Sabedoria 1: O caso das 3 moedas de ouro perdidas

Oda Tadasuke (1677-1751) foi prefeito de Edo, antiga denominação de Tokyo, durante 20 anos e ficou famoso pela sua sabedoria na aplicação da justiça. Para ele a justiça só era correta quando satisfizesse todas as partes envolvidas.

Um dia em uma rua praticamente deserta ao longo de um rio, o Sr. Yamada percebeu que uma pessoa, o Sr. Abe, que estava mais adiante tinha derrubado alguma coisa. Ao se aproximar percebeu que se tratava na realidade de 3 moedas de ouro, de grande valor na época. A primeira tentação do Yamada, obviamente, era de ficar com as moedas e deixar o local mais rapidamente. Mas ao ver o verdadeiro dono das moedas um pouco adiante caminhando tranquilamente, e num repente de honestidade que todo ser humano tem no seu íntimo, o Sr. Yamada aproximou-se do Sr. Abe e avisou sobre as moedas derrubadas. O Sr. Abe sentiu-se aliviado e desejava recebê-las todas. Mas, ao pensar melhor, achou que a pessoa que estava à sua frente merecia ser gratificada, em função da sua boa vontade e da sua honestidade, afinal, ele poderia ter se apossado das moedas e simplesmente sumido do local sem despertar qualquer suspeita. A primeira ideia, portanto, era dividi-las igualmente, mas 3 moedas não eram divisíveis perfeitamente. Nesse instante, os dois concordaram em consultar o Sr. Oda, o prefeito de Edo, por causa do respeito que a população lhe dedicava.

Ao defrontrar com essa situação, o prefeito Oda pensou um pouco e em seguida tirou uma moeda de ouro do bolso e o juntou às 3 moedas, somando-se, assim o total de 4. Em seguida, o prefeito Oda propôs que cada um ficasse com a metade, ou seja, 2 moedas cada, e os dois aceitaram de bom grado. Enfim, todos ficaram satisfeitos, apesar de cada um ter aparentemente “perdido” uma moeda. O Sr. Abe ficou com 2 das 3 moedas que ele tinha originalmente; o Sr. Yamada ficou com 2 moedas quando poderia ter ficado com as 3 moedas que ele achou; e o Prefeito Oda deu uma moeda do seu bolso. Na realidade, o prefeito Oda ficou muito satisfeito, pois, além de ter resolvido o caso harmoniosamente, a sua atitude representava um grande incentivo para a manifestação do espírito de honestidade entre a comunidade que ele tanto prezava.