sábado, 4 de dezembro de 2021

PESCA COMERCIAL PREDATÓRIA

 Pesca predatória ameaça a capacidade de reposição do ecossistema marinho  

Os oceanos e mares sempre foram extremamente importantes para a humanidade, principalmente em razão da atividade pesqueira, que é para muitos países uma das principais fontes de renda, de alimentação de proteína animal, bem como na geração de emprego para parcela substancial da sua população.

Nas últimas décadas, para elevar a produtividade da atividade pesqueira, os países mais dedicados à pesca comercial passaram a investir em tecnologias cada vez mais avançadas, com embarcações de porte sofisticadas munidas de câmara fria para armazenamento, radares para identificação de cardumes, sistema de posicionamento global (GPS), além de moderno sistema de industrialização do pescado.

 

a) Greenpeace - Pesca de arrasto de profundidade 17 de fev. de 2010 mcrost01

b) Pesca de arrastre: impacto sobre el medio ambiente -G5 6 de mar. de 2017 Lunes Verde en Red

Risco da sobrepesca e pesca predatória

Entretanto, a alta demanda por produtos pesqueiros e a elevação tecnológica dos meios de captura têm levado a atividade pesqueira a ser executada de forma desenfreada,   excessiva e até insustentável, caracterizando-se a insustentabilidade e a sobrepesca, quando se pesca acima da capacidade populacional desses ecossistemas de se reproduzir e desenvolver, ou seja, não dando às espécies aquáticas a oportunidade de se reproduzir em ritmo adequado, o que no futuro previsível, reduzirá o nível ótimo de pesca.

Enfim, a  sobrepesca é considerada uma ameaça para a biodiversidade marinha e assume uma postura devastadora sobre os ecossistemas aquáticos, por não levar em conta a capacidade de reposição das espécies exploradas. 

 Como ocorre a pesca predatória

As más práticas da atividade pesqueira é uma das causas de destruição ao ambiente marinho, como a pescaria com redes de arrastão, segundo a qual as redes são jogadas até o fundo do mar para a captura das espécies comerciais, mas nessa prática comumente são trazidas também espécies de pequeno tamanho não adequado para comercialização bem como outras espécies sem valor comercial, como os golfinhostartarugastubarõescoraisalgas e até baleias, sendo que a maioria dessas espécies são devolvidas ao mar sem vida, causando prejuízos incalculáveis à vida marinha.

 Efeitos da pesca predatória

esforço de pesca excessiva começou a virar um problema entre 1950 e 1989, com o desenvolvimento de equipamentos e a introdução de técnicas que permitiram uma melhor eficiência na pesca comercial. A captura excessiva tem resultado já no desaparecimento de algumas espécies de peixes bem como à redução nos estoques de pescados. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 77% das espécies com valor comercial estão afetadas a um maior ou menor grau de excesso de pesca (8% levemente, 17% em sobre exploração e 52% em sobre-exploração máxima).

 A sustentabilidade do ecossistema oceânico

Apesar da enorme pressão do mercado global por proteína marinha, que estimula a pesca comercial de escala industrial, a captura das espécies oceânicas só é renovável se for explorada com manejo ecossistêmico, ou seja, respeitando-se a capacidade de manutenção dos estoques, evitando a pesca em períodos de reprodução e desenvolvimento juvenil, bem como não utilizando formas agressivas ao meio ambiente marinho como a rede de arrastão.

A prática da sustentabilidade ambiental deve-se basear em alternativas ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas, de modo que ser sustentável é respeitar o meio ambiente, suprindo as necessidades da atual geração, sem, entretanto, comprometer o sustento das futuras gerações. Ou seja, devemos estar sempre conscientes que o espaço deste Planeta é finito, de modo que seus recursos naturais não são inesgotáveis, ao contrário, são limitados e devem ser usados levando em conta a viabilidade futura da humanidade.

Shoji 

 

sábado, 13 de novembro de 2021

TXAI SURUÍ A JOVEM INDÍGENA EM DEFESA DO PLANETA

 Indígenas lutam pelo seu território e pela defesa do meio ambiente   

Entre 31.10 e 12.11.2021, realizou-se em Glasgow na Escócia a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, conhecida pela sigla COP26, com a participação de quase 200 países. A conferência prevista originalmente para novembro de 2020, foi remarcada para 2021 devido à pandemia do Covid-19. COP significa Conferência das Partes (Conference of the Parties),  e as partes referem-se aos governos que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Desde 1995, a COP reúne esses governos uma vez por ano para discutir formas de frear os efeitos relacionados às mudanças climáticas.

 

Ref.: Representante dos povos originários discursa na COP26  2 de nov. de 2021 Jornalismo TV Cultura


 A 26ª sessão da COP (COP26) destacou 4 principais objetivos:

1.      Neutralizar a emissão de gases e manter a temperatura média global em 1,5˚C até 2050: os países devem apresentar metas ambiciosas de redução de emissões para 2030 visando neutralizar a emissão de gases poluentes até a metade do século. Para isso, os países devem se comprometer com ações como acelerar a eliminação do uso do carvão, reduzir o desmatamento, acelerar a mudança para veículos elétricos e investir em energias renováveis.

2.      Proteger comunidades e habitats naturais: capacitar e incentivar os países a proteger e restaurar ecossistemas e a construir defesas, sistemas de alerta, infraestrutura e agricultura resistentes para evitar a perda de moradias, de meios de subsistência e de vidas.

3.      Mobilizar finanças para cumprir as 2 primeiras metas: os países desenvolvidos devem se comprometer em mobilizar pelo menos US$100 bilhões em financiamento climático por ano. 

4.      Trabalhar juntos para alcançar as metas: durante a COP26 espera-se finalizar o Livro de Regras que regulamenta o Acordo de Paris e acelerar as ações para enfrentar a crise climática por meio da colaboração entre governos, empresas e sociedade.

 Indígenas brasileiros na COP26 em defesa da Terra

Mais de 40 indígenas brasileiros participaram da COP26, na maior delegação de lideranças indígenas brasileiras da história da COP, para alertar o mundo sobre a importância da demarcação de terras indígenas como uma das principais soluções para a crise climática do planeta.

