O aramaico era a língua
falada pelo Cristo e seus apóstolos
Os arameus, descendentes de tribos nômades oriundos da antiga Mesopotâmia, estão ameaçados de extinção como um povo com identidade e cultura próprias. E isso apesar do seu idioma, o aramaico, próximo do hebraico, ser reconhecido como a língua falada por Jesus e seus apóstolos, pelo fato de ter sido predominante na região por vários séculos antes e depois de Cristo, havendo livros do Velho Testamento redigidos em aramaico. O aramaico perdeu a sua importância para o árabe a partir do século VII DC.
A ameaça ao povo arameu decorre do fato dessa região ter sofrido diversas transformações e invasões ao longo da história e sua população originária ter sido espalhada pelo mundo, não se conhecendo hoje o número exato de arameus e seus descendentes nos diversos países. No Oriente Médio, onde se concentram principalmente entre Turquia, Síria e Iraque, o meio onde vivem é hostil, não só geograficamente por ser uma terra quente e árida, mas pelo fato dos arameus professarem a religião cristã em área de predominância islâmica.
Assim, o perigo mais direto para a sobrevivência dos arameus é a ameaça de ações terroristas como a dos jihadistas do Estado Islâmico, a guerra civil que afeta a Síria desde 2011 e o crônico conflito entre o exército turco e a guerrilha curda, sendo os curdos também um povo sem pátria própria, que vivem aproximadamente na mesma área onde habitam os arameus. E a lembrança histórica é amarga pelo fato dos arameus terem sido também vítimas em 1915 no chamado genocídio armênio, perpetrado pelo então império otomano.
Aramean Christians Seek Statehood at UN Forum in Geneva
13 de mar. de 2015
WCA NGO
Declaração pelo reconhecimento do povo arameu na ONU, de 26.11.2014, em Gênova
Nessa declaração, os arameus solicitam:
1 – Reconhecimento dos crimes cometidos contra o povo arameu nos últimos 100 anos, que resultaram na quase destruição do povo arameu e da sua rica herança cultural:
• na Turquia, mais de 500 mil mortos ou expulsos desde 1895;
• no Líbano, mais de 1,5 milhão mortos ou expulsos desde 1860;
• no Iraque, mais de 1 milhão expulsos desde 2003; e
• na Síria, quase 1 milhão deslocados de suas casas desde 2011.
2 – Reconhecimento da continuidade desses crimes na Síria e no Iraque por parte de militantes islâmicos contra o povo arameu, pela prática de tortura, sequestros e assassinatos.
3 – Reconhecimento do povo arameu por outras nações como fez Israel.
Em 2014, o estado de Israel passou a reconhecer o povo arameu como uma minoria étnica, o que permite por exemplo o registro de pessoa com essa identidade como cristão arameu e não mais como cristão árabe, entre o total de 175 mil considerados como cristãos árabes. Solicita-se assim que outros países, especialmente a Turquia, Iraque, Síria, Líbano e Autoridade Palestina, e entidades internacionais reconheçam também o povo arameu e consequentemente os seus direitos humanos.
4 – Pedido à comunidade internacional para o reconhecimento de:
• continuidade do sofrimento de atrocidades e crimes pelos arameus;
• os arameus como um povo distinto; e
• a necessidade de debate sobre a autodeterminação do povo arameu pela garantia de terra e de um estado democrático ao seu povo.
Benefícios aos arameus em Israel
Para a comunidade de 15 mil arameus em Israel, o reconhecimento como etnia separada dos árabes implica em benefícios importantes, como a possibilidade de ter um sistema educacional separado do árabe, ou seja, elimina-se a obrigatoriedade dos arameus e seus filhos estudarem nas escolas árabes, onde se prioriza a herança árabe e islã.
Shoji
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