela escritora canadense Karen Levine, publicado em 2002. olocau

 

Ref.: Hana's suitcase Seattle Public Schools julho 2016
 

A determinação da japonesa Fumiko para desvendar a vida da Hana

Porém, a curta vida de Hana e sua injustificada morte ficaria esquecida e jamais seria lembrada não fosse o interesse despertado na japonesa Fumiko Ishioka, curadora de um pequeno museu chamado Centro do Holocausto de Tokyo.

Em 1998, Fumiko havia começado seu trabalho como coordenadora desse pequeno museu, dedicado a ensinar crianças japonesas sobre o Holocausto. Para despertar maior interesse nas crianças, Fumiko decidiu que o melhor era conseguir objetos que as crianças pudessem ver e tocar. Após várias tentativas junto a museus judeus e do Holocausto em todo o mundo, finalmente o Museu de Auschwitz enviou alguns objetos entre eles a mala com o nome de Hana.

Fumiko e as crianças, ao abrirem a mala, não acharam detalhes sobre a vida da sua dona. Diante da curiosidade das crianças, Fumiko assumiu o compromisso de descobrir o que fosse possível sobre a vida da Hana.

 A dramática vida da Hana e sua família

Depois das primeiras investigações, conseguiu-se a informação do Museu de Auschwitz de que Hana tinha passado por Theresienstadt, um campo de concentração de transição, antes de ser levada a Auschwitz. Em julho de 2000, em busca no Museu do Gueto de Terezin, na atual República Tcheca, descobriu-se que Hana tinha um irmão chamado George, que embora tenha sido levado ao campo de Auschwitz, teria sobrevivido à Guerra e estaria residindo em Toronto, no Canadá. Ao fazer contato com George em agosto/2000, finalmente foi possível conhecer a trajetória da vida de Hana.

Hana, de fato, era uma menina tcheca nascida em 16.05.1931, de uma família judia constituída dela, seus pais e o irmão 2 anos mais velho, o George. Com a ocupação do país pela Alemanha nazista em março/1939, a sua família passou a sofrer as terríveis restrições e proibições impostas aos judeus. Judeus não podiam mais ir aos parques públicos, ao parque de diversões e Hana que gostava de esquiar não podia mais praticar o seu esporte favorito. As regras tornavam se cada vez mais rígidas e as crianças judias não podiam mais ir à escola, o que frustrava o seu futuro de se tornar professora. As amigas com quem passavam os momentos de alegria começaram a se afastar tornando a sua vida cada vez mais solitária.

 Hana é enviada para morte em Auschwitz aos 13 anos

Em setembro/1941, seus pais foram presos e Hana e George foram acolhidos pelos seus tios, mas em maio/1942 seus tios não conseguiram evitar que eles fossem enviados ao campo de Theresienstadt. Finalmente, em setembro/1944, Hana e George foram enviados a Auschwitz, onde George, por ter um porte semelhante ao de um adulto, foi selecionado para trabalhar, mas Hana não teve a mesma sorte e foi selecionada para a morte imediata na câmara de gás, como ocorreu com outras centenas de milhares de vítimas.

 A mala era uma réplica e continua viajando pelo mundo para reviver a vida de Hana

Numa viagem a Polônia em março/2004, Fumiko e George descobriram que a mala original havida sido destruída, juntamente com outros objetos do Holocausto, num incêndio suspeito em Birmingham, na Inglaterra, em 1984. Mas o museu de Auschwitz teve o cuidado de criar uma réplica com base em uma fotografia, a qual finalmente chegou às mãos da Fumiko. Todos os envolvidos na emocionante história da Hana ficaram gratos aos curadores de Auschwitz por terem tido o trabalho de criar uma réplica tão fiel da mala, pois sem ela Fumiko nunca teria conhecido a história da Hana.

Fumiko, George e a mala continuam viajando para compartilhar a história de Hana e o livro A Mala de Hana está sendo lido ao redor do mundo em mais de 20 línguas, para que a história da Hana e sua família jamais seja esquecida.

 A mala de Hana merece uma repercussão similar ao Diário de Anne Frank

Em função da dramaticidade envolvida na história da Hana, a mala de Hana mereceria até uma sala especial, por exemplo no museu de Auschwitz para divulgar mais amplamente o exemplo da vida da Hana, merecendo até uma repercussão tão grande como a que teve o célebre Diário de Anne Frank, em um esforço de todos para que os preconceitos e violências que vitimaram crianças como a Hana Brady e Anne Frank nunca sejam esquecidas e que jamais venham a se repetir.

Shoji