 

Atuação da Txai Suruí em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente

Na abertura da COP26, em 01.11.2021, Txai Suruí, da etnia paiter suruí, de 24 anos, foi a única indígena da América Latina e única brasileira a discursar ao lado de grandes líderes mundiais. No seu discurso, afirmou que os povos indígenas presenciam as causas e as consequências da crise climática, incluindo entre as causas, a invasão de suas terras, a mineração agressora dos rios e lagos, o desmatamento da floresta e o aumento das queimadas. Entre as consequências, destacam-se a escassez da chuva, o desaparecimento de animais, a morte dos rios e lagos, o que afetam seriamente a vida dos indígenas. Para Txai, é preciso que o mundo possa aprender mais com quem convive há milênios em harmonia com a natureza, como revela a história ancestral de seu povo e pela sua luta pela integridade do território.

Em seu discurso, ressaltou que, seu pai, o grande chefe Almir Suruí, ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje, o clima está esquentando e os animais desaparecendo, os rios estão morrendo e nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo. E completou: “Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora!”.

Txai Suruí faz parte dos povos Suruí, com cerca de 2 mil indígenas. As aldeias enfrentam dificuldades na subsistência pela caça e plantio por efeito das invasões das suas terras e da crise do clima. Txai é fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Roraima e estudante de direito, e também atua no núcleo jurídico da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé, organização referência na causa indígena, tornando-se recentemente conselheira da World Wide Fund For Nature no Brasil (WWF Brasil). Txai é também representante da Guardians of Forest, uma aliança de comunidades que protege as florestas tropicais em todo o mundo e foi representante do seu povo na COP 25 em Madri em dezembro/2019.

Shoji 

 

 

sábado, 16 de outubro de 2021

DESAPARECIMENTO DO FAMOSO PICA-PAU AMERICANO

 O pássaro que inspirou a icônica personagem do desenho animado foi considerado oficialmente extinto nos EUA  

O pica-pau-bico-de-marfim, espécie com penas vermelhas na cabeça que inspirou a criação do popular desenho animado Pica-Pau na década de 1940, foi declarado em 29.09.2021 oficialmente extinto pelo Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos EUA. O pica-pau-bico-de-marfim (Ivory-billed woodpecker) era o maior pica-pau dos EUA e uma de suas aves mais renomadas, tendo sido visto oficialmente pela última vez em 1944 em uma floresta conhecida como Singer Tract, no nordeste da Louisiana. Nos últimos 77 anos, sua existência foi objeto de um intenso debate, mas nenhum novo avistamento foi comprovado oficialmente.

 

a) Espécie que inspirou desenho Pica-Pau é declarada extinta 30 de set. de 2021 Record News

b) Pica-pau-bico-de-marfim será declarado extinto na natureza 30 de set. de 2021 Band Jornalismo

c) EUA anunciam a extinção de espécie de Pica Pau 1 de out. de 2021 TV Cultura

A Lei das Espécies Ameaçadas não foi suficiente para evitar a sua extinção

Após o esgotamento dos esforços de cientistas para encontrar as espécies ameaçadas, o famoso pica-pau faz parte de 23 espécies consideradas extintas, sendo 11 aves, 8 mexilhões de água doce, 2 peixes, 1 morcego e uma planta.  Segundo esses especialistas, cada uma dessas 23 espécies representa uma perda permanente da herança natural não só nos EUA como para biodiversidade global, além disso a mudança climática, somada a outras pressões, pode tornar tais desaparecimentos ainda mais comuns. Isso representa um lembrete desalentador de que a sua extinção seja uma consequência da mudança ambiental causada pelos seres humanos.

A Lei de Espécies Ameaçadas foi aprovada nos EUA em 1973 e, desde então, 54 espécies no país tiveram sua população recuperada e foram retiradas da lista de ameaçadas, outras 48 melhoraram o suficiente para deixar de serem consideradas ameaçadas de extinção, mas 11 espécies tinham sido declaradas extintas.

 As mudanças climáticas podem aceleram a extinção de novas espécies

Com as mudanças climáticas e a perda de áreas e habitats naturais prejudicando as condições de sobrevivência das espécies animais, fica evidente a necessidade de conduzir mais esforços proativos, colaborativos e inovadores para salvar a vida selvagem não somente nos EUA como também em todo o mundo. A lei americana das espécies ameaçadas tem sido eficaz para evitar a extinção de muitas espécies e também inspirou ações para conservar as espécies ameaçadas e seu habitat antes que fossem classificadas como em perigo ou ameaçadas, mas muito mais tem que ser feito para evitar que a extinção de novas espécies tornem se mais frequentes.

O Brasil pouco se empenha para a sustentabilidade ambiental

No Brasil, a agressão ao meio ambiente continua sendo um fato cotidiano como o desmatamento da maior cobertura florestal do mundo, na Amazônia, das riquíssimas  mas cada vez menos extensas áreas do cerrado, do Pantanal, e ainda do que resta da  Mata Atlântica, acompanhado de queimadas e  outras agressões como os garimpos irregulares que acarretam perda da biodiversidade e colocam em risco de extinção as diversas espécies vegetais, cujos valores científicos e econômicos ainda são desconhecidos, bem como de diversas espécies animais, e ainda ameaçam os habitats e o patrimônio cultural dos habitantes primitivos do Brasil.

Além disso, o Brasil está atrasado em temas como a melhoria das condições de saneamento básico da população e maior empenho na gestão adequada dos resíduos sólidos (lixo) e no combate à epidêmica poluição plástica.

 A sustentabilidade do Planeta e a interconexão dos impactos ambientais no âmbito mundial

A deplorável extinção de espécies animais e vegetais mostra que a  prática da sustentabilidade ambiental deve-se basear em alternativas ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas, de modo que ser sustentável é respeitar o meio ambiente, suprindo as necessidades da atual geração, sem, entretanto, comprometer o sustento das futuras gerações. Ou seja, devemos estar sempre conscientes que o espaço deste Planeta é finito, de modo que seus recursos naturais não são inesgotáveis, ao contrário, são limitados e devem ser usados levando em conta a viabilidade futura da humanidade.

