A Circássia foi sacrificada
pela expansão do império russo
15 de mar. de 2017
CircassianMinstrels
b) Rusia: el éxodo circasiano | Europa semanal
6 de fev. de 2014
DW Español
Por ocasião da abertura pomposa dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi na Rússia em fevereiro de 2014, um episódio chamou a atenção mundial: o protesto dos circassianos e descendentes que perderam sua pátria localizada nessa região do Cáucaso, justamente o local da realização dos Jogos, por derrota na guerra contra o exército do czar russo Alexander III em 1864. E em Sochi localizava-se a capital da antiga Circássia. O conflito pela posse dessa região foi motivada pelo projeto de expansão do império russo para dominar as margens do Mar Negro, pela sua importância geopolítica.
Dos cerca de 2,5 milhões de circassianos que viviam na região, estima-se que 1 milhão foram mortos e outro milhão tenham sido expulsos para outros países, em episódio que é conhecido como genocídio circassiano, que é considerado o primeiro grande genocídio da Idade Contemporânea.
Em consequência, o território original da Circássia foi dividido em 3 partes (Carachai-Circássia, República Adigueia e Cabardino-Balcária) para fazer parte do então império russo, depois da antiga URSS e hoje da Rússia pós-comunista. Somente cerca de 700 mil circassianos e descendentes vivem no território original e o restante estão espalhados por 40 países, em torno de 5 milhões, principalmente no Oriente Médio com preponderância na Turquia e também em outros locais como Síria, Jordânia, Líbano e Israel.
A luta pela preservação da identidade circassiana
Como resultado da grande diáspora, além da expulsão territorial, e pelo processo de assimilação cultural, a comunidade circassiana vem perdendo a sua identidade cultural e valores tradicionais, inclusive no uso do idioma nativo principalmente pelas novas gerações, de modo que os falantes do idioma circassiano giram em torno de 2 a 3 milhões. Eles ainda mantem o sonho de um dia ter a sua própria pátria, mas isso está longe de se tornar realidade. Enquanto isso, a comunidade circassiana luta com muitas dificuldades pela preservação da sua identidade cultural e linguística.
Circassianos em Israel
Com a perda da sua própria pátria, os circassianos e seus descendentes procuram-se adaptar aos países onde são residentes. Em Israel, por exemplo, embora sigam a fé islâmica, eles se sentem bem abrigados, podendo votar e ser votados, porém, com a obrigação de servir às forças de defesa israelense (FDI), o que fazem com muita dedicação pois a segurança do país onde residem representa a própria sobrevivência da sua comunidade.
Outros grandes genocídios da Era Contemporânea:
• genocídio armênio, de 1915 a 1917, no então Império Otomano, com mais de 1 milhão de mortos;
• a grande fome na Ucrânia, conhecida como Holodomor, entre 1931 e 1933, com a morte de cerca de 5 milhões de ucranianos, conforme o livro “A Fome Vermelha”, de Anne Applebaum, Ed. Record-2019;
• Holocausto do povo judeu, que vitimou cerca de 6 milhões de pessoas durante a 2ª Guerra Mundial;
• massacre de 1,7 milhão a 2 milhões de cambojanos, equivalente a 25% da população do Camboja, perpetrado pelo governo comunista do Khmer Vermelho de 1976 a 1979;
• na Guerra da Bósnia, na antiga Iugoslávia, de 1992 a 1995, massacre de cerca de 9 mil pessoas, motivado essencialmente por fatores étnicos e religiosos;
• massacre de cerca de 800 mil tutsis, twas e hutus moderados pelos hutus radicais, em 1994 na Ruanda; e
• matança perpetrada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, ou ISIS, em 2014, no Iraque, contra diversos grupos étnicos e religiosos, como os cerca de 5 mil yazidis, que seguem antigas tradições religiosas sincréticas, mas não são islamitas.
Shoji
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