População local apoia ação repressora contra o crime organizado
Em 28.10.2025 as polícias civil e militar do Rio de
Janeiro realizaram uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha para
cumprir mandatos de prisão contra membros do Comando Vermelho (CV), 30 deles de
fora do RJ, identificados pela investigação realizada há longa data com o
objetivo de conter a expansão territorial do CV não somente no RJ mas para as
demais regiões do País. Esses complexos
desempenham papel central na estratégia de expansão do CV por sua localização
privilegiada, próxima a vias expressas que facilitam o transporte de armas,
drogas e homens armados para outras regiões da cidade. A ação mobilizou 2,5 mil
homens da Polícias Civil e Militar e promotores do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). A ação resultou na morte de 117
suspeitos e também de 4 policiais, sendo considerada a mais letal já realizada
pelas polícias do RJ. Segundo o Governo do RJ, dos 115 suspeitos mortos, 97
possuíam alguma passagem policial, com 95% deles com vinculação ao CV sendo 54%
de fora do RJ.
Importância
das ações de repressão ao crime organizado e apoio da população
Segundo pesquisa da Quaest, 64% dos moradores do RJ
aprovaram a megaoperação realizadas nos complexos do Alemão e da Penha e são
favoráveis que operações semelhantes venham a ser realizadas em comunidades,
morros e favelas, o que denota a insatisfação e o cansaço dessa população em
continuar vivendo sob o jugo e ameaça do crime organizado.
A atuação da força policial contra o
crime organizado é meritória e se mostra cada vez mais necessária inclusive
como demonstração de que a autoridade governamental continua atenta e pronta
para atuar e buscar a segurança pública à população. Mas, infelizmente, o
aparato policial no Brasil não tem se mostrado eficaz nessa tarefa de suma
importância para toda a sociedade.
Incapacidade
do atual aparato policial para repressão ao crime organizado
A rapidez e a diversidade das formas da expansão do crime organizado exigem uma resposta igualmente rápida e diversificada. Além de uma atualização e adequação da legislação, é preciso extrapolar os meios convencionais de combate ao crime e investir em grupos especializados, novas táticas de inteligência e investigações. Os criminosos individualmente ou as quadrilhas em conjunto agem cada vez mais de forma organizada, em diversas localidades e em várias unidades federativas, em locais onde se sentem mais seguros de não sofrer a ação repressora do aparato policial. Com isso se torna cada vez mais difícil e menos eficaz a atual forma de atuação da força policial para a repressão aos crimes, não somente no RJ mas em todo o território nacional.
O atual sistema policial no País não
atinge os desejados níveis de eficiência e eficácia para a repressão à
criminalidade. Ao contrário, o sistema
de segurança pública é anacrônico para o combate ao crime que, ao contrário,
age cada vez mais de forma ampla, racional e principalmente com uso de meios e
instrumentos tecnológicos cada vez mais avançados e sofisticados.
O sistema policial brasileiro mostra uma estrutura
fragmentada nas 3 esferas federativas (Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Legislativa, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia
Rodoviária Estadual e as Guardas Municipais), com estruturas e algumas funções
superpostas, ao mesmo tempo que se deixam diversos vácuos ou zonas cinzentas,
quanto à real jurisdição em termos da modalidade criminosa e a localização
espacial onde o crime é praticado. Ademais, a coordenação de ações ocorre de
forma fragilizada e esporádica, não permitindo, assim, a ação eficaz contra a
criminalidade.
Necessidade de atuação integrada das forças policiais, preferencialmente na forma de polícia nacional única
Para o combate ao crime organizado e à criminalidade
de forma geral, cada vez mais é evidente a necessidade de uma estrutura de
segurança pública com ações unificadas e coordenadas a nível local e nacional
para qualquer modalidade de crime cometido em território nacional. Para tanto é fundamental a criação e
manutenção online de um sistema e banco de dados unificado para registro,
prevenção e repressão ao crime (Sinfo), incluindo um banco de dados completo e
atualizado do sistema penitenciário nacional, devendo o sistema ser atualizado
continuamente e acessível online a qualquer momento e de qualquer lugar por
qualquer membro da polícia no País para prevenção e repressão ao crime.
Certamente as dificuldades serão enormes, inclusive pela
resistência política das atuais corporações e principalmente dos estados
federativos, que podem achar que perderão poder, mas isso na realidade não ocorreria,
pois os estados poderão continuar tendo papel preponderante na definição das
diretrizes e na priorização das ações por meio dos órgãos de coordenação.
Mas uma coisa é certa, com o inevitável processo de
globalização e da rápida evolução tecnológica, não há mais condições para o aparato
policial brasileiro continuar atuando de forma segmentada e fragmentada, sem
coordenação efetiva a nível nacional e até internacional, e sem contar com
sistema de informações ampla, moderna e em tempo real, com o uso maciço de
instrumentos tecnológicos de ponta para prevenção e repressão ao crime.
Shoji