Shoji

 

sábado, 9 de outubro de 2021

FALUN DAFA: VERDADE, COMPAIXÃO E TOLERÂNCIA

 Embora proscrito na China desde 1999, Falun Dafa é praticado em vários países

O Falun Dafa ou Falun Gong é uma prática espiritual chinesa que combina meditação e exercícios para estimular e promover a melhor circulação da energia (qi ou ki) pelo corpo humano, por meio de um conjunto de técnicas conhecido como Qigong, Chi Kung ou Kikoo (em chinês ou japonês), associado à filosofia moral centrada nos princípios da verdadecompaixão e tolerância.  O Falun Dafa enfatiza a moralidade e o cultivo da virtude e se classifica como uma prática de Qigong da Escola de Buda, com a  incorporação de elementos do taoísmo. Assim, por meio da retidão moral e da prática da meditação e dos exercícios, os seguidores do Falun Gong aspiram eliminar o apego e, ao final, alcançar a iluminação espiritual.

O Falun Gong originou-se pela apresentação pública iniciada pelo mestre Li Hongzhi em maio de 1992 no nordeste da China, com base em textos como Falun Gong, Zhuan Falun e Hong Yin, traduzidas para pelo menos 40 idiomas e publicadas ao redor do mundo, sendo o ensinamento baseado nas mesmas leis que sustentam o desenvolvimento do universo.  

 

a) O que é o Falun Dafa? Falun Dafa Brasil 25 de jun. de 2020

b) Falun Gong uma breve introdução 5 de fev. de 2021 Falun Dafa Brasil

c) Falun Dafa português 30 de mai. de 2019 Human Rights in China

Postura inicial do governo chinês e posterior repressão a partir de 1999

Os benefícios da prática do Falun Gong para a sociedade e para as pessoas foram originalmente reconhecidos por vários setores do governo chinês, de modo que até os meios de comunicação, sob controle estatal (incluindo jornais nacionais e locais, canais de TV e estações de rádio), frequentemente cobriam as atividades e os benefícios da prática do Falun Gong.

Porém, a crescente popularidade e a grande capacidade de organização e mobilização do Falun Gong, que teria atingido entre 70 e 100 milhões de adeptos, começou a despertar crescente oposição de certos setores do governo chinês, sob o receio dessa prática  colocar em risco a capacidade de controle do governo sobre o povo, o que já tinha motivado anteriormente a drástica repressão governamental sobre as célebres manifestações em demanda por mais liberdades democráticas, ocorridas em 1989, na Praça da Paz Celestial em Pequim.

Dessa forma, a partir de julho de 1999 e até agora, o Falun Dafa passou a ser proibido e os seus adeptos perseguidos por violenta repressão, por meio de aprisionamento  e envio a campos de trabalho forçado. 


Prática do Falun Dafa no mundo

Apesar da repressão sofrida na China, o Falun Dafa hoje é praticada em várias partes do mundo e muitos se tornaram ativos na defesa dos direitos humanos fundamentais na China. O seu fundador, Li Hongzhi, reside desde 1996 em Nova York nos EUA.  A adesão ao Falun Dafa de certa forma é facilitada por ele ter uma estrutura bastante informal, com pouca ou nenhuma organização material ou hierárquica. Praticantes do Falun Gong não podem cobrar dinheiro ou cobrar taxas, realizar curas ou ensinar ou interpretar doutrinas para outros. Não há administradores ou funcionários, nem sistema de associação e nenhum local ou templo de adoração.  Na ausência de rituais de associação ou iniciação, os interessados no Falun Gong podem iniciar sua prática somente com base na sua escolha. Ou seja, os interessados são livres para participar do ensinamento na medida da sua necessidade, e os praticantes não instruem os outros sobre o que acreditar ou como se comportar.

Shoji

sábado, 2 de outubro de 2021

DEFICIÊNCIA FÍSICA NÃO É IMPEDIMENTO PARA O MONTANHISMO

 A cadeira Julietti facilita as pessoas com deficiência física a superar trilhas desafiadoras para desfrutar as belezas naturais

Juliana Tozzi e Guilherme Cordeiro como casal de montanhistas sempre cultivaram paixão por trilhas, montanhas e viagens. Mas, durante a gravidez, aos 32 anos, Juliana foi vitimada por uma doença rara e irreversível diagnosticada como Degeneração Cerebelar Paraneoplásica, uma síndrome neurológica rara, por conta do reaparecimento do câncer que ela tinha superado anteriormente, o que comprometeu severamente a sua coordenação motora e a fala. Mesmo contra todas as dificuldades, Juliana conseguiu concluir a gravidez com segurança até o 7º mês, sendo premiada pela chegada do pequeno Benjamin.

a) JULIETTI 8 de ago. de 2019  Rocky Spirit

b) Pesquisadores testam cadeira de rodas para montanhismo em Ibitipoca 2 de abr. de 2018 Tribuna de Minas

Apesar dos obstáculos, o amor do casal pelas montanhas continuava, mas Juliana não conseguia mais chegar a elas. Para fazer a Juliana viver a vida e realizar o que mais desejava, o companheiro Guilherme fez a promessa à sua esposa de que a levaria para onde ela quisesse.

 

A deficiência física não impediu a prática do montanhismo

Como com as cadeiras de rodas convencionais o passeio era muito difícil e envolvia uma grande estrutura de apoio, Guilherme decidiu projetar uma cadeira especialmente para Juliana para facilitar o seu uso em condições difíceis de caminhada e escalada. O que resultou é um equipamento desmontável, fácil de transportar, possuir apenas uma roda com pneu de borracha e amortecedor e necessitar de 2 operadores, além do passageiro, ficando o assento a um metro de altura, provido de encosto e cinto de segurança. Assim, a cadeira, que ganhou o nome de Julietti, foi desenhada e construída para permitir que pessoas com deficiência física possam percorrer as trilhas mais desafiadoras com menos dificuldades.  

 

Julietti facilita percorrer as trilhas mais desafiadoras

A 1ª viagem de Juliana com a “Julietti” foi ao Parque Nacional do Itatiaia em 2016. Desde então o casal já percorreu mais de 30 trilhas e subiu o vulcão Acontango, na Bolívia, com 6052 metros de altitude, chegando a apenas 200 metros do topo, tornando-se a 1ª cadeirante brasileira a atingir essa altitude.

