sábado, 11 de junho de 2016

FUGA DESESPERADA DE MULHERES DA CORÉIA DO NORTE PARA A CHINA



É impressionante o relato de Yeonmi Park, jovem norte coreana de 22 anos, em seu livro “Para poder viver – A Jornada de uma garota norte-coreana para a liberdade” – Companhias das Letras, em sua fuga desesperada da Coréia do Norte, atravessando a  fronteira para a China, depois para Mongólia para chegar finalmente à Coréia do Sul. 
Yeonmi Park não sonhava com a liberdade quando fugiu da Coréia do Norte, pois nem conhecia o significado dessa palavra. Tudo o que sabia ou sentia era que fugir era a única forma de sobreviver. Se ela e sua família continuassem na terra natal, todos poderiam morrer, de fome, adoentados ou mesmo executados.

Uma vida sem liberdade e a luta constante contra a pobreza e fome

Yeonmi cresceu achando normal que seus vizinhos desaparecessem repentinamente. Acostumou-se a procurar e a comer plantas selvagens na falta de comida. Sobrepujada pela propaganda e pelo total controle exercido pelo governo comunista da dinastia Kim sobre a população norte coreana, ela acreditava que o líder de seu país era até capaz de ler seus pensamentos.
Nessa época, Yeonmi não tinha noção do regime de terror exercido pelo governo do jovem ditador Kim Jong-un sobre a população coreana de 24 milhões de habitantes, por meio de censura, vigilância sistemática sobre qualquer ato ou pensamento contrário ao governo, aprisionamento em campos de trabalhos forçados e constante falta de alimentos e outros bens essenciais. 
Aos 13 anos, quando a fome e a prisão do pai tornaram a vida praticamente impossível, Yeonmi e sua mãe empreenderam a fuga atravessando a fronteira com a China,  sem ter qualquer noção dos perigos que teriam que enfrentar. Era o começo do périplo de quase 3 anos que a levaria pelo submundo chinês de traficantes e contrabandistas de pessoas, principalmente de mulheres para serem vendidas como “esposas” de camponeses chineses. Na luta cotidiana pela sobrevivência, passou por constantes dramas como tentativas de estupro, algumas das quais evitadas pela mãe, que se submetia ao sexo forçado em troca da segurança da filha. 

Finalmente a liberdade e a esperança de uma nova vida!

A jornada para a liberdade envolveu a travessia pela China através do deserto de Gobi, em direção à Mongólia e daí finalmente para a Coréia do Sul. Hoje, ela mora em Nova York onde milita na organização Liberty in North Korea (LiNK), cuja missão é transportar e abrigar refugiados norte coreanos.
            Um relatório da comissão de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em 2014 detalha um esquema repressivo que utiliza sistematicamente a tortura, o incentivo à delação de qualquer fato que contrarie as rígidas normas impostas pelo regime totalitário, a falta de comida, as execuções, os sequestros e os desaparecimentos para manter o povo norte coreano submisso e controlado. Ou seja, segundo esse relatório, a gravidade, a escala e a natureza das violações dos direitos humanos (documentadas) não têm paralelo no mundo contemporâneo. 

ATÉ QUANDO O MUNDO CONTINUARÁ IMPOTENTE DIANTE DE TÃO FLAGRANTE PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE?

Soji Soja






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