O Bahaísmo é perseguido por ser considerado apostasia pelo islamismo
A fé Bahá'í, ou bahaísmo,
é uma religião abraâmica monoteísta que
enfatiza a união espiritual de toda a humanidade. Três princípios básicos
estabelecem a base para os ensinamentos bahá'ís: a unidade de Deus, que há apenas um Deus que é a
fonte de toda a criação; a unidade da religião, que todas as maiores
religiões têm a mesma fonte espiritual e partem do mesmo Deus; e a unidade da humanidade, que
todos os seres humanos foram criados igualmente e que a diversidade racial e
cultural deve ser apreciada e aceita. Segundo os ensinamentos da fé
bahá'i, o propósito humano é aprender a conhecer e a amar a Deus através de
métodos como orações, reflexões e
ajuda aos outros.
Na fé Bahá'í, a história
religiosa da humanidade é manifestada através de mensageiros divinos, cada um
dos quais estabeleceu uma religião adequada às necessidades da sua época e à
capacidade das pessoas de então. Esses mensageiros vão de figuras abraâmicas como Moisés, Jesus, Maomé, às dármicas, como Krishna e Buda. Para os bahá'is,
os mensageiros mais recentes são o Báb e Bahá'u'lláh.
História do bahaísmo
A história do bahaísmo começa
na Pérsia (atual Irã) em 1844, com o movimento do Báb, que prefigurou a vinda
de Baháʼuʼlláh, a quem os baháʼís consideram o "Glorioso de Deus" e o
mais recente "Manifestante de Deus" em uma linha de profetas como
Moisés, Jesus e Maomé. Em 1863, Baháʼuʼlláh, declarou ser o missionário
divino previsto pelo Báb e fundou o bahaísmo e em seguida foi exilado do
Império Otomano para o atual Israel. Ele passou o resto de sua vida em um
exílio voluntário em Akka, na Terra de Israel. Após o falecimento de
Baháʼuʼlláh em 1892, a religião continuou a se expandir pelo mundo sob a
liderança de seu filho, 'Abdu'l-Bahá, que serviu como o centro da aliança da
fé. A nova fé, que se separou do Islã xiita, enfrentou forte perseguição
no Irã, resultando na execução de milhares de seguidores do Báb. Desde a morte
de Abdul-Bahá, a liderança da comunidade bahá'i entrou numa nova fase, passando
de um único líder para uma ordem administrativa com órgãos eleitos e indivíduos
indicados. Hoje, há mais de 5 milhões de bahá'ís espalhados por mais de
200 países e territórios.
Os bahá'ís acreditam que o ser
humano possui uma "alma racional", que provê à espécie uma capacidade
única de reconhecer a Deus e a relação da humanidade com seu criador. Todo
ser humano é considerado possuidor do dever de reconhecer a Deus através de
seus Mensageiros e dos ensinamentos
deles. Através do reconhecimento e da obediência, serviço à humanidade e
práticas espirituais, os bahá'ís acreditam que a alma pode se aproximar de
Deus, o ideal da crença. Quando um ser humano morre, a alma continua existindo
no mundo espiritual, onde seu desenvolvimento espiritual no mundo físico
torna-se base para julgamento e progresso no mundo espiritual. O céu e o
inferno são vistos como estados espirituais de proximidade ou distância de
Deus, sendo indicadores da relação nesse mundo e no próximo, e não lugares
físicos de recompensa e punição alcançados após a morte.
Os textos bahá'ís enfatizam a
igualdade essencial dos seres humanos e a abolição de todos as formas de
preconceito. A humanidade é considerada essencialmente una, embora
diversificada; esta diversidade de raça e cultura é considerada merecedora de
apreciação e tolerância. Doutrinas de racismo, nacionalismo, castas, e
classes sociais são impedimentos artificiais da unidade. Os ensinamentos
bahá'ís declaram que a unificação da humanidade deve ser assunto principal
sobre as condições religiosas e políticas no tempo presente.
As crenças bahá'ís são usualmente
descritas como combinações sincréticas das
primeiras crenças religiosas. Os bahá'ís, no entanto, asseguram que a sua
religião é uma tradição distinta, com suas próprias escrituras, ensinamentos, leis e história. Inicialmente a religião foi vista como
uma seita do Islã, mas atualmente a maioria dos teólogos a vêem como uma
religião independente que tem como pano de fundo o islamismo xiita e
cuja origem é análoga ao contexto judaico em que o cristianismo foi
estabelecido. As instituições e o clero muçulmano, tanto sunita quanto
xiita, consideram os bahá'ís como desertores ou apóstatas da fé islâmica, o que
tem levado à perseguição de bahá'ís. Os próprios bahá'ís atestam que sua
fé é uma religião independente, que se difere das outras tradições no que diz
respeito a sua idade e aos ensinamentos de Bahá'u'lláh num contexto moderno.
Em relatório publicado em
abril/2024, o Human Rights Watch documenta a violação sistemática dos
direitos fundamentais dos membros da comunidade bahá’í por meio de leis e
políticas discriminatórias pelas autoridades iranianas. As agências
governamentais arbitrariamente prendem e encarceram pessoas bahá’ís, confiscam
suas propriedades, restringem suas oportunidades de educação e emprego e até
mesmo lhes negam um enterro digno, privando os bahá’ís de seus direitos
fundamentais em todos os aspectos de suas vidas, não em razão de suas condutas,
mas simplesmente por sua escolha religiosa.
Os bahá’ís são a maior minoria
religiosa não reconhecida no Irã e tem sido alvo de dura repressão apoiada pelo Estado desde que
sua religião foi estabelecida no século 19. Após a revolução de 1979, as
autoridades iranianas executaram ou forçaram o desaparecimento de centenas de bahá’ís,
principalmente suas lideranças comunitárias. Outros milhares perderam seus
empregos e pensões ou foram forçados a deixar suas casas ou o país. Ou seja, desde
1979, a República Islâmica do Irã codificou sua repressão aos bahá’ís na lei e
na política oficial do governo, vigorosamente aplicada pelas forças de
segurança e autoridades judiciais, rotulando os bahá’ís como uma minoria
religiosa proibida e uma ameaça à segurança nacional. O drama dos bahá’is sob o
regime islâmico iraniano é relatado sob testemunho ocular de Olya Roohizadegan
em seu livro “A História de Olya” editado em inglês em 1993.
Shoji
Nenhum comentário:
Postar um comentário