O espaço orbital deve ser usado de forma sustentável
A atividade
espacial, principalmente os satélites, sustenta muitos aspectos da vida
moderna e do desenvolvimento da ciência, desde a comunicação e acesso à
internet, até a coleta de dados meteorológicos, pesquisas climáticas e
navegação. Mas a crescente quantidade de equipamentos na órbita terrestre já está
criando mais uma preocupação em relação à sanidade e segurança do espaço, o lixo
espacial, sendo este composto por qualquer objeto feito e enviado pelo
homem ao espaço mas que perdeu a sua utilidade, ou seja, não é mais operacional.
Ref.: O perigo do lixo espacial em volta da Terra Guru da Ciência abril 2017
A corrida espacial e o acúmulo de objetos no espaço
Desde
1957, quando se iniciou a corrida espacial com o lançamento do Sputnik 1, quase
11 mil toneladas de objetos foram lançados ao espaço em órbita da Terra, boa
parte dos quais restam como naves e satélites artificiais sem utilidade operacional.
De acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA), entre 1957 e agosto de 2022 mais
de 6.250 foguetes foram lançados ao espaço, colocando cerca de 13.630 satélites
em órbita, dos quais 6.600 estão em funcionamento, enquanto 2.250 são
considerados lixo espacial.
O
lixo ameaça a sanidade e a segurança do espaço
Assim,
faz parte do lixo espacial restos de missões espaciais, partes de foguetes e qualquer
componente que não faça parte da carga útil, além de equipamentos que atingiram
o limite de suas vidas úteis em órbita, ou ainda aqueles que quebraram ou
ficaram obsoletos.
Ainda
de acordo com ESA, a quantidade estimada de objetos considerados lixo espacial
orbitando a Terra ultrapassa os 130 milhões. Destes, 36.500 são detritos maiores
que 10 centímetros, 1 milhão tem entre 1 e 10 cm e os demais são minúsculas peças entre 1 mm e 1 cm.
O
perigo dos detritos espaciais
Mesmo sendo
pequenos, a velocidade de movimento desses detritos é suficiente para causar
grandes prejuízos, ou seja, fragmentos de 10 cm podem provocar estragos em espaçonaves milionárias. A primeira colisão
acidental em hipervelocidade entre 2 satélites artificiais em órbita terrestre ocorreu em
fevereiro de 2009 entre Iridium 33 e o Kosmos-2251
a 789 km de altitude sobre a península de Taymyr na Sibéria.
O supertelescópio Hubble sofreu dano em uma das antenas atribuído a choque com lixo
espacial. Em 2019, o satélite militar chinês Yunhai foi destruído por colisão com
um objeto de diâmetro estimado entre 10 cm e 50 cm.
É
essencial o uso sustentável do espaço
Com o
crescente acúmulo de objetos no espaço, faz se necessária a adoção de cuidados que
preservem a sanidade e a segurança do espaço sideral, de modo a evitar a configuração
de situação semelhante ao que está ocorrendo com a poluição dos oceanos, principalmente
a poluição plástica. Segundo especialistas
sobre o tema, como o uso do espaço sideral é cada vez mais necessário e
importante é indispensável pensar em estratégias sobre a ocupação sustentável
do espaço, que seja capaz de regular o tráfego espacial, desenvolver tecnologias
de rastreamento de objetos e detritos em órbita e pesquisar sobre meios viáveis
para a retirada desses objetos do espaço. Para tanto, será necessário um acordo internacional,
que deve incluir medidas para responsabilizar todos os agentes atuantes nesse
escopo desde os fabricantes até as instituições e empresas lançadoras de
satélites a partir do momento em que chegam ao espaço. Assim, uma das medidas pensadas é a cobrança de
taxa pelo uso orbital das operadoras por cada satélite lançado. Espera-se que a
cobrança dessa taxa estimularia as companhias a usar o espaço orbital de forma
mais criteriosa e se factível a retirarem do espaço os equipamentos que não sejam
mais úteis.
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