sábado, 27 de junho de 2020

A LUTA DO POVO ARAMEU PELA SOBREVIVÊNCIA


O aramaico era a língua falada pelo Cristo e seus apóstolos


Os arameus, descendentes de tribos nômades oriundos da antiga Mesopotâmia, estão ameaçados de extinção como um povo com identidade e cultura próprias. E isso apesar do seu idioma, o aramaico, próximo do hebraico, ser reconhecido como a língua falada por Jesus e seus apóstolos, pelo fato de ter sido predominante na região por vários  séculos antes e depois de Cristo, havendo livros do Velho Testamento redigidos em aramaico. O aramaico perdeu a sua importância para o árabe a partir do século VII DC. 
A ameaça ao povo arameu decorre do fato dessa região ter sofrido diversas transformações e invasões ao longo da história e sua população originária ter sido espalhada pelo mundo, não se conhecendo hoje o número exato de arameus e seus descendentes nos diversos países.  No Oriente Médio, onde se concentram principalmente entre Turquia, Síria e Iraque, o meio onde vivem é hostil, não só geograficamente por ser uma terra quente e árida, mas pelo fato dos arameus professarem a religião cristã em área de predominância islâmica.  
Assim, o perigo mais direto para a sobrevivência dos arameus é a ameaça de ações terroristas como a dos jihadistas do Estado Islâmico, a guerra civil que afeta a Síria desde 2011 e o crônico conflito entre o exército turco e a guerrilha curda, sendo os curdos também um povo sem pátria própria, que vivem aproximadamente na mesma área onde habitam os arameus. E a lembrança histórica é amarga pelo fato dos arameus terem sido também vítimas em 1915 no chamado genocídio armênio, perpetrado pelo então império otomano.    

Aramean Christians Seek Statehood at UN Forum in Geneva
13 de mar. de 2015
WCA NGO

Declaração pelo reconhecimento do povo arameu na ONU, de 26.11.2014, em Gênova

Nessa declaração, os arameus solicitam:
1 – Reconhecimento dos crimes cometidos contra o povo arameu nos últimos 100 anos, que resultaram na quase destruição do povo arameu e da sua rica herança cultural:
na Turquia, mais de 500 mil mortos ou expulsos desde 1895;
no Líbano, mais de 1,5 milhão mortos ou expulsos desde 1860;
no Iraque, mais de 1 milhão expulsos desde 2003; e
na Síria, quase 1 milhão deslocados de suas casas desde 2011.
2 – Reconhecimento da continuidade desses crimes na Síria e no Iraque por parte de militantes islâmicos contra o povo arameu, pela prática de tortura, sequestros e assassinatos. 
3 – Reconhecimento do povo arameu por outras nações como fez Israel.
Em 2014, o estado de Israel passou a reconhecer o povo arameu como uma minoria étnica, o que permite por exemplo o registro de pessoa com essa identidade como cristão arameu e não mais como cristão árabe, entre o total de 175 mil considerados como cristãos árabes. Solicita-se assim que outros países, especialmente a Turquia, Iraque, Síria, Líbano e Autoridade Palestina, e entidades internacionais reconheçam também o povo arameu e consequentemente os seus direitos humanos. 
4 – Pedido à comunidade internacional para o reconhecimento de:
continuidade do sofrimento de atrocidades e crimes pelos arameus;
os arameus como um povo distinto; e 
a necessidade de debate sobre a autodeterminação do povo arameu pela garantia de terra e de um estado democrático ao seu povo.

Benefícios aos arameus em Israel
Para a comunidade de 15 mil arameus em Israel, o reconhecimento como etnia separada dos árabes implica em benefícios importantes, como a possibilidade de ter um sistema educacional separado do árabe, ou seja, elimina-se a obrigatoriedade dos  arameus e seus filhos estudarem nas escolas árabes, onde se prioriza a herança árabe e  islã.
Shoji





