As publicações impressas devem ser valorizadas
Conforme o artigo “Livrarias salvam a democracia” de autoria de Murillo
de Aragão, publicado na revista Veja em edição de 15.09.2023, pg. 39, em função
da onda de fechamento de livrarias nos EUA, várias personalidades lançaram uma
campanha com o slogan “Bookstores save democracy”. Nos EUA, apesar do
fechamento de muitas lojas, a venda de títulos impressos ainda é muito maior do
que a de eletrônicos, pois, em 2022, a venda de livros impressos rendeu US$ 13 bilhões
ante US$ 1,87 bilhão de livros digitais. Mas o fechamento de lojas físicas preocupa
não somente pela questão das vendas mas também pelo sentido político e cultural.
a) Conheça os desafios dos donos de sebo
(livros usados) SescTV out 2016
b) Em crise, grandes lojas dão lugar às
pequenas livrarias Band
Jornalismo out 2019
Redução de publicações impressas no Brasil
Como nos EUA, o mesmo fenômeno está ocorrendo no Brasil, onde, segundo a
Associação Nacional das Livrarias (ANL) em 2014 existiam 3.095 lojas no País,
que se reduziram a 2.200 em 2021, cifra essa já bastante abaixo, por exemplo, das
3.600 livrarias existentes na Itália em 2022, país com população de 60 milhões.
No Brasil, onde o índice de leitura é bem mais baixo do que nos EUA, a situação
é mais preocupante, não somente pela inexistência de livrarias em diversas cidades
mas também pelo decréscimo na circulação de jornais e revistas.
E o hábito da leitura vem perdendo espaço entre as novas gerações, que
vivem com os seus aparelhos eletrônicos e celulares nas mãos quase o tempo todo.
O fechamento de livrarias é preocupante pois elas são o ponto de encontro de
pessoas que querem saber mais e refletir sobre o mundo em torno dos diversos
temas e sob os variados enfoques, o que não só aumenta o nível de conhecimento
mas estimula a reflexão sobre os mais diversos tópicos. A exposição das obras
nas prateleiras permite a descoberta de temas e autores que podem despertar
novas idéias e caminhos. Permite ainda a experiência sensorial de folhear o
livro antes de comprá-lo. O tradicional livro permite não somente a sua
consulta prévia mas o seu manuseio com a possibilidade de retornar ou avançar ao
longo do texto e de fazer as marcações e anotações sobre os trechos mais
importantes, o que permite o aprofundamento do entendimento do seu conteúdo, recursos
esses difíceis de usar nos livros eletrônicos. A livraria ainda é o espaço físico que permite
a integração social e a troca de idéias entre os leitores o que não ocorre no
mundo digital. Com isso, verifica-se que o uso somente de meios digitais dificulta
a compreensão de diversos assuntos de forma mais ampla e aprofundada. Assim,
gerações sem leitura ou com leitura superficial podem se tornar presas fáceis
para narrativas não reflexivas e que apresentam soluções e prazeres imediatos
para a sociedade que trafega na superficialidade. Com isso morre a cultura
tradicional, cujos filósofos e sábios nos legaram valores, princípios e conceitos
que construíram a civilização. Enfim, para o autor do artigo, Murillo de
Aragão, longe das livrarias e das bibliotecas, a democracia corre perigo.
Entre as livrarias, é pouco reconhecida mas deve ser realçada a importância
dos chamados “sebos”. Essas lojas, normalmente em instalações modestas, vendem
os mais variados tipos de livros, revistas e publicações, incluindo CD, DVD,
discos e demais fontes de cultura a preços módicos e até irrisórios, atuando
ainda como locais para a compra e troca desses materiais. Enfim, os sebos atuam
como verdadeiros repositórios de materiais educativos e históricos sobre os mais
diversos temais culturais.
As livrarias merecem continuar existindo como faróis de cultura e
educação, ou seja, como espaço para catalisar iniciativas e de robustece a capacidade
de pensamento e de reflexão.
Shoji
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