Nova tentativa para aprovar instrumento legal que acabe de vez com os superpenduricalhos indecentes
É notório que o sistema
judiciário brasileiro é moroso, burocrático, complexo, pouco acessível à
população, ou seja, tem baixa efetividade mas com elevado custo à sociedade.
Segundo levantamento feito pela STN, do Ministério da Fazenda, divulgado em
24.01.2024, as despesas do sistema judiciário brasileiro incluindo os
ministérios públicos alcançaram em 2022 1,6% do PIB, o mais elevado entre os 56
países analisados, muito acima da média mundial de 0,37% em 2021, de 0,5% dos
países em desenvolvimento e de 0,3% daqueles mais avançados. A maior parte das
despesas é concentrada em salários e benefícios e pouco em melhorias e
investimentos para tornar a justiça mais rápida, eficiente e menos onerosa.
Supersalários: o uso
indevido do dinheiro público em prol do poder Programa ND
Notícias 28.01.2025
Penduricalhos elevam a
remuneração acima do teto constitucional
A elite do serviço público
constituído pelos juízes, procuradores e promotores ultrapassam o teto
remuneratório constitucional do funcionalismo público, atualmente de R$ 46.366,19 mensais nos termos da
Constituição Federal art.37, XI, correspondente ao salário do ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), mediante o recebimento de diversos auxílios,
gratificações, verbas, ajudas de custo, que podem chegar ao total de 32, muitos
dos quais não estão sujeitos ao limite do teto e nem à cobrança do Imposto de Renda
(IR). Entre os auxílios destacam-se: moradia, alimentação, transporte, plano de saúde, adoção,
creche, cursos, educação, doença, funeral, mudança, natalidade, livros, informática,
etc., que em 2015 elevavam a média de rendimentos totais de juízes e
desembargadores nos Estados (quando o teto era de R$ 33.763), a R$ 41.802
mensais, correspondendo a 23 vezes o rendimento médio do trabalhador no Brasil.
E esse quadro pouco se alterou ao contrário agravando-se mais e mais.
Esse descalabro da elite do
serviço público ao País é demonstrado cabalmente pelo estudo do Centro de
Liderança Pública com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD
Contínua), de 2022, do IBGE, conforme artigo do Jornal ESP (“Estadão”), de
17.07.2023, pg. B1, segundo o qual a casta dos servidores públicos que ganha
acima do teto do funcionalismo (de R$ 44.008,52 mensais em 2024), custa R$ 3,9
bilhões aos governos federal, estaduais e municipais, sendo R$ 2,54 bilhões aos
Estados, R$ 900 milhões a União e R$ 440 milhões aos municípios. Em 2022, 25,3
mil faziam parte desse grupo seleto, representando 0,23% dos servidores
estatutários. Além de se caracterizar por privilégio indevido, pelo fato desses
supersalários superar não somente o teto constitucional mas em muito a média
salarial do serviço público e mais ainda em relação à renda média do
trabalhador brasileiro, o montante de R$ 3,9 bilhões representa um valor
considerável, por superar por exemplo o orçamento de 2023 de um órgão importante
como o do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de R$ 3,5 bilhões,
mas principalmente ao se considerar o quadro fiscal fragilíssimo do Brasil nas
esferas federal, estadual e municipal, que se defronta com a necessidade de atender
aos gastos essenciais crescentes, inclusive previdenciários, sem
correspondência nas receitas públicas e com dívida pública crescente, no limiar
de atingir limites catastróficos.
Esse abuso da elite do serviço
público perante a sociedade é dissecado por Bruno Carazza, servidor público
licenciado, em seu excelente livro “O país dos privilégios”, vol.1, da Cia das
Letras, de 2024. Esse autor descreve detalhadamente como a elite do serviço
público exerce seu poder e de articulações jurídicas e administrativas para
criar privilégios inacessíveis a outras carreiras do funcionalismo e muito
menos ao cidadão comum. Com isso, por exemplo, segundo o levantamento divulgado
pelo STJ, em 2023, 93% dos juízes, desembargadores e ministros dos tribunais
superiores tiveram rendimento mensal superior ao teto constitucional.
Diante do cenário fiscal
calamitoso, decorrente da gastança excessiva frente à receita pública
insuficiente, o Governo Federal em 04.02.2025 enviou ao Congresso Nacional a
lista das 25 medidas econômicas prioritárias, entre os quais se coloca a
eliminação dos supersalários em todas as esferas do serviço público. Para isso,
entre as opções que se apresenta é a aprovação do PLS 6726/2016 que se encontra
parado no Senado Federal, desde 17.07.2021, quando foi aprovado na Câmara dos
Deputados. São tantos os benefícios pagos aos servidores da elite que o
referido PLS lista somente o que é permitido e impõe limites sobre aqueles
permitidos, abordagem que é muito mais eficaz do que listar os benefícios que
se procura eliminar ou limitar.
Shoji
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