O cristão arameu deseja
se diferenciar do árabe em Israel
A decisão do Ministério do Interior do Governo de Israel em setembro de 2014 de permitir que o cristão arameu seja registrado em sua identidade como sendo arameu e não mais como árabe parece ser uma medida burocrática sem maior significado, mas na realidade representa um marco simbólico muito importante ao povo arameu, de longuíssima tradição histórica.
Significa aos 15 mil arameus em Israel antes de mais nada a separação da identidade araméia da identidade árabe, à qual não pertence, pois o povo arameu é mais antigo, anterior ao crescimento da civilização árabe que se inicia no século VII DC. Os arameus são descendentes de tribos da antiga Mesopotâmica, falantes do aramaico, que foi a língua franca nessa extensa região por longos séculos, tendo sido inclusive o idioma nativo de Jesus e seus discípulos.
Esta era uma reinvindicação antiga dos arameus, pois eles não se consideram árabes, mas sim cristãos que falam árabe, pelo fato do aramaico ter deixado de ser a língua usual, após o início da preponderância árabe na região a partir do século VII DC.
Com essa separação ficam reconhecidas as igrejas cristãs de origem aramaica:
a Igreja Aramaica-Maronita (com a maioria dos seguidores no Líbano), a Igreja Aramaica-Católica e a Igreja Aramaica-Ortodoxa.
Outro importante impacto é a possibilidade de ter um sistema educacional separado do árabe, eliminando-se a obrigatoriedade dos arameus e seus filhos estudarem nas escolas árabes, onde se ensina a herança árabe e islã, podendo os arameus estudarem nas escolas judaicas regulares, onde-se dá ênfase ao ensino do hebraico e outros temas que facilitam a sua integração à sociedade israelense. Também, o cristão arameu passa a acessar a outros benefícios, como o transporte escolar público gratuito.
A separação do povo arameu da identidade de árabe facilita ainda a adesão dos cristãos arameus às forças armadas de Israel (IDF), principalmente ao deixar de frequentar as escolas árabes, que desestimulam os jovens cristãos a prestar serviço militar israelense.
Father Gabriel Naddaf lights Israel Independence Day Torch
30 de ago. de 2016
نادي اصدقاء الاب جبرائيل نداف - חברי הכומר גבריאל נדאף
Crescente engajamento dos cristãos nas forças armadas israelenses (IDF)
Todos os cidadãos israelenses aos 18 anos, inclusive os judeus ultraortodoxos a partir de 2017, são obrigados a prestar serviço militar em Israel, mas os não judeus, como os muçulmanos e cristãos, a exceção de drusos, circassianos e beduínos, estão excluídos dessa obrigação.
Mas entre os cristãos, há uma forte tendência de se engajaram cada vez mais ao serviço militar israelense, sejam arameus ou não, em função de 2 principais fatores: (i) os cristãos sentem-se mais protegidos em Israel do que nos países árabes limítrofes com predominância muçulmana; e (ii) necessidade crescente de defender Israel como sendo a sua própria pátria.
Nesse esforço, entre os não-arameus, destaca-se Gabriel Naddaf, um padre israelense da Igreja Grega Ortodoxa, porta voz do Patriarcado Grego Ortodoxo de Jerusalém, e um dos fundadores do fórum de recrutamento de cristãos para a força de defesa israelense (Israeli Christian Recruitment Forum), que atua em conjunto com o Conselho de Empoderamento Cristão (Christian Empowerment Council - CEC) apesar da forte oposição ainda originária de certos setores radicais de árabes cristãos, uma das quais é até parlamentar no Knesset israelense.
Shoji
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