Ex-atleta paralímpico trabalha em entrega por aplicativo
Ex-atleta paralímpico, Caíque Palma de
Souza, de 23 anos, faz da cadeira de rodas, companheira de muitas vitórias e
alegrias nas pistas de atletismo, uma ferramenta de trabalho, para fazer
entregas por aplicativo, subindo e descendo ruas de Paulínia, no estado de SP,
sem se intimidar pelas dificuldades enfrentadas.
Caíque começou a trabalhar como entregador
por aplicativo quando a sua mãe, de 57 anos, perdeu emprego como diarista nas
repúblicas próximas da Unicamp, pelo fato dos estudantes terem voltado para
suas casas pela interrupção das aulas por efeito da pandemia do Covid-19.
Como no aplicativo de entregas não há
opção para cadeirantes, ele usou o cadastro para bicicletas, omitindo a sua condição
de deficiente físico, e assim ele foi aceito. Com o bag nas costas, ele passa por quase tudo
nas ruas de Paulínia, seja enfrentando o sol forte ou as chuvas, além das condições
muitas vezes precárias das vias públicas, como buracos e falta de acessibilidade,
e o trânsito frenético dos veículos, chegando a percorrer até 4,5 kms em um único
dia. Para isso, é importante o seu preparo físico condicionado pelos 10 anos como
paratleta.
Ref.: a) Desemprego: cadeirantes também estão fazendo entregas por aplicativos 30 de jan. de 2020 tvbrasil
b) Ex-atleta percorre 30 km fazendo entregas com cadeira de rodas | Primeiro Impacto (11/03/21) 11 de mar. de 2021 SBT Jornalismo
Deficiência física e treinamento como atleta paralímpico
Caíque
nasceu com uma malformação na coluna chamada mielomeningocele, uma doença
congênita que prejudica o desenvolvimento normal da medula espinhal, causando a
falta de movimento nas pernas. Por influência da família, dedicou-se a treinamento
intensivo em diversas modalidades de paratletismo, especializando-se na corrida
de 100 metros em cadeiras de rodas, onde obteve resultados expressivos em competições
nacionais e internacionais organizadas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.
Objetivo de se
tornar treinador em modalidades paralímpicas
Apesar
do bom desempenho, interrompeu a carreira devido a falta de incentivo e de
patrocínio, e também para que pudesse dedicar ao curso de educação física em
uma faculdade particular de Paulínia. Após a sua formação, o objetivo é tornar
se treinador e incentivar outros jovens a participar de modalidades
paralímpicas.
Em função de tantos “perrengues” enfrentadas
nas ruas no serviço de entrega, a empresa do aplicativo se sensibilizou e mudou
a função de Caique. Na nova função, como dono de franquia, ele cadastra novos
restaurantes na ferramenta, ganhando um porcentual por cada estabelecimento cadastrado,
enquanto busca o sonho de se tornar treinador de esportes paralímpicos.
Todo o trabalho é digno desde que seja probo e íntegro moralmente
O exemplo de Caíque mostra como todo trabalho é importante e deve ser respeitado como meio de realização humana e de valorização da dignidade de qualquer pessoa, viabilizando a sua evolução material, mental e espiritual, mesmo que não seja em sua plenitude.
Assim, mesmo os trabalhos considerados mais simplórios ou humildes devem ser valorizados desde que a pessoa a exerça com satisfação e lhe proporcionem o mínimo de segurança material.
Entretanto, o trabalho
deve ser compatível com a evolução moral, mental e espiritual da pessoa,
individualmente, e da coletividade, como um todo. Ou seja, o trabalho pode
proporcionar não somente satisfação pessoal, desde que seja exercida com
sentimento de gratidão, mas ao mesmo tempo deve ser benéfico a alguém ou a terceiros,
isto é, para a sociedade.
Shoji
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