sábado, 17 de junho de 2023

SHERPAS PODEM ABANDONAR O ALPINISMO NO HIMALAIA?

 Há necessidade de melhorar a seguridade social aos sherpas frente aos enormes riscos no apoio às escaladas no Himalaia

Os sherpas, termo em linguagem tibetana que significa “povo do leste”, constituem povo que habita a região montanhosa da cordilheira do Himalaia, com maior concentração no Nepal, e seu idioma assemelha-se ao dialeto tibetano. Ao longo das últimas décadas, com o início e crescimento das expedições para a escalada dos elevados picos do Himalaia, os sherpas começaram a ser contratados para apoio aos alpinistas ao se constatar o enorme talento dos sherpas ao atendimento das exigências do alpinismo, pela sua grande resistência aos desafios do frio e da escassez de oxigênio nas grandes altitudes. Assim, o apoio dos sherpas permite aos alpinistas subirem com maior rapidez e segurança com seus equipamentos podendo com isso focar mais intensamente na logística de subida e descida das montanhas. Ou seja, os carregadores e guias sherpas sobem com todo o material necessário para realizar a ascensão e ajudar em tarefas básicas dos acampamentos, como montagem e desmontagem de tendas, sem necessidade de grande tempo de aclimatação.

Enfim, o apoio dos sherpas é tão fundamental que os próprios alpinistas reconhecem que a escalada dos picos mais altos no Himalaia seria praticamente impossível sem a contribuição dos heróicos sherpas.

 

Ref.: sherpas - real heros of the everest & the himalayas sali trekking jun 2022

Impacto econômico e social do alpinismo no Himalaia

Do ponto de vista econômico e social, o envolvimento dos sherpas passou a ser tão importante nas expedições ao Himalaia de modo que as tradicionais atividades de agricultura e pecuária, como o cultivo de subsistência e a criação de galinhas e iaques, deixaram de ser a principal fonte de renda das famílias dos sherpas.

 Precária seguridade social frente aos riscos do alpinismo

Mas esse aparentemente idílico cenário nas montanhas do Himalaia não é um mar de rosas para os sherpas em função basicamente dos enormes riscos decorrentes do alpinismo frente aos benefícios pecuniários considerados insuficientes para as famílias dos sherpas, levando muitos destes a abandonar a profissão e a desencorajar seus filhos e descendentes a continuar na atividade. Os ganhos em geral são modestos exceto para aqueles que conseguem atingir o seleto grupo de elite de guias, depois de passar anos em escaldas extenuantes para provar o seu talento. Sherpas em início de carreira ganham cerca de US$ 4 mil pela expedição ao Everest que podem realizar uma vez por temporada, de modo que esse valor se torna praticamente a sua renda anual.

Mas o que está fazendo alguns sherpas a deixarem a atividade e a desencorajar os seus filhos de assumir seu lugar é a precariedade da seguridade social nessa indústria. Ou seja, em caso de incapacitação ou morte, cujos riscos são inerentemente elevados, a rede de amparo para sua família é escassa, pelo fato dos pagamentos das seguradoras serem limitados e a previdência social prometida pelo governo nunca ter sido implementada efetivamente.

 Necessidade de seguridade social digna às família dos sherpas

As expedições aos picos mais altos do mundo no Himalaia propiciam aos alpinistas e turistas experiências inusitadas de inestimável valor a todos os envolvidos. Países e povos da região também se beneficiam pelo seu enorme impacto econômico e social. Em função disso, os sherpas não devem ser desestimulados a continuar exercendo seus talentos inatos de apoio ao alpinismo himalaio. Nesse sentido, um dos aspectos mais importantes a ser atendido é uma seguridade social suficiente e digna às famílias dos sherpas para o que seria importante a contribuição de todos os envolvidos como os grupos de alpinistas, operadoras de expedições e dos governos locais, principalmente o de Nepal, por ser este um dos principais beneficiários do impacto positivo das expedições e do turismo ao Himalaia. 

Shoji

 

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