O casal resolveu dividir essa conquista com outros cadeirantes e fundaram a ONG denominado Instituto Montanha Para Todos, que promove a inclusão das pessoas com deficiência no mundo, com o objetivo de permitir o acesso à natureza às pessoas com deficiência motora, através do desenvolvimento de equipamentos adaptados com design e inovação tecnológica, incentivando o seu uso compartilhado e criando um banco de voluntários para auxiliar as pessoas que queiram usar os equipamentos.

Hoje no Brasil 40 parques possuem as cadeiras “Julietti” e permitem passeios gratuitos aos visitantes que dependem desse meio de acessibilidade.

Shoji

 

 

sábado, 25 de setembro de 2021

AUTOMOBILISMO DE ELITE SÓ PARA MULHERES

W Series poderá impulsionar as pilotas a integrar categorias superiores sem segregação de gênero

Ao longo do desenvolvimento das sociedades humanas, estas se organizaram preponderantemente sob o predomínio dos homens sobre as mulheres, em função basicamente da superioridade da força física masculina sobre a feminina. Ou seja, historicamente as sociedades humanas se fundamentaram sob o patriarcado, no qual a sociedade se organiza em torno de figuras de autoridade do sexo masculino. Ou seja, nesse sistema, os pais e os homens em geral têm autoridade sobre as mulheres, as crianças, a propriedade e sobre todos os meios de produção e econômicos, implicando em instituições de regras e privilégios masculinos e consequente subordinação feminina.

Entretanto, à medida que se percebia que o patriarcado como um sistema social injusto e opressivo às mulheres, iniciou-se o movimento pela emancipação feminina, com a gradual valorização da condição da mulher e de maior equiparação do papel e dos direitos dos homens e das mulheres na sociedade.

a) W-Series: Mulheres ao Volante 4 de dez. de 2019 Torque Total

b) W SERIES: MULHERES NO AUTOMOBILISMO 27 de mar. de 2021 Rádio Bandeirantes

c) W Series Explained 16 de jul. de 2021 W Series

Por exemplo, em função do ativismo feminino, foram alcançados diversos avanços como nos direitos de contrato, de propriedade, direito ao voto,  na sua autonomia e à integridade de seu corpo, como nos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção, a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e meninas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, bem como na maior liberdade para exercer praticamente todas as atividades profissionais e em todas as áreas como as da ciência, educação, saúde, cultura, arte e esportes.

Assim, é inegável o avanço alcançado na questão da igualdade de gênero nos últimos séculos e anos, embora o pleno reconhecimento de igualdade de oportunidades e de condições entre os gêneros ainda esteja longe do adequado em várias atividades e regiões do Mundo.  

Automobilismo de elite em nível de F3 para as pilotas mulheres

Até agora, o automobilismo de elite era um dos poucos esportes em que a mulher tinha pouca ou quase nenhuma participação, cujo equacionamento eventualmente exigiria uma categoria exclusiva para as mulheres. Para tentar superar essa deficiência, em 10.10.2018, foi lançada publicamente a W Series como resposta à ausência de pilotos do sexo feminino nas categorias mais elevadas do automobilismo, como na Fórmula 1 (F1). A W Series busca mudar isso de uma forma inédita ao constituir uma categoria exclusivamente feminina como forma de treinamento e também para dar visibilidade às pilotas, com corridas ocorrendo nas mesmas datas e locais da F1.  

A primeira temporada foi realizada em 2019, em 2020 foi cancelada em razão da pandemia do Covid-19 e a segunda está sendo realizada em 2021, com início em 26.06.2021, como categoria de monopostos de nível Fórmula 3 (F3), com a participação de 18 pilotas, que competem em 8 etapas nas mesmas datas e locais da F1.

 W Series como incentivo para ascensão a níveis superiores

W Series tem enfrentado críticas, sob o argumento de que a categoria irá segregar as mulheres em vez de promover sua inclusão em séries estabelecidas. Alguns sugerem que o fundo de prêmios de US$ 1,5 milhão seria melhor investido, por exemplo, em um sistema de bolsas de estudo para apoiar o desenvolvimento de talentos em uma ampla gama de disciplinas do automobilismo, com ênfase nas crianças e nos jovens promissores.

Apesar dessas críticas, pode se considerar que o próprio desenvolvimento da W Series será um estímulo ao surgimento de talentos femininos, em nível de F3, que futuramente poderão até tentar integrar as categorias de elite estabelecidas sem segregação de gênero. 

Shoji

  

sábado, 11 de setembro de 2021

JOVENS EXIGEM AÇÕES JÁ EM DEFESA DO PLANETA

 Greta Thunberg aos 18 anos continua liderando movimento dos jovens contra o aquecimento global

Em 20.08.2018, Greta Thunberg, então uma adolescente estudante sueca de 15 anos, decidiu não frequentar a escola até as eleições gerais de 2018 na Suécia, marcadas para 9 de setembro, depois da ocorrência de ondas de calor e incêndios em seu país, sendo seus pedidos direcionados ao governo sueco para a redução das emissões de carbono, em cumprimento ao Acordo de Paris de 2015. Para marcar o protesto, ela sentou do lado de fora do Parlamento sueco todos os dias, durante o horário escolar em greve pela defesa do clima.

Após as eleições gerais, ela continuou a greve todas as sextas-feiras, ganhando inusitada atenção mundial, consolidando as chamadas “sextas-feiras pelo futuro”, que se espalharam por várias partes da Europa e por outros países, inclusive os EUA.

O impacto da ação da Greta é mais significativo ainda pelo fato dela sofrer da síndrome de Asperger, uma espécie de autismo, que é uma perturbação que afeta as capacidades de comunicação e de relacionamento social, e por ela ter sofrido uma crise de depressão aos 11 anos. 

 

Ref.: O emocionante discurso de Greta Thunberg na cimeira do Clima 23 de set. de 2019 TVI24

A força da liderança espontânea da Greta

Como prova da força da sua campanha, em 15.03.2019, sexta-feira, uma massa de jovens convocada pelas redes sociais marchou em 1769 cidades de 112 países para cobrar das autoridades maior atenção ao problema climático.

