Aumentam as viagens às atrações naturais ameaçadas pelo aquecimento global
O 6º Relatório de Avaliação (AR6)
do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU, divulgado em 20.03.2023,
alerta que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto, havendo
chance de mais de 50% da temperatura global atingir 1,5º C acima do nível pré-industrial
entre 2021 e 2040, ou seja, pelo menos 10 anos antes do esperado. Ou seja, desde
1850, a temperatura média da Terra aumentou ao menos 1,1º C e mais no mínimo 0,4º
C vai agravar os prejuízos ambientais como secas severas, ondas de calor, chuvas
torrenciais e consequente enchentes catastróficas, tornados, incêndios
florestais, aceleração do derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e
provável submersão de vários países insulares.
Geleiras emblemáticas podem
desaparecer até 2050
Um estudo da Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da ONU, divulgado em
04.11.2022, destaca o sério risco associado ao derretimento acelerado de
geleiras, sendo que algumas das massas de gelo em locais do Patrimônio Mundial mais
emblemáticos do mundo devem desaparecer até 2050. 50 locais do Patrimônio
Mundial da Unesco abrigam geleiras, representando quase 10% da área total de
massas de gelo da Terra, incluindo o mais alto, próximo ao Monte Everest, o
mais longo, no Alasca, e os últimos glaciares restantes na África.
Turismo da última chance
Embora os vários paraísos naturais
ao redor do mundo não corram risco de extinção imediata, está aumentando o nº de
visitantes a esses locais sob o chamativo de “conheçam antes que desapareçam”,
configurando o fenômeno denominado de turismo de última chance. De um lado, o
aumento de viagens a essas atrações icônicas é positivo por todos os benefícios
associados ao turismo cultural mas por outro lado provocam-se s danos óbvios relacionados
ao brusco incremento de visitantes muitas vezes em locais que apresentam fragilidades
do ponto de vista ambiental. Entre os paraísos
naturais que sofrem o impacto do turismo de última chance destacam-se o Monte Kilimanjaro,
as Ilhas Galápagos, as Maldivas e a Grande Barreira de Corais da Austrália.
Monte Kilimanjaro
Situado na Tanzânia, perto da
fronteira com Quênia, e sendo o ponto mais alto da África com 5.895 m de altitude,
o topo do Kilimanjaro é ainda coberto de geleiras permanentes, as quais sofrem
degelo constante, que se reduziram 90% entre 1912 e 2013, de modo que a extinção
total das geleiras é esperado em futuro não muito distante.
Ilhas Galápagos
Galápagos apresentam
uma biodiversidade elevada e é o habitat de uma fauna
peculiar, que inclui muitas espécies endémicas como as tartarugas das
Galápagos. A totalidade das ilhas é
preservada como reserva de vida selvagem, administrada pelo governo do Equador
e que é, desde a visita de Charles Darwin,
o principal laboratório vivo de biologia do
mundo. Entretanto, essas ilhas sofrem os efeitos das mudanças climáticas bem
como da ocupação e do turismo desordenados, configurando uma área altamente
vulnerável a problemas socioambientais.
Maldivas
As Maldivas são
uma nação tropical no Oceano Índico composta por 26 atóis em formato de anel e por
mais de 1.000 ilhas de coral. O país é conhecido pelas belas praias, pelas
lagoas azuis e pelos extensos recifes. Maldivas é o país mais baixo do mundo, com
altitude média de 1,5 metros, sendo o ponto mais elevado de somente 2,3 m do
nível do mar. A capital, Malé, está a 90 cm de altitude, com 100 mil habitantes,
sob ameaça da expectativa de subida do nível do mar.
Grande Barreira de
Corais da Austrália
A Grande Barreira
de Corais, no nordeste da Austrália, é o maior organismo vivo da Terra, visível
até mesmo do espaço. O ecossistema de 2.300 km de extensão compreende milhares
de recifes e centenas de ilhas feitas de mais de 600 tipos de corais duros e
macios, abrigando inúmeras espécies de peixes coloridos, moluscos e
estrelas-do-mar, além de tartarugas, golfinhos e tubarões. O aumento das temperaturas dos
oceanos e a extensão dos eventos de branqueamento dos corais representam a
ameaça crítica que as mudanças climáticas representam para os recifes da Austrália.
Shoji
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