A revitalização do rio Pinheiros resgataria o sentimento de orgulho em substituição ao de decepção e vergonha
O Projeto Novo Pinheiros (PNP) é um ambicioso projeto de despoluição do Rio Pinheiros na região metropolitana de São Paulo anunciado em 16.08.2019 pelo governador do Estado de SP João Doria com previsão de conclusão até dezembro/2022.
O PNP tem o objetivo de revitalizar o Rio Pinheiros pela união de esforços do setor público e da sociedade, com as metas de reduzir o esgoto lançado em seus afluentes, melhorar a qualidade de suas águas e sua melhor integração ao dia a dia da cidade. Mesmo com a limpeza do rio, a água não será potável, nem poderá ser usado para natação, no entanto, espera-se a melhora do odor pela eliminação do mau cheiro, ampliação da vida aquática e, com isso, trazer a população de volta às suas margens. Espera-se também captar investimentos privados, como a concessão do transporte hidroviário para melhoria da malha de transporte urbano.
A despoluição do rio Pinheiros, de 25 km de extensão, afluente do Rio Tietê, faz parte do Projeto Tietê, iniciado em 1992, para despoluir os rios da capital do Estado e os afluentes diretos ou indiretos do Tietê, inclusive o Pinheiros, o qual já diminuiu a mancha de poluição aquática do rio Tietê, de 530 para 122 quilômetros. A bacia do Rio Pinheiros abrange uma área de 271 km2 nos municípios de São Paulo, Embu das Artes e Taboão da Serra, com população de 3,3 milhões de habitantes.
Para isso, o Projeto Novo Pinheiros contempla ações como:
• coleta e tratamento de esgoto lançado no rio e seus afluentes, com a total conexão de imóveis às redes, evitando assim despejos de esgoto nos afluentes do Pinheiros;
• eliminação de lançamentos de dejetos em córregos e ampliação da coleta de lixo;
• Desassoreamento das suas margens;
• em locais de ocupação informal, onde não seja possível a implantação de redes, poderá ser feito o tratamento do esgoto nos próprios afluentes, em estações de tratamento de esgoto especiais;
• estudo de viabilidade do uso do rio Pinheiros e das áreas no seu entorno para lazer, transporte e atividades esportivas, inclusive pela outorga para interferências no curso do rio, como a construção de pontos de atracagem para barcos e implantação de equipamentos e de novos sistemas de telemetria e vazões afluentes; e
• comunicação e educação ambiental para cooptar a colaboração da população.
A revitalização do rio Tâmisa em Londres como exemplo para o rio Pinheiros
Em 1957, após o rio Tâmisa ter sido considerado biologicamente morto, o governo inglês e as prefeituras ao longo do rio, em 1958, começaram a implantar ações coordenadas para combater a poluição.
Entre as ações tomadas, destacaram-se a ampliação do sistema de coleta e tratamento do esgoto, a aprovação de legislação ambiental que eliminou o despejo de poluentes pelas empresas e indústrias, retirada de pisos impermeabilizantes às margens do rio e a solução do problema recorrente das enchentes com a construção em 1980 da barragem do Tâmisa.
Como resultado dessas ações, na década de 70 reapareceram algumas espécies de peixes que são sensíveis à poluição. Como resultado, o rio recuperou o seu ecossistema, de modo que em 2016 já existiam 125 espécies de peixes, incluindo o retorno da truta do mar e mais de 400 espécies de invertebrados. Houve também o retorno de pássaros, como a garça e o martim-pescador, e mamíferos, como a lontra. Com a despoluição, o rio voltou a ser centro de recreação e a abrigar eventos turísticos e esportivos.
Resgate do orgulho paulistano e brasileiro
Com a revitalização do rio Pinheiros, muita coisa que se via até a década de 1940 provavelmente poderá ser possível como fazer caminhada ecológica ao longo da margem ou passear de barco pelos 25 km do rio Pinheiros, ou até praticar esportes como o remo, o que incrementaria uma série de atividades turísticas e econômicas, como ocorre hoje nos rios que cortam as metrópoles desenvolvidas européias e asiáticas.
Mais do que tudo, ocorreria o resgate do sentimento do paulistano de poder apreciar o rio com orgulho e não de decepção ou vergonha, sentimento que se estenderia a todo o brasileiro, afinal São Paulo é a maior metrópole do País e o centro de atração de brasileiros de todas as regiões e é a porta de entrada aos turistas e visitantes internacionais.
Shoji
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