A força da influência de Greta nas questões climáticas levou ela a discursar na Conferência do Clima da ONU em dezembro/2018 na Polônia e em janeiro/2019 fez uma apresentação no Fórum Econômico Mundial de Davos na Suíça perante uma plateia formada pelos mais altos executivos e autoridades políticas e econômicas do mundo. Para fazer o emocionante e desafiador discurso para as autoridades mundiais na Conferência do Clima da ONU, em Nova York, em 23.09.2021, ela cruzou o Oceano Atlântico em veleiro movido à energia solar, pelo fato de não viajar de avião por considerar o seu combustível muito poluente.

Embora seja alvo de críticas pelos negacionistas do clima, como Donald Trump e Vladimir Putin, pela sua crescente influência no cenário mundial, Greta recebeu inúmeras honrarias e prêmios, incluindo uma bolsa honorária da Royal Scottish Geographical Society, o prêmio de “a pessoa do ano” pela revista Time em 2019, sendo a mais nova a receber esse título, inclusão na lista das 100 Mulheres Mais Poderosas do Mundo pela revista Forbes em 2019, e 2 indicações consecutivas para o Prêmio Nobel da Paz, em 2019 e em 2020.

 

Ativismo juvenil pelo futuro do Planeta

O protesto da Greta e dos jovens líderes ganha maior significado, respaldado por exemplo no recente Relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU,  divulgado em 09.08.2021, o qual alerta que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto, podendo atingir 1,5º C acima do nível pré-industrial entre 2030 e 2040, ou seja, pelo menos 10 anos antes do esperado. Ou seja, desde 1850, a temperatura média da Terra aumentou ao menos 1,1º C e mais no mínimo 0,4º C vai agravar os prejuízos ambientais como secas severas, ondas de calor, chuvas torrenciais e consequente enchentes catastróficas, tornados, incêndios florestais, aceleração do derretimento das geleiras, elevação do nível do mar e provável submersão de vários países insulares.

A atuação da Greta está inspirando uma geração de jovens líderes ambientalistas, preocupadas com o futuro do planeta ao redor do mundo.   E isso é muito significativo pelo fato desse movimento ser capitaneado não por velhas lideranças, mas sim por jovens e adolescentes, que são aqueles que, juntamente com as futuras gerações, serão os mais afetados pelo desequilíbrio ambiental que tem se tornado cada vez mais presente e visível em todo o mundo.

E o protesto é direcionado aos líderes do Mundo, pelo fato dos jovens, apesar de serem as prováveis maiores vítimas da catástrofe climática mundial, não terem ainda o poder de decisão por ações que já deveriam ter sido tomadas mas que, se efetivadas imediatamente, podem ainda amenizar os cataclismas climáticos futuros.

Shoji

  

sábado, 4 de setembro de 2021

TUVALU PRIMEIRA NAÇÃO INSULAR DO PACÍFICO QUE PODE SUBMERGIR

 O aquecimento global por efeito estufa já causam efeitos ambientais catastróficos nas pequenas nações insulares do Pacífico

O recente Relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU,  divulgada em 09.08.2021, alerta que a Terra está esquentando mais rápido do que era previsto, podendo atingir 1,5º C acima do nível pré-industrial entre 2030 e 2040, ou seja, pelo menos 10 anos antes do esperado. Desde 1850, a temperatura média da Terra aumentou ao menos 1,1º C e mais no mínimo 0,4º C vai agravar os prejuízos ambientais como secas severas, ondas de calor, chuvas torrenciais e consequente enchentes catastróficas, tornados, incêndios florestais, aceleração do derretimento das geleiras e elevação do nível do mar.

A redução sustentada nas emissões do dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa, no entanto, ainda pode limitar os efeitos catastróficos das mudanças climáticas e do aquecimento global, mas isso dependerá essencialmente do efetivo engajamento dos povos e países, que não pode mais ser postergado pois o tempo para se evitar o desastre de maiores proporções é cada vez mais curto.

Os efeitos do aquecimento global tendem a atingir a praticamente todas as regiões do planeta, embora em grau diferenciado, mas os desastres mais dramáticos e imediatos afetarão as pequenas ilhas do Pacífico pela elevação do nível do mar, de modo que várias delas estão ameaçadas de serem submersas nas próximas décadas.

 

Ref.: a) This AIRPORT is a PLAYGROUND! (Seriously) 22 de fev. de 2019 Drew Binsky

b) Tuvalu: Sea Level Rise in the Pacific, Loss of Land and Culture 27 de mar. de 2012 Nações Unidas

Tuvalu pode ser uma das primeiras ilhas a serem submersas

Segundo os especialistas, entre as nações insulares mais ameaçadas destacam-se Kiribati, Maldivas e Tuvalu. Tuvalu situa-se na Polinésia, composta por 9 ilhas e atóis, considerada a 4ª menor nação do Mundo, de somente 26 km2 e cerca de 11 mil habitantes, com o ponto de maior altitude de 5 metros, que depende essencialmente do mar, principalmente pela exploração da pesca. Mas, o mesmo mar que provê o sustento do seu povo já ameaça a existência dessa pequena nação insular, com as constantes inundações que prejudicam o cultivo agrícola, a obtenção da água potável e destroem as construções e casas litorâneas.    

 O mundo deve socorrer os refugiados ambientais

Com o aquecimento global e a conseqüente subida do nível do mar e ameaça à sobrevivência de pequenas nações insulares, deve-se agravar a questão dos chamados refugiados ambientais. Frente a isso, a comunidade internacional não pode se manter omissa, principalmente pelo fato de que a emissão de efeito estufa é essencialmente gerada nos países desenvolvidos. 

Para tanto, devem ser acordadas e formalizadas em tratados internacionais a necessária proteção àqueles que foram, são ou serão retirados de seus lares por fenômenos ambientais de efeitos catastróficos.  No caso de Tuvalu, países prósperos localizados nessa região como Austrália e Nova Zelândia devem assumir papéis de protagonistas, preparando-se para abrigar grande parte dos refugiados ambientais, que terão as atuais moradas inviabilizadas pela constante subida do nível do mar.