sábado, 20 de junho de 2020

OS SUPERBENEFÍCIOS DA MAGISTRATURA EM TEMPO DE COVID-19


A revista Época nº 888, de 15.06.2015, mostrou como os juízes estaduais e promotores ultrapassavam o teto remuneratório constitucional do funcionalismo público, que atualmente é de R$ 39.293,32, correspondente ao salário do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mediante o recebimento de diversos auxílios, gratificações, verbas, ajudas de custo, que podiam chegar ao total de 32, muitos dos quais não estão sujeitos ao limite do teto e nem à cobrança do Imposto de Renda (IR). Entre os auxílios destacavam-se:  moradia, alimentação, transporte, plano de saúde, adoção, creche, cursos, educação, doença, funeral, mudança, natalidade, livros e informática, etc., que elevavam a média de rendimentos totais de juízes e desembargadores nos Estados, à época, a R$ 41.802 mensais, correspondendo a 23 vezes o rendimento médio do trabalhador no Brasil.
Esses chamados superbenefícios amparam-se em um dispositivo constitucional (art. 37, §11º), que isentaria do computo do teto remuneratório “as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei”. Essa interpretação é no mínimo questionável do ponto de vista lógico e prático, pois se todos têm que arcar com despesas dessa natureza com seus salários normais, qual seria a justificativa para não equiparar esses benefícios aos salários para essa elite de servidores? 
Essa situação pouco mudou desde então, inclusive como mostra o artigo “Terraplanismo constitucional e supersalários da República”, assinado pelo advogado criminalista Paulo Sergio Coelho, no jornal Valor Econômico, de 05.05.2020, pg. A-10, segundo o qual, em março/2020, dos 360 desembargadores do Tribunal de Justiça de SP, apenas 7 receberam rendimento inferior ao teto constitucional, tendo sido o salário médio desse grupo de R$ 56.296,35. No Ministério Público de SP, dos 1.890 promotores e procuradores, somente 140 receberam abaixo do teto constitucional, com salário médio de R$ 53.147,52.  

Referências:
a) Na Suécia, juízes e políticos são "cidadãos comuns"
20 de set. de 2013
Observatório Social do Brasil
b) $ 890 milhões de auxílios a juízes
18 de dez. de 2017
Jornal da Gazeta

Na Europa é muito diferente
Na Europa, um levantamento do Conselho da Europa, de 2012, mostrava que os juízes iniciantes de 26 países europeus recebiam somente 2,2 vezes a média salarial de seus países, contra 14 vezes no Brasil, e os salários dos membros da Corte Suprema equivaliam a 4,2 vezes o vencimento médio nacional, e esse quadro não deve ter se alterado substancialmente.  

Quadro fiscal gravíssimo pela inusitada pandemia do coronavírus (Covid-19)
A manutenção desse tipo de benefício   é, no mínimo, questionável do ponto de vista moral e representa um péssimo exemplo de falta de austeridade neste momento em que o País atravessa séria crise econômica e social, que se agrava ainda mais pela inusitada pandemia do coronavírus.  
Assim, a redução brutal da atividade econômica decorrente da pandemia pode levar à queda de 6,5% do PIB em 2020, com 36,6 milhões de desempregados, ao mesmo tempo que o combate aos efeitos da pandemia acarreta em gastos públicos imprevistos, como a concessão do auxílio emergencial de R$ 600 a cada um dos trabalhadores informais, autônomos e desempregados, com gasto mínimo mensal de R$ 50 bilhões, que levará a um inusitado desequilíbrio fiscal em 2020 e nos anos seguintes. O desequilíbrio fiscal que já era gravíssimo nos estados e municípios, passa a afetar seriamente também a esfera federal, de modo que o déficit primário do governo federal que estava previsto para 2020 em R$ 124 bilhões pode se elevar a R$ 800 bilhões, enquanto a dívida pública federal poderá subir a 90% do PIB ao fim de 2020. 
Se o sistema judiciário de um país não for capaz de ter o respeito dos cidadãos, toda a sociedade estará condenada. Haverá mais crimes, mais ganância na sociedade, e cada vez menos confiança nas instituições do país. Juízes têm o dever, portanto, de preservar um alto padrão moral e representar bons exemplos para a sociedade, sem manutenção de privilégios indevidos. 
Sem dúvida, o poder judiciário, e os juízes como seus representantes máximos, deve intrinsecamente portar-se de maneira exemplar  para  poder exercer em sua plenitude a  função primordial de pacificar os conflitos na sociedade, e, assim, permitir a continuidade e a sua evolução ao longo do tempo.
Shoji

sábado, 13 de junho de 2020

SOROBAN ESTIMULA HABILIDADES CEREBRAIS


O soroban estimula o lado direito do cérebro, responsável pela criatividade e intuição


O soroban, também conhecido como ábaco japonês, é um instrumento tradicional para cálculo, originário e introduzido da China em torno do ano 1600 DC, ainda hoje utilizado no Japão e em outras partes da Ásia, no comércio e nos escritórios, mas em menor escala em função da popularização das calculadoras eletrônicas e dos computadores. Mas ainda hoje é muito usado principalmente nas escolas japonesas devido aos benefícios proporcionados no treinamento dos alunos em termos de agilidade mental e raciocínio lógico.  
O soroban permite realizar contas com agilidade e precisão, como adição, subtração, divisão, multiplicação e extração de raízes quadrada e cúbica, bem como trabalhar com horas, minutos, segundos, conversão de pesos e medidas, operando com números inteiros, decimais e negativos.

