Há necessidade de melhorar a seguridade social aos sherpas frente aos enormes riscos no apoio às escaladas no Himalaia
Os sherpas, termo em linguagem
tibetana que significa “povo do leste”, constituem povo que habita a região
montanhosa da cordilheira do Himalaia, com maior concentração no Nepal, e seu
idioma assemelha-se ao dialeto tibetano. Ao longo das últimas décadas, com o
início e crescimento das expedições para a escalada dos elevados picos do
Himalaia, os sherpas começaram a ser contratados para apoio aos alpinistas ao se
constatar o enorme talento dos sherpas ao atendimento das exigências do
alpinismo, pela sua grande resistência aos desafios do frio e da escassez de
oxigênio nas grandes altitudes. Assim, o apoio dos sherpas permite aos alpinistas
subirem com maior rapidez e segurança com seus equipamentos podendo com isso
focar mais intensamente na logística de subida e descida das montanhas. Ou seja,
os carregadores e guias sherpas sobem com todo o material necessário para
realizar a ascensão e ajudar em tarefas básicas dos acampamentos, como montagem
e desmontagem de tendas, sem necessidade de grande tempo de aclimatação.
Enfim, o apoio dos sherpas é tão fundamental que os próprios alpinistas
reconhecem que a escalada dos picos mais altos no Himalaia seria praticamente
impossível sem a contribuição dos heróicos sherpas.
Ref.: sherpas - real heros of the everest & the
himalayas sali
trekking jun 2022
Impacto econômico e social do
alpinismo no Himalaia
Do ponto de vista econômico e
social, o envolvimento dos sherpas passou a ser tão importante nas expedições
ao Himalaia de modo que as tradicionais atividades de agricultura e pecuária, como
o cultivo de subsistência e a criação de galinhas e iaques, deixaram de ser a
principal fonte de renda das famílias dos sherpas.
Mas esse aparentemente idílico
cenário nas montanhas do Himalaia não é um mar de rosas para os sherpas em função
basicamente dos enormes riscos decorrentes do alpinismo frente aos benefícios pecuniários
considerados insuficientes para as famílias dos sherpas, levando muitos destes
a abandonar a profissão e a desencorajar seus filhos e descendentes a continuar
na atividade. Os ganhos em geral são modestos exceto para aqueles que conseguem
atingir o seleto grupo de elite de guias, depois de passar anos em escaldas
extenuantes para provar o seu talento. Sherpas em início de carreira ganham
cerca de US$ 4 mil pela expedição ao Everest que podem realizar uma vez por
temporada, de modo que esse valor se torna praticamente a sua renda anual.
Mas o que está fazendo alguns sherpas
a deixarem a atividade e a desencorajar os seus filhos de assumir seu lugar é a
precariedade da seguridade social nessa indústria. Ou seja, em caso de incapacitação
ou morte, cujos riscos são inerentemente elevados, a rede de amparo para sua família
é escassa, pelo fato dos pagamentos das seguradoras serem limitados e a
previdência social prometida pelo governo nunca ter sido implementada efetivamente.
As expedições aos picos mais altos
do mundo no Himalaia propiciam aos alpinistas e turistas experiências inusitadas
de inestimável valor a todos os envolvidos. Países e povos da região também se beneficiam
pelo seu enorme impacto econômico e social. Em função disso, os sherpas não
devem ser desestimulados a continuar exercendo seus talentos inatos de apoio ao
alpinismo himalaio. Nesse sentido, um dos aspectos mais importantes a ser atendido
é uma seguridade social suficiente e digna às famílias dos sherpas para o que seria
importante a contribuição de todos os envolvidos como os grupos de alpinistas,
operadoras de expedições e dos governos locais, principalmente o de Nepal, por
ser este um dos principais beneficiários do impacto positivo das expedições e
do turismo ao Himalaia.
Shoji
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