Shoji

 

 

sábado, 14 de agosto de 2021

REGRAS PARA TORNAR O FUTEBOL MAIS DINÂMICO E FAIR PLAY

 O International Board poderia ser mais flexível à atualização de regras

Em 2022, o futebol será mais uma vez o grande acontecimento esportivo global com a realização da Copa do Mundo no Catar. Como espetáculo esportivo, entretanto, deve-se reconhecer que as regras de futebol estão defasadas em comparação aos demais esportes coletivos. Assim, algumas pequenas mudanças poderiam tornar esse velho esporte bretão ainda mais atraente ao grande número de apreciadores em todos os cantos do mundo.  

Inicialmente, uma proposta por mim defendida foi adotada com grande sucesso, que foi o aumento do limite de substituições em jogos oficiais, de 3 para 5, porém, com no máximo em 3 janelas, para evitar mais parada de jogo para substituições.  Essa alteração é coerente com os demais jogos coletivos, em que não há limite de substituições, dando ao treinador mais opções de alterar a forma de atuar do seu time, e assim mudar o rumo do jogo, tornando-o mais dinâmico e atrativo. Outro grande benefício é reduzir a ocorrência da contusão física de jogador sem possibilidade de troca por outro jogador, apesar do técnico dispor de um grande número de suplentes no banco, o que é um total contrassenso.

Com isso, aumentou também a possibilidade do treinador dar mais chance de jogo a jogadores  jovens, prática essa inibida, por envolver maior risco ao time.

Um dos argumentos usados contra o aumento das substituições era de que isso daria mais chance de um time fazer cera, caso isso seja da sua conveniência. Essa prática pode ser minimizada pelo aumento de tempo de prorrogação, a critério de cada juiz, ou, a solução definitiva seria a adoção do tempo útil ao invés do tempo corrido, como descrito na 1ª sugestão de mudança abaixo. O aumento de substituições de 3 para 5 foi adotado no contexto da pandemia da Covid-19, mas espera-se que não venha a ser revertida, o que seria um tremendo retrocesso.


Ref.: a) JOGADORES FAZENDO CERA 5 de jan. de 2021 Doutrinadores Da Bola

b) Nikão faz cera e arruma confusão com jogadores do Bota 25 de jun. de 2012 LANCE!

 

Além disso, as seguintes 2 mudanças poderiam ajudar o futebol a se tornar mais interessante.

 

1.       Troca do tempo corrido de 45 minutos por tempo útil de jogo, por exemplo, de 30 minutos.

Similarmente aos demais jogos coletivos em que se adota o tempo útil, isso coibiria a velha prática de fazer cera, de atrasar jogadas ou simular contusões só para ganhar tempo, como é corriqueiro hoje, que torna o jogo cansativo, deprimente e menos fair play (jogo limpo).  

Também, seria eliminado o arbitramento do tempo de prorrogação após o tempo regulamentar hoje feito pelo juiz, o que causa muitas reclamações pelos jogadores, técnicos,  dirigentes e torcedores.  Virando tempo útil, acaba se esse tipo de  questionamento.

Recentemente, no final da Copa América 2021, em 10.07.2021, a Argentina, fez um gol contra o Brasil no início do 1º tempo, e para garantir o resultado e o título, abusou do antijogo, sem que o juiz uruguaio Ostojich fosse capaz de coibi-la o que na prática é muito difícil, pois os jogadores dispõem de muitos recursos para ganhar tempo com a chamada “cera”.

Com a adoção do tempo útil, o número de substituições poderia até ser aumentado além de 5,   tornando o jogo mais dinâmico, como ocorre nos jogos coletivos de grande popularidade como basquete, futsal, hóquei, etc. 

Há crítica de que isso poderia tornar o jogo com duração incerta, o que poderia tornar menos atrativo para o seu televisionamento. Isso não é procedente, pois jogos como o basquete, que adota o tempo útil, são eventos televisivos de sucesso como o NBA norte americano. Ademais, com o tempo útil fica inútil a chamada “cera”, de modo que o jogo ficaria mais corrido, com menos interrupções, reduzindo-se a incerteza sobre a duração total do jogo.  

 

2.       Em caso de expulsão, a possibilidade de substituição pelo suplente após decorridos 15 minutos ou até a marcação de l gol pelo adversário, o que ocorrer primeiro

Essa regra seria semelhante àquela aplicada no futsal e também no hóquei de gelo. Neste último esporte, por qualquer falta, o jogador fica eliminado por 2 minutos ou até a marcação de l gol pelo adversário o que ocorrer primeiro.  Similarmente, a mesma regra é adotada no futsal.

A regra atual de expulsão é muito drástica ao time infrator, principalmente se isso ocorrer logo no início do jogo, pelo fato de colocar o time infrator em enorme desvantagem, que praticamente impossibilita o time a enfrentar o adversário em igualdade de condições, simplesmente pelo fator numérico.  

Por exemplo, em jogo decisivo na 37ª rodada do Campeonato Brasileiro em 21.02.21, a expulsão de Rodney, do Internacional, contra o Flamento, aos 3 minutos do 2 º tempo, foi decisivo para decretar a vitória flamenguista por 2x1, e assim ganhar o campeonato.

Assim, por ser muito severa, o juiz fica inibido a aplicar essa penalidade. Com a mudança proposta, a expulsão poderia ser aplicada de forma mais coerente e até mais frequente para coibir a violência e outras irregularidades mais sérias, tornando o jogo mais fluido e disciplinado. 

Pode-se argumentar que, não sendo a expulsão definitiva, isso poderia estimular atos de violência contra jogadores adversários mais destacados, mas isso não ocorrerá pois o jogador expulso continuaria sendo punido com a suspensão automática para o próximo jogo e sujeito a outras penalidades mais severas como a suspensão por período maior do que l jogo.

Shoji

 


sábado, 7 de agosto de 2021

MESATENISTA MAIS IDOSA DAS OLIMÍPIADAS

 Aos 58 anos, Ni Xialin tenista chinesa naturalizada luxemburguesa competiu nas Olimpíadas Tokyo 2020

Em 25.07.2021, Ni Xialin, mesatenista de Luxemburgo, de origem chinesa, foi derrotada pela Shin Yubin, da Coréia do Sul, de somente 17 anos, sendo assim eliminada na 2ª rodada do torneio de simples feminino das Olimpíadas Tokyo 2020. O jogo não teria nada de extraordinário, a menos pelo fato de que Ni Xialin, é uma mesatenista chinesa, que compete por Luxemburgo, participante da sua 5ª Olimpíada, competindo em alto nível contra atletas muito mais jovens, com os seus 58 anos de idade (!!!), sendo a mais idosa entre as mesatenistas na história das Olimpíadas.