Anzan Soroban
Após uma certa prática, é possível fazer cálculo sem o uso do soroban instrumental, conforme técnica chamada de anzan soroban ou soroban mental, mediante a visualização do instrumento em sua mente. Mais surpreendente é a técnica conhecida como flash anzan em que o aluno mostra a capacidade de fazer cálculo com número de vários dígitos, exibidos em uma tela ou ditados em voz alta em sequência.      
Como forma de estimular os alunos a se esforçarem e a conferir o seu grau de habilidade, são realizados campeonatos de soroban com a participação maciça de crianças, jovens e adultos, não somente no Japão, mas também em outras partes do Mundo.   

Ref. Soroban  a)Crianças e jovens fazem cálculos com o soroban
20 de ago. de 2018
Jornal da Gazeta
b) Competição com o soroban (ábaco japonês) INCRÍVEL!!
5 de set. de 2018
Professor Ricardo Alencar Matemática

Estímulo ao lado direito do cérebro
Segundo especialistas no estudo do cérebro, o aprendizado do soroban ativa a criatividade e a intuição, habilidades associadas ao lado direito do cérebro, complementando o cálculo lógico adotado pelo ensino escolar tradicional, permitindo o balanceamento das 2 partes cerebrais, o que contribui para o aperfeiçoamento da pessoa de maneira integral. 

Benefícios adicionais
Com o soroban, treina-se a capacidade de processar informações e armazená-las na forma de imagens, desenvolvendo a habilidade de reter na memória várias informações simultâneas por mais tempo.  
A prática do soroban desenvolve não somente agilidade e precisão no cálculo matemático mas também inúmeras outras habilidades como: disciplina, perseverança, concentração, memorização, coordenação motora, raciocínio lógico, espírito cooperativo e senso de responsabilidade, sendo também muito recomendado aos idosos, como forma de prevenir os males associados à senilidade.
Shoji

sábado, 6 de junho de 2020

DOCUMENTO ÚNICO PARA FACILITAR O CIDADÃO - DNI


O DNI pretende ser o documento único para agilizar acesso ao serviço público



Conforme o artigo “Um Big brother para o bem”, da revista Exame nº 1177, de 23.01.2019, pg. 58, a Estônia, um pequeno país báltico de 1,32 milhão de habitantes, está usando a tecnologia para acabar com a burocracia no acesso aos serviços públicos daquele país. O passo inicial foi dado em 2002 com a criação da identidade única digital que serve de base para quase todo relacionamento do cidadão com o governo, tais como: declaração do imposto de renda, título de eleitor, que permite votar pela internet, carteira para uso do serviço público de saúde, carteira de motorista, passaporte, etc.  Pode ser usado ainda para relacionamentos privados, como transações bancárias, realização de contratos, assinatura de documentos digitais, envio e recebimento de documentos, pagamento de estacionamentos, acesso a histórico médico, obtenção de receitas médicas, registro civil nos cartórios, criação e fechamento de empresas, etc.  
Além da agilização, o uso do documento único digital permite o aperfeiçoamento dos serviços essenciais à população, como (i) a possibilidade dos hospitais públicos acessarem o histórico médico de cada paciente ou (ii) o registro do desempenho escolar dos estudantes num sistema nacional, que permite a melhor gestão da qualidade de ensino. Em contrapartida, o aumento da digitalização da sociedade requer a tomada de medidas de segurança das informações e de proteção à privacidade do cidadão, as quais devem ser revisadas e aperfeiçoadas constantemente.  


Refs. a) Burocracia dificulta prestação de serviços ao público
14 de set. de 2018
Tribunal de Contas da União
b) Visitamos a Estônia, o país mais digital do mundo; 28 de out. de 2019
Olhar Digital

Documento único no Brasil está longe da realidade
No Brasil, a digitalização e consequente agilização dos serviços públicos está  bastante atrasada. Além disso, a legislação sobre o assunto, além de pouco efetiva, é muito confusