sábado, 16 de setembro de 2023

ONDA DE CALOR RECORDE EM 2023

 O aquecimento global e o El Ninõ induzem a onda de calor

O ano de 2022 completou a década mais quente desde o início dessa aferição, no final do século XIX. Nesse ano, a cidade Kuwait registrou a temperatura de 53,2º C a mais alta em uma área densamente povoada. E essa tendência continua em 2023 quando várias partes do Mundo têm sido atingidas por uma onda de calor em dimensões inéditas.  No hemisfério Norte, em julho houve registros extremos de temperaturas entre 40ºC e 50ºC em países como França, Alemanha, Estados Unidos e Grécia. Quase 4 milhões de ha de florestas foram devastadas por incêndios no Canadá. Havaí foi atingida por incêndios florestais consideradas as mais fatais dos EUA no século 21, fenômeno semelhante que se verificou também na Grécia.

Na penúltima semana de agosto/2023, o Brasil vivenciou uma onda de calor atípica para o mês, sendo as temperaturas altas provenientes de uma grande massa de ar seco e quente que se espalhou por todas as regiões do país. No início de setembro formou-se ciclone extratropical no sul do Brasil, fenômeno raro que tem se tornado mais frequente, provocando muita chuva, fortes rajadas de vento e queda de granizo, causando inundações no estado do Rio Grande do Sul, e ao menos 47 mortes.

Segundo o Climate Prediction Center, órgão ligado a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA) e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, os dias entre 3 e 6.07.2023 foram os mais quentes do ano e da história.  Conforme especialistas, essa onda de calor está ligada principalmente a 2 fatores: o aquecimento global e o fenômeno El Ninõ.

 

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As mudanças climáticas e o aquecimento global

As mudanças climáticas são alterações de longo prazo nos padrões do clima na Terra, incluindo o aumento das temperaturas globais, as variações nos regimes de chuva e outros fenômenos climáticos.

Como consequência disso, tem se tornado mais frequentes as secas intensas, incêndios severos, inundações, aumento do nível do mar, escassez de água potável, derretimento de calotas de gelo, tempestades e aniquilamento da biodiversidade.

 O aquecimento global e a onda de calor

Onda de calor é um período prolongado de altas temperaturas em determinada região, que geralmente excede as médias sazonais,  habituais da estação vigente, causando impactos significativos nas condições climáticas, na saúde humana, na economia e no meio ambiente. Durante uma onda de calor, as temperaturas, tanto no período diurno quanto noturno, permanecem elevadas por um longo período, resultando em condições climáticas extremas. Segundo a NOAA, as ondas de calor são resultado de ar aprisionado, em razão de um sistema de alta pressão atmosférica. A onda de calor ocorre quando uma área fica sob a influência desse sistema de alta pressão atmosférica, que bloqueia a movimentação das massas de ar e impede a dissipação do calor acumulado. Isso resulta no aumento gradual das temperaturas, que podem atingir níveis anormalmente altos.

 Efeito estufa, desmatamento e aquecimento global

De acordo com a ONU, desde 1800, o principal impulsionador das alterações são as atividades humanas, principalmente aquelas que envolvem a emissão de gases do efeito estufa. Ele resulta da queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, além do crescimento de áreas desmatadas e de outras ações industriais e agrícolas. As emissões continuam aumentando e a concentração dos gases de efeito estufa está em seu nível mais alto em 2 milhões de anos.

Por efeito desses fatores, a Terra ficou cerca de 1,1°C mais quente desde o final do século 19. Com isso, chegamos ao aquecimento global, que consiste no aumento da temperatura média da superfície da Terra e da atmosfera terrestre, devido à elevada concentração de gases do efeito estufa ao longo do tempo.

Esses gases, como dióxido de carbono e metano, retêm o calor do sol e causam um desequilíbrio no clima, levando também ao derretimento das calotas polares, à elevação do nível do mar, às alterações nos padrões de chuva e a outros eventos extremos. É essencial entender, então, que as mudanças climáticas estão diretamente relacionadas ao aumento de frequência, intensidade e duração das ondas de calor em muitas partes do mundo.

 O El Ninõ e a onda de  calor

O El Niño é um fenômeno climático natural que consiste no aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, especificamente na porção equatorial, próximo à costa oeste do continente sul-americano. O El Niño não tem um padrão de ocorrência, ou seja, pode haver anos com sua presença ou não e as causas da presença desse fenômeno climático ainda são um mistério para os meteorologistas. 

Durante o El Niño, as águas quentes do Pacífico deslocam-se para o leste, afetando os padrões climáticos em todo o mundo. Esse aquecimento anormal altera os ventos atmosféricos e a circulação oceânica, resultando em mudanças significativas nos padrões de chuva e temperatura.

A expectativa é de que, em 2023, esse fenômeno se configure como um Super El Niño, com temperaturas de até 2,5 °C acima da média em diferentes regiões do mundo, o que deve contribuir para a formação de ondas de calor.

Esforço de todos para limitar o aquecimento global até o fím do século XXI

Para evitar os efeitos ainda mais graves das mudanças climáticas e do aquecimento global, todos os povos e países devem-se empenhar efetivamente para o cumprimento do histórico Acordo de Paris da ONU de 2015, que determinou como meta limitar o aquecimento a 1,5º C até o fim deste século em comparação ao período pré-industrial.


Shoji

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