sábado, 25 de junho de 2016

A CONSTRUÇÃO DO MAIOR TÚNEL DO MUNDO NA SUÍÇA COMO EXEMPLO DE ÓTIMOS PLANEJAMENTO E GESTÃO PÚBLICA



Em 01.06.2016, foi inaugurado o Túnel de São Gotardo na Suíça, ligando Estfeld e Bodio, com 57 km de comprimento, tornando-se o túnel mais longo do mundo, superando o de Seikan no Japão. Com isso será possível descongestionar e aumentar o tráfego de cargas e passageiros entre o norte e sul da Europa, e, assim, revolucionar o transporte de mercadorias na Europa.
Ou seja, haverá uma substancial melhoria na ligação entre o sul do continente e os portos da região norte, transferindo o tráfego de caminhões, que até agora passam pelas estradas dos Alpes, para os trens de carga.
A obra levou quase 20 anos para ser concluída, ao custo de US$ 12,5 bilhões, envolvendo o escavamento da rocha sólida dos Alpes, em temperaturas que chegaram perto de 50º C e com mínimo dano ao meio ambiente.
Além de ser uma monumental obra de engenharia, o mais impressionante é que ela foi realizada de acordo com o planejamento inicial, sem estourar o orçamento, no prazo previsto de 20 anos e ao longo de 5 governos suíços, concretizando o anseio do povo suíço que aprovou o projeto em referendo. 

Constitui, assim, não somente uma magnífica obra de engenharia, mas principalmente um marcante exemplo de como o bom planejamento e a boa gestão pública são capazes de realizar monumentais obras de infraestrutura em benefício de uma nação e de todos os seus vizinhos, ao contrário do que se verifica em muitos países, como no Brasil, em que obras até de menor envergadura dificilmente são realizadas no prazo e orçamento inicialmente estabelecidos.  
Soji Soja

sábado, 11 de junho de 2016

FUGA DESESPERADA DE MULHERES DA CORÉIA DO NORTE PARA A CHINA



É impressionante o relato de Yeonmi Park, jovem norte coreana de 22 anos, em seu livro “Para poder viver – A Jornada de uma garota norte-coreana para a liberdade” – Companhias das Letras, em sua fuga desesperada da Coréia do Norte, atravessando a  fronteira para a China, depois para Mongólia para chegar finalmente à Coréia do Sul. 
Yeonmi Park não sonhava com a liberdade quando fugiu da Coréia do Norte, pois nem conhecia o significado dessa palavra. Tudo o que sabia ou sentia era que fugir era a única forma de sobreviver. Se ela e sua família continuassem na terra natal, todos poderiam morrer, de fome, adoentados ou mesmo executados.

Uma vida sem liberdade e a luta constante contra a pobreza e fome

Yeonmi cresceu achando normal que seus vizinhos desaparecessem repentinamente. Acostumou-se a procurar e a comer plantas selvagens na falta de comida. Sobrepujada pela propaganda e pelo total controle exercido pelo governo comunista da dinastia Kim sobre a população norte coreana, ela acreditava que o líder de seu país era até capaz de ler seus pensamentos.
Nessa época, Yeonmi não tinha noção do regime de terror exercido pelo governo do jovem ditador Kim Jong-un sobre a população coreana de 24 milhões de habitantes, por meio de censura, vigilância sistemática sobre qualquer ato ou pensamento contrário ao governo, aprisionamento em campos de trabalhos forçados e constante falta de alimentos e outros bens essenciais. 
Aos 13 anos, quando a fome e a prisão do pai tornaram a vida praticamente impossível, Yeonmi e sua mãe empreenderam a fuga atravessando a fronteira com a China,  sem ter qualquer noção dos perigos que teriam que enfrentar. Era o começo do périplo de quase 3 anos que a levaria pelo submundo chinês de traficantes e contrabandistas de pessoas, principalmente de mulheres para serem vendidas como “esposas” de camponeses chineses. Na luta cotidiana pela sobrevivência, passou por constantes dramas como tentativas de estupro, algumas das quais evitadas pela mãe, que se submetia ao sexo forçado em troca da segurança da filha. 

Finalmente a liberdade e a esperança de uma nova vida!

A jornada para a liberdade envolveu a travessia pela China através do deserto de Gobi, em direção à Mongólia e daí finalmente para a Coréia do Sul. Hoje, ela mora em Nova York onde milita na organização Liberty in North Korea (LiNK), cuja missão é transportar e abrigar refugiados norte coreanos.
            Um relatório da comissão de investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em 2014 detalha um esquema repressivo que utiliza sistematicamente a tortura, o incentivo à delação de qualquer fato que contrarie as rígidas normas impostas pelo regime totalitário, a falta de comida, as execuções, os sequestros e os desaparecimentos para manter o povo norte coreano submisso e controlado. Ou seja, segundo esse relatório, a gravidade, a escala e a natureza das violações dos direitos humanos (documentadas) não têm paralelo no mundo contemporâneo. 

ATÉ QUANDO O MUNDO CONTINUARÁ IMPOTENTE DIANTE DE TÃO FLAGRANTE PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE?

