Venezuela, um país rico em recursos naturais e
detentor das maiores reservas de petróleo do Mundo, vive atualmente o maior
flagelo da sua história e uma das maiores crises econômica, política e social no
contexto histórico latino americano.
A Venezuela é hoje um país em ruínas. Estima-se que
mais de 70% de seus cidadãos vivem em situação de pobreza, equivalente ao de
países mais miseráveis do Mundo, como a Somália. A população sofre da falta de bens
essenciais, como alimentos, água e medicamentos, afetando dramaticamente a
higiene e as condições sanitárias da população.
É difícil encontrar produtos da cesta básica nas gôndolas dos
supermercados. Mesmo com o racionamento e a imposição de cota para a compra de produtos
da cesta básica, a inflação não para de subir. Estima-se que em 2016, a
inflação na Venezuela supere a 700%, tornando-se a mais alta do Mundo.
Para se conseguir alimentos e alguns itens essenciais de
consumo é necessário enfrentar longas filas nos supermercados por horas,
obrigando muitos a entrar na fila de madrugada.
A dificuldade de compra nos supermercados fez surgir a figura da “bachaquera”,
que passa noites sem dormir para comprar itens nos supermercados e depois
revende com margens significativos de ganho, permitindo-lhe algum fôlego na sua
luta pela sobrevivência.
Como um país rico em recursos naturais
chegou a essa situação dramática?
A Venezuela chegou ao abismo em
decorrência das políticas populistas de cunho esquerdista implementadas por
Hugo Chavez entre 1999 e 2013 e continuadas pelo seu sucessor Nicolás Maduro a
partir de 2013. Para tanto, Hugo Chavez
adotou a velha cartilha do populismo, que se caracteriza pelo
estabelecimento de um vínculo emocional com o povo, mediante o uso de métodos
para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo, além da
classe média urbana. Pela ótica
“revolucionária” do bolivarianismo chavista, o Estado é o senhor da vida dos
cidadãos, que se sobrepõe à iniciativa privada e à liberdade individual, de
modo que as ações e atividades do setor privado passaram a ser desestimuladas e
até restringidas, inclusive com a promoção da estatização e até de expropriação
de empresas de diversos setores. A política intervencionista chavista teve como
resultado o desestímulo à produção, a redução de produtos ofertados no mercado
e consequente elevação de preços e da inflação.
Paralelamente, o governo venezuelano praticamente esgotou os recursos
públicos disponíveis, na maior parte oriundos da venda de petróleo da estatal
PDVSA, para oferecer alimentos e outros bens essenciais a preços subsidiados,
inclusive energia e combustíveis, além de abrir linhas de crédito generosas
para a compra de casas populares. Com
isso, os gastos públicos passaram de 25% do PIB em 1999 para 52% em 2013 e a
60% em 2016, tornando o governo venezuelano praticamente insolvente.
Como será o desfecho da tragédia venezuelana
e qual a lição para o Brasil?
No momento, a situação é tão dramática, que é difícil
de prever quando e como terminará ou ao menos será amenizada a tragédia
venezuelana. A dura lição que deve ser
aprendida de tudo isso é que, em qualquer circunstância, o povo deve
resistir ao aliciamento dos discursos populistas, mas a longa história da humanidade tem
mostrado que isso não tem ocorrido com tanta frequência.
Soji Soja
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