sábado, 24 de junho de 2023

A MALA DE HANA

A Mala de Hana merece uma repercussão tão grande como a do Diário de Anne Frank na luta contra as intolerâncias racial e religiosa

A mala de Hana é uma simplória mala que permitiu reviver a dramática e triste história real de sua dona, uma menina de somente 13 anos de idade, que foi uma entre as milhões de vítimas do Holocausto, o plano macabro de assassinato de judeus perpetrado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Na frente da mala, em tinta branca, há nome de uma menina, Hana Brady, a data de nascimento (16.05.1931), e uma palavra em alemão “waisenkind”, que significa órfã. A dona da mala era uma garota chamada Hana Brady,  que nasceu e morava na Tchecoslováquia no início da 2ª Guerra Mundial e sua vida foi relatada em romance biográfico pela escritora canadense Karen Levine, publicado em 2002. olocau

 

Ref.: Hana's suitcase Seattle Public Schools julho 2016
 

A determinação da japonesa Fumiko para desvendar a vida da Hana

Porém, a curta vida de Hana e sua injustificada morte ficaria esquecida e jamais seria lembrada não fosse o interesse despertado na japonesa Fumiko Ishioka, curadora de um pequeno museu chamado Centro do Holocausto de Tokyo.

Em 1998, Fumiko havia começado seu trabalho como coordenadora desse pequeno museu, dedicado a ensinar crianças japonesas sobre o Holocausto. Para despertar maior interesse nas crianças, Fumiko decidiu que o melhor era conseguir objetos que as crianças pudessem ver e tocar. Após várias tentativas junto a museus judeus e do Holocausto em todo o mundo, finalmente o Museu de Auschwitz enviou alguns objetos entre eles a mala com o nome de Hana.

Fumiko e as crianças, ao abrirem a mala, não acharam detalhes sobre a vida da sua dona. Diante da curiosidade das crianças, Fumiko assumiu o compromisso de descobrir o que fosse possível sobre a vida da Hana.

 A dramática vida da Hana e sua família

Depois das primeiras investigações, conseguiu-se a informação do Museu de Auschwitz de que Hana tinha passado por Theresienstadt, um campo de concentração de transição, antes de ser levada a Auschwitz. Em julho de 2000, em busca no Museu do Gueto de Terezin, na atual República Tcheca, descobriu-se que Hana tinha um irmão chamado George, que embora tenha sido levado ao campo de Auschwitz, teria sobrevivido à Guerra e estaria residindo em Toronto, no Canadá. Ao fazer contato com George em agosto/2000, finalmente foi possível conhecer a trajetória da vida de Hana.

Hana, de fato, era uma menina tcheca nascida em 16.05.1931, de uma família judia constituída dela, seus pais e o irmão 2 anos mais velho, o George. Com a ocupação do país pela Alemanha nazista em março/1939, a sua família passou a sofrer as terríveis restrições e proibições impostas aos judeus. Judeus não podiam mais ir aos parques públicos, ao parque de diversões e Hana que gostava de esquiar não podia mais praticar o seu esporte favorito. As regras tornavam se cada vez mais rígidas e as crianças judias não podiam mais ir à escola, o que frustrava o seu futuro de se tornar professora. As amigas com quem passavam os momentos de alegria começaram a se afastar tornando a sua vida cada vez mais solitária.

 Hana é enviada para morte em Auschwitz aos 13 anos

Em setembro/1941, seus pais foram presos e Hana e George foram acolhidos pelos seus tios, mas em maio/1942 seus tios não conseguiram evitar que eles fossem enviados ao campo de Theresienstadt. Finalmente, em setembro/1944, Hana e George foram enviados a Auschwitz, onde George, por ter um porte semelhante ao de um adulto, foi selecionado para trabalhar, mas Hana não teve a mesma sorte e foi selecionada para a morte imediata na câmara de gás, como ocorreu com outras centenas de milhares de vítimas.

 A mala era uma réplica e continua viajando pelo mundo para reviver a vida de Hana

Numa viagem a Polônia em março/2004, Fumiko e George descobriram que a mala original havida sido destruída, juntamente com outros objetos do Holocausto, num incêndio suspeito em Birmingham, na Inglaterra, em 1984. Mas o museu de Auschwitz teve o cuidado de criar uma réplica com base em uma fotografia, a qual finalmente chegou às mãos da Fumiko. Todos os envolvidos na emocionante história da Hana ficaram gratos aos curadores de Auschwitz por terem tido o trabalho de criar uma réplica tão fiel da mala, pois sem ela Fumiko nunca teria conhecido a história da Hana.

Fumiko, George e a mala continuam viajando para compartilhar a história de Hana e o livro A Mala de Hana está sendo lido ao redor do mundo em mais de 20 línguas, para que a história da Hana e sua família jamais seja esquecida.

 A mala de Hana merece uma repercussão similar ao Diário de Anne Frank

Em função da dramaticidade envolvida na história da Hana, a mala de Hana mereceria até uma sala especial, por exemplo no museu de Auschwitz para divulgar mais amplamente o exemplo da vida da Hana, merecendo até uma repercussão tão grande como a que teve o célebre Diário de Anne Frank, em um esforço de todos para que os preconceitos e violências que vitimaram crianças como a Hana Brady e Anne Frank nunca sejam esquecidas e que jamais venham a se repetir.

Shoji

 

 

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