Vigilância permanente para prevenir a ocorrência de crimes de genocídio
Conforme o Estatuto de Roma do
Tribunal Penal Internacional (TPI), de 16.07.1998, inspirado na Convenção para a prevenção e a
repressão do crime de genocídio de 1948,
promulgado pelo Governo Brasileiro pelo Decreto nº 4.388, de
25.09.2002, o crime de genocídio é
definido em seu art. 6º, como se segue:
“Para os
efeitos do presente Estatuto, entende-se por genocídio, qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado
com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico,
racial ou religioso,
enquanto tal:
a.
Homicídio de membros
do grupo;
b.
Ofensas graves à integridade física ou mental
de membros do grupo;
c.
Sujeição intencional do grupo a condições de
vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial;
d.
Imposição de medidas destinadas a impedir
nascimentos no seio do grupo;
e. Transferência,
à força, de crianças do grupo para outro grupo”.
Ref.: a) Joe Biden reconhece genocídio arménio 24 de abr. de 2021 euronews (em português)
b) Genocidio armenio a manos del imperio otomano, uno de los más grandes 24 de abr. de 2016 teleSUR tv
O dia 24.04.1915 é adotado como
o início do chamado genocídio de armênios, perpetrado pelo então Império Otomano
(atual Turquia), na época, envolvido com o Primeira Guerra Mundial, em aliança
com os chamados Impérios Centrais (Alemanha e Império Austro-Húngaro) contra a
Aliança Entente. Assim, em 2015 celebrou-se
o centenário do incidente conhecido como o primeiro genocídio da história
moderna mundial.
O genocídio armênio foi caracterizado
como a deportação forçada e matança de cerca de 1,5 milhão de pessoas de origem
armênia que viviam no Império Otomano, com a deliberada intenção de eliminar
sua presença cultural, sua vida econômica e seu ambiente familiar, no período
de 1915 a 1923. Como resultado da
deportação forçada, verificou-se uma vasta diáspora do povo armênio ao redor do
mundo, de modo que dos atuais 8 milhões de armênios e descendentes, somente 3
milhões residem em sua própria pátria, a Armênia. Entretanto, o governo turco nunca reconheceu até
hoje o genocídio perpetrado contra o povo armênio.
Até o momento, 29 países reconheceram oficialmente o genocídio armênio, uma visão que é compartilhada pela maioria dos estudiosos e historiadores desse período histórico. Embora as provas e evidências sobre esse genocídio sejam inquestionáveis, vários fatores têm impedido a manifestação oficial nesse sentido por mais países, inclusive por receio de represálias por parte do governo turco.
O reconhecimento oficial do genocídio armênio pelo governo norte americano
Por ocasião do 106º aniversário do início
do massacre, o presidente norte americano, Joe Biden, em 24.04.2021, reconheceu
formalmente o genocídio armênio ocorrido entre 1915 e 1923, ratificando a decisão
do Congresso dos EUA que tinha sido tomada em 12.12.2019. Historicamente,
os presidentes americanos evitavam o reconhecimento do genocídio armênio pelo
temor de não provocar reação contrária do governo turco e pelo fato da Turquia
ser um país estrategicamente muito importante no Oriente Médio, como o fato
desse país ser membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nessa
região de estabilidade geopolítica muito frágil.
Essa decisão é muito importante pelo fato de ser da maior potência econômica e política do mundo, no sentido de que o primeiro genocídio mundial da era moderna seja lembrado sempre e jamais esquecido como forma de reduzir ao máximo a possibilidade de ocorrência de fatos semelhantes, tão degradantes para a humanidade.
Genocídios continuaram
acontecendo
Ao longo da história, após o genocídio
armênio seguiram-se ainda 2 maiores, sendo o primeiro o Holodomor, a Grande Fome
da Ucrânia, entre 1932 e 1933, provocado pelo regime comunista de Stalin, com
características de genocídio, que causou a morte de 3 a 3,5 milhões de pessoas,
a maioria de campesinos ucranianos, que resistiam à coletivização da
agricultura imposta pelo governo soviético. Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, o tenebroso Holocausto
do povo judeu vitimou mais de 6 milhões
de pessoas pelo regime nazista.
A vigilância interplanetária é
fundamental, pois mesmo com as lições deixadas pelo passado, fatos análogos ao
genocídio continuaram ocorrendo, tais como:
·
Massacre
de 1,7 milhão a 2 milhões de cambojanos, equivalente a 25% da população do Camboja,
perpetrado pelo governo comunista do Khmer Vermelho de 1976 a 1979;
·
Massacre
de pessoas, motivado essencialmente por fatores étnicos e religiosos, na guerra
da antiga Iugoslávia de 1992 a 1995;
·
na
Ruanda em 1994, com o massacre de cerca de 800 mil tutsis, twas e hutus
moderados pelos hutus radicais, e
· no Oriente Médio, com destaque a Síria e Iraque, onde o grupo jihadista conhecido como Estado Islâmico, ou pela sigla ISIS, realizou matanças de grupos étnicos sob seu domínio entre 2014 e 2016, principalmente do povo yazidi, com características que se enquadram em crimes de genocídio, conforme denúncia da ONU.
Shoji
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