sábado, 9 de dezembro de 2023

TURISMO DE ÚLTIMA CHANCE

 Aumentam as viagens às atrações naturais ameaçadas pelo aquecimento global

O 6º Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU, divulgado em 20.03.2023, alerta que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto, havendo chance de mais de 50% da temperatura global atingir 1,5º C acima do nível pré-industrial entre 2021 e 2040, ou seja, pelo menos 10 anos antes do esperado. Ou seja, desde 1850, a temperatura média da Terra aumentou ao menos 1,1º C e mais no mínimo 0,4º C vai agravar os prejuízos ambientais como secas severas, ondas de calor, chuvas torrenciais e consequente enchentes catastróficas, tornados, incêndios florestais, aceleração do derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e provável submersão de vários países insulares.

 

Why Kilimanjaro's Glaciers Are Melting Red Bull 18.09.2020 


Geleiras emblemáticas podem desaparecer até 2050

Um estudo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), da ONU, divulgado em 04.11.2022, destaca o sério risco associado ao derretimento acelerado de geleiras, sendo que algumas das massas de gelo em locais do Patrimônio Mundial mais emblemáticos do mundo devem desaparecer até 2050. 50 locais do Patrimônio Mundial da Unesco abrigam geleiras, representando quase 10% da área total de massas de gelo da Terra, incluindo o mais alto, próximo ao Monte Everest, o mais longo, no Alasca, e os últimos glaciares restantes na África.

 

Turismo da última chance

Embora os vários paraísos naturais ao redor do mundo não corram risco de extinção imediata, está aumentando o nº de visitantes a esses locais sob o chamativo de “conheçam antes que desapareçam”, configurando o fenômeno denominado de turismo de última chance. De um lado, o aumento de viagens a essas atrações icônicas é positivo por todos os benefícios associados ao turismo cultural mas por outro lado provocam-se s danos óbvios relacionados ao brusco incremento de visitantes muitas vezes em locais que apresentam fragilidades do ponto de vista ambiental.  Entre os paraísos naturais que sofrem o impacto do turismo de última chance destacam-se o Monte Kilimanjaro, as Ilhas Galápagos, as Maldivas e a Grande Barreira de Corais da Austrália. 

 

Monte Kilimanjaro

Situado na Tanzânia, perto da fronteira com Quênia, e sendo o ponto mais alto da África com 5.895 m de altitude, o topo do Kilimanjaro é ainda coberto de geleiras permanentes, as quais sofrem degelo constante, que se reduziram 90% entre 1912 e 2013, de modo que a extinção total das geleiras é esperado em futuro não muito distante.

 

Ilhas Galápagos

Galápagos apresentam uma biodiversidade elevada e é o habitat de uma fauna peculiar, que inclui muitas espécies endémicas como as tartarugas das Galápagos. A totalidade das ilhas é preservada como reserva de vida selvagem, administrada pelo governo do Equador e que é, desde a visita de Charles Darwin, o principal laboratório vivo de biologia do mundo. Entretanto, essas ilhas sofrem os efeitos das mudanças climáticas bem como da ocupação e do turismo desordenados, configurando uma área altamente vulnerável a problemas socioambientais. 

 

Maldivas

As Maldivas são uma nação tropical no Oceano Índico composta por 26 atóis em formato de anel e por mais de 1.000 ilhas de coral. O país é conhecido pelas belas praias, pelas lagoas azuis e pelos extensos recifes. Maldivas é o país mais baixo do mundo, com altitude média de 1,5 metros, sendo o ponto mais elevado de somente 2,3 m do nível do mar. A capital, Malé, está a 90 cm de altitude, com 100 mil habitantes, sob ameaça da expectativa de subida do nível do mar.

 

Grande Barreira de Corais da Austrália

A Grande Barreira de Corais, no nordeste da Austrália, é o maior organismo vivo da Terra, visível até mesmo do espaço. O ecossistema de 2.300 km de extensão compreende milhares de recifes e centenas de ilhas feitas de mais de 600 tipos de corais duros e macios, abrigando inúmeras espécies de peixes coloridos, moluscos e estrelas-do-mar, além de tartarugas, golfinhos e tubarões. O aumento das temperaturas dos oceanos e a extensão dos eventos de branqueamento dos corais representam a ameaça crítica que as mudanças climáticas representam para os recifes da Austrália.

Shoji

 

 

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