Soji Soja






sábado, 4 de junho de 2016

A TRAGÉDIA VENEZUELANA O fracasso da cartilha populista defendida pela esquerda latino-americana – Uma lição para o Brasil




Venezuela, um país rico em recursos naturais e detentor das maiores reservas de petróleo do Mundo, vive atualmente o maior flagelo da sua história e uma das maiores crises econômica, política e social no contexto histórico latino americano.
A Venezuela é hoje um país em ruínas. Estima-se que mais de 70% de seus cidadãos vivem em situação de pobreza, equivalente ao de países mais miseráveis do Mundo, como a Somália.  A população sofre da falta de bens essenciais, como alimentos, água e medicamentos, afetando dramaticamente a higiene e as condições sanitárias da população.  É difícil encontrar produtos da cesta básica nas gôndolas dos supermercados.  Mesmo com o racionamento e  a imposição de cota para a compra de produtos da cesta básica, a inflação não para de subir. Estima-se que em 2016, a inflação na Venezuela supere a 700%, tornando-se a mais alta do Mundo.
Para se conseguir alimentos e alguns itens essenciais de consumo é necessário enfrentar longas filas nos supermercados por horas, obrigando muitos a entrar na fila de madrugada.  A dificuldade de compra nos supermercados fez surgir a figura da “bachaquera”, que passa noites sem dormir para comprar itens nos supermercados e depois revende com margens significativos de ganho, permitindo-lhe algum fôlego na sua luta pela sobrevivência. 

Como um país rico em recursos naturais chegou a essa situação dramática?

            A Venezuela chegou ao abismo em decorrência das políticas populistas de cunho esquerdista implementadas por Hugo Chavez entre 1999 e 2013 e continuadas pelo seu sucessor Nicolás Maduro a partir de 2013.   Para tanto, Hugo Chavez  adotou a velha cartilha do  populismo, que se caracteriza pelo estabelecimento de um vínculo emocional com o povo, mediante o uso de métodos para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo, além da classe média urbana.  Pela ótica “revolucionária” do bolivarianismo chavista, o Estado é o senhor da vida dos cidadãos, que se sobrepõe à iniciativa privada e à liberdade individual, de modo que as ações e atividades do setor privado passaram a ser desestimuladas e até restringidas, inclusive com a promoção da estatização e até de expropriação de empresas de diversos setores. A política intervencionista chavista teve como resultado o desestímulo à produção, a redução de produtos ofertados no mercado e consequente elevação de preços e da inflação.  Paralelamente, o governo venezuelano praticamente esgotou os recursos públicos disponíveis, na maior parte oriundos da venda de petróleo da estatal PDVSA, para oferecer alimentos e outros bens essenciais a preços subsidiados, inclusive energia e combustíveis, além de abrir linhas de crédito generosas para a compra de casas populares.  Com isso, os gastos públicos passaram de 25% do PIB em 1999 para 52% em 2013 e a 60% em 2016, tornando o governo venezuelano praticamente insolvente. 

Como será o desfecho da tragédia venezuelana e qual a lição para o Brasil?

No momento, a situação é tão dramática, que é difícil de prever quando e como terminará ou ao menos será amenizada a tragédia venezuelana.   A dura lição que deve ser aprendida de tudo isso é  que,  em qualquer circunstância, o povo deve resistir ao aliciamento dos discursos populistas,  mas a longa história da humanidade tem mostrado que isso não tem ocorrido com tanta frequência.   

Soji Soja



               




sábado, 21 de maio de 2016

SERVIÇO PÚBLICO DEVE SERVIR BEM AO PÚBLICO E NÃO AO INTERESSE PARTICULAR



A coluna “Visto, lido e ouvido”, do colunista Ari Cunha, no jornal Correio Braziliense, de 26.04.2016, sob o título “Serviços Públicos devem explicação ao público” coloca em evidência um tema recorrente. Segundo esse autor, não é segredo para ninguém que a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população oscila entre o insuficiente e o caótico. Ou seja, há um notório descompasso entre o que é arrecadado dos cidadãos contribuintes na forma de diversos impostos e contribuições e o retorno à sociedade na forma de prestação deficiente de serviços públicos.
            E essa situação é facilmente percebida quando se faz uma visita corriqueira aos hospitais, escolas públicas, cadeias e presídios ou qualquer repartição ou órgão onde é prestado o serviço público. Mesmo que os recursos não sejam aqueles idealmente recomendados, seria possível elevar o nível na qualidade de atendimento se os servidores estivessem totalmente imbuídos da sua missão de servir bem à sociedade, que, enfim, paga os salários e todos os custos associados à manutenção da estrutura governamental.

Fatores que prejudicam a qualidade do serviço público

            Entre outros motivos, a prestação do serviço público é prejudicada por fatores como a distorção no uso de prerrogativas atribuídas aos servidores, como:
(i) as recorrentes greves, ou seja, embora a greve no serviço público não esteja regulamentada, parcela significativa de servidores de algumas carreiras recorre a essa prática que acaba prejudicando a quem o serviço deveria ser prestado, o cidadão comum, que paga os impostos e contribuições necessárias à manutenção do serviço público;
(ii) uso distorsivo de benefícios como licença saúde ou médica, abonos assiduidade, etc. como forma de se ausentar do local de trabalho, muitas vezes, por períodos bastante longos; isso é bastante visível, por exemplo, na rede pública de ensino e de assistência à saúde, onde é notória a falta de profissionais, como professores, médicos e enfermeiros e demais técnicos de assistência médica, decorrente, em grande parte, dessa prática de abstinência forjada ao local de trabalho;
(iii) desvio de função para o qual foi contratado, mediante transferências para outras áreas, normalmente administrativas, inclusive por meio de requisições; por exemplo, policiais fazendo serviços burocráticos ou até requisitados para outros órgãos ou funções, sem qualquer relacionamento com o policiamento, o que representa desperdício enorme de recursos públicos;
(iv) uso lesivo de meios para se conseguir a aposentadoria precoce, inclusive pela invalidez permanente, bem como de outros meios, usados como muita criatividade.

            Enfim, os benefícios e regalias concedidos aos servidores, que teriam objetivo de dar estabilidade e a garantir a continuidade dos serviços, acabam, muitas vezes, sendo usados de forma distorcida, em prejuízo da própria comunidade, a quem o serviço público deveria ser prestado. 

Soji Soja