 

Ref.: a) 55-year-old Ni Xialan defies the odds to qualify for 2020 Olympics 27 de jun. de 2019  Guardian Sport

b) Shanghai "old aunt" Ni xialian's fifth Olympic trip 29 de jul. de 2021 Voice of the Bund

Ni competiu pela China mas desde 1991 representa o Luxemburgo

Ni, nascida em 1963 em Shanghai, venceu vários campeonatos como atleta da seleção nacional chinesa de tênis de mesa. Entre eles, em 1983, quando o tênis de mesa ainda não era esporte olímpico, Ni, com 20 anos, ganhou 2 medalhas de ouro, um pelo time feminino e outro pela dupla mista, com o parceiro Guo Yuechua, no campeonato mundial daquele ano realizado em Tokyo. Posteriormente, mudou-se para Alemanha e em 1991 chegou a Luxemburgo.

Desde 1991, Ni compete por Luxemburgo e, em 2020, aos 37 anos, participou da 1ª Olimpíada em Sydney-Austrália.  Aos 39 anos, ganhou o 1º título europeu de simples feminino. Na Olimpíada de Pequim, em 2008, alcançou a 3ª rodada, e na de Londres em 2012, perdeu na 2ª rodada para Ariel Hsing, de 16 anos, representante dos EUA.

Em Luxemburgo, Ni é muito respeitada, tendo tido por isso o privilégio de portar a bandeira do país, na cerimônia de encerramento das Olímpiada do Rio em 2016.

 

Mesmo aos 58 anos Ni deseja continuar competindo

Ao se referir à sua idade, Ni diz que a felicidade é a coisa mais importante quando participa das competições. Diz ainda que ganhar medalha é fantástico, mas mesmo que não consiga ganhar, o que mais deseja é externar energia positiva e espírito de luta e mostrar ao mundo como o tênis de mesa pode ser bonito.

Shoji 

 

sábado, 31 de julho de 2021

JUDÔ OLÍMPICO SUPERANDO CONFLITO POLÍTICO

 Mollalei, ex-judoca iraniano, competiu por Mongólia e ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas de Tokyo 2020

Em 27.07.2021, o ex-judoca iraniano Saeid Mollaei conquistou a medalha de prata de judô masculino na categoria de peso até 81 kg nas Olímpiadas de Tokyo, lutando pela Mongólia, ao ser derrotado na final pelo judoca japonês Takanori Nagase.

 

Ref.: a) The True story of a Fight for Life 1 de set. de 2019 Judo

b) True Sportsmanship: Iranian Refugee Dedicates Olympic Medal to 'Friends' in Israel 28 de jul. de 2021 HonestReporting Videos

Pressões antiesportivas das autoridades  iranianas

2 anos antes, em agosto/2019, no campeonato mundial de judô, realizado na mesma cidade, Tokyo, Saeid, lutando ainda pelo seu país natal, o Irã,  tinha passado por um episódio de grande repercussão na sua vida, como também na prática de um desporto de prestígio mundial, no caso o judô.  Na semifinal, embora favorito contra o belga Matthias Casse, ele foi pressionado pelas autoridades iranianas a não lutar, para evitar na final a disputa contra Sagi Muki, de Israel, que viria a ser campeão dessa categoria até 81 kg, simplesmente pelo fato de Sagi ser israelense, originário de um país contra o qual Irã tem uma forte posição conflituosa, basicamente de naturezas religiosa e geopolítica.

Por essa atitude, a Federação Internacional de Judô (IJF), por considerá-la contrária aos princípios e estatutos da entidade, suspendeu o Irã por 4 anos dos eventos internacionais, podendo os judocas iranianos, caso queiram, participar de competições internacionais sob a bandeira do IJF.

 Mudança de Irã, apoio do judoca israelense e aceitação da cidadania mongólica

Após essa competição, por receio de retornar a Irã, por ter exposto contrariedade pelas pressões sofridas das autoridades iranianas, ele se mudou em agosto/2019 para Alemanha por ter conseguido visto por 2 anos nesse país. Em novembro/2019, como parte da equipe de refugiados sob a bandeira do IJF ele participou do Osaka Grand Slam, recebendo por isso felicitações do atleta israelense Sagi Muki, as quais foram retribuídas por Saeid, com os 2 postando uma foto, contendo dizeres que enaltecem a verdadeira amizade e a vitória do esporte e do judô sobre a política.

Em dezembro/2019, o presidente da Mongólia e também presidente da federação da Mongólia de judô, Khaltmaagiin Battulga, ofereceu a Saeid a cidadania mongólica, que foi por ele aceita, passando a competir por Mongólia.   

Assim, representando Mongólia, Mollaei participou do  Grand Slam Hungary 2020 na Hungria, e em fevereiro/2021 do Tel Aviv Grand Prix, e como preparativos para as Olimpíadas nos meses precedentes a julho/2021 treinou em Israel com o time nacional israelense,  culminando com a participação nas Olimpíadas Tokyo 2020, onde conquistou a medalha de prata.

 Esporte como meio de contornar os conflitos políticos

O drama passado por Saeid Mollaei mostra claramente como a política não deve interferir nos esportes, principalmente no âmbito das Olimpíadas, onde os atletas representando todos os países do mundo, muito dos quais com mínima chance de ganhar uma medalha,  regojizam se simplesmente pelo fato de poder estar presente no maior evento esportivo do mundo, relembrando o princípio original e mais importante das Olimpíadas de que o mais importante,  mais do que ganhar, é participar desse congraçamento mundial. 

Shoji

 

 

 

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

PRIMEIRA ÁRABE MUÇULMANA ASTRONAUTA

 Nora Al Matrooshi como primeira árabe astronauta abre novas perspectivas no trabalho das árabes muçulmanas

Ao longo do desenvolvimento das sociedades humanas, estas se organizaram preponderantemente sob o predomínio dos homens sobre as mulheres, em função basicamente da superioridade da força física masculina sobre a feminina. Ou seja, historicamente as sociedades humanas se fundamentaram sob o patriarcado, no qual a sociedade se organiza em torno de figuras de autoridade do sexo masculino. Ou seja, nesse sistema, os pais e os homens em geral têm autoridade sobre as mulheres, as crianças, a propriedade e sobre todos os meios de produção e econômicos, implicando em instituições de regras e privilégios masculinos e consequente subordinação feminina.

Entretanto, à medida que se percebia que o patriarcado como um sistema social injusto e opressivo às mulheres, iniciou-se o movimento pela emancipação feminina, com a gradual valorização da condição da mulher e de maior equiparação do papel e dos direitos dos homens e das mulheres na sociedade.  

Atualmente, é inegável o avanço alcançado na questão da igualdade de gênero nos últimos séculos e anos, embora o pleno reconhecimento de igualdade de oportunidades e de condições entre os gêneros ainda esteja longe do adequado em várias atividades e regiões do Mundo, como nos países regidos pelo islamismo conservador e fundamentalista.  

 

      • Ref.: a) Emirados Árabes contratam 1° mulher astronauta 12 de abr. de 2021 Band Jornalismo
      • b) Emiratos Árabes Unidos prepara a su primera mujer astronauta árabe Nora Al Matrooshi 8 de jul. de 2021 Euronews (en español)
      • c) Emirados Árabes anunciam primeira mulher de seu programa espacial 13 de abr. de 2021 Olhar Digital
      • d) Nora al-Matrooshi, the first Arab woman training to be an astronaut 7 de jul. de 2021 africanews

 Primeira árabe muçulmana astronauta

Entretanto, o quadro de restrição no trabalho das mulheres árabes muçulmanas pode ter novas perspectivas, por exemplo, com o anúncio em 10.04.2021, da contratação da primeira mulher astronauta árabe, Nora Al Matrooshi, pelo programa de astronautas do Centro Espacial Mohammed Bin Rashid (MBR) dos Emirados Árabes Unidos (EAU), conforme declaração do vice-presidente e primeiro-ministro dos EAU  e governante de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum. Nora foi selecionada junto com Mohammed Al Mulla entre mais de 4 mil candidatos e receberão treinamento na NASA, em Houston nos EUA, para futuras missões de exploração espacial.

Nora, assim, nascida em 1993, se torna a primeira mulher não apenas nos EAU, mas em todo o mundo árabe a se tornar uma astronauta. Após ter se diplomado como bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade dos Emirados Árabes Unidos em 2015, ela acumulou vasta experiência na área, tendo já representado os Emirados Árabes na Conferência da Juventude das Nações Unidas no verão de 2018 e no inverno de 2019, tendo também atuado como engenheira da National Petroleum Construction Company.

 Engajamento dos EAU como primeiro país árabe na exploração espacial

O recrutamento dos 2 novos astronautas, inclusive a Nora, ocorre depois que os EAU em fev/2021 alcançaram o histórico êxito de colocar a sonda Al Amal (Esperança) na órbita de Marte na 1ª missão espacial de um país árabe. Anteriormente, em set/2019, o emir Hazza al Mansouri tinha se tornado o 1º cidadão árabe a permanecer na Estação Espacial Internacional (ISS), onde ficou por uma semana, à qual se juntou a bordo de um foguete russo Soyuz.

Shoji

sexta-feira, 9 de julho de 2021

RESERVA AMBIENTAL RPPN NA ZONA SUL DE SP

 Área reflorestada com vegetação nativa da Mata Atlântica serve de abrigo e refúgio para várias espécies animais

Desde 1995, o Sítio Curucutu, na estrada do Capivari, a cerca de 50 km ao sul do centro da cidade de SP, perto da Serra do Mar, com área florestada de 850 mil m2, equivalente a 750 campos de futebol, é reconhecido como Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN), um certificado do governo federal no qual os proprietários privados assumem a responsabilidade de manter a preservação da natureza, de proteger os recursos hídricos, de auxiliar no manejo e de colaborar no desenvolvimento de pesquisas científicas, entre outros serviços ambientais.

Além da área florestada com vegetação nativa da Mata Atlântica, a RPPN se tornou habitat e refúgio de centenas de espécies de aves e animais como tatus, cobras, antas, gatos e cachorros do mato e até onça, onde a Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo tem, desde 2018, como sítio de soltura de animais apreendidos, muitos deles em estado grave de saúde física. Dos animais recebidos, 90% são aves, muitas com ferimentos de várias origens.  

 

Ref.: a) Advogado fez do seu sítio uma reserva ambiental que hoje serve de habitat para centenas de animais 18 de jun. de 2021 Estadão

b) “Curucutu”, uma reserva florestal particular em São Paulo 8 de set. de 2017 Jornal da Gazeta


Transformação em RPPN em 1995 para os benefícios ambientais na localidade

A criação da RPPN foi resultante basicamente do esforço do advogado Jayme Vita Roso, hoje com 87 anos, que comprou as primeiras terras às margens da Rodovia dos Imigrantes, para fazer loteamento no final dos anos 60. Mesmo sem o devido conhecimento ambiental, Jayme se incomodava com o desmatamento e, assim, decidiu reflorestar ao mesmo tempo que foi comprando mais terras no entorno, acabando por plantar 600 mil mudas de árvores e criar uma floresta com área de 850 mil m2 de vegetação nativa, que serve também de abrigo para diversas espécies animais.

Pela ação transformadora para a região no extremo sul de São Paulo, Jayme Roso, merecidamente, recebeu em 2004 o título de Cidadão Emérito pela Câmara Municipal de São Paulo.

O sítio atualmente é administrado pelas filhas de Jayme, Ana e Vera, que são as responsáveis por plantar, somente mudas de espécies nativas de Mata Atlântica, e por repensar o sítio para se tornar viável financeiramente, dentro do escopo do que é permitido numa RPPN, como promover o ecoturismo, realizar o plantio sustentável, além de realizar atividades educativas, autorizadas pelo órgão ambiental responsável.

Ao final, é muito gratificante perceber como a ação de um cidadão e seus familiares contribuem para melhorar a realidade e as condições ambientais de uma região próxima de uma grande metrópole como São Paulo, que tem uma notória escassez de áreas florestais preservadas para o benefício de seus habitantes e para a fauna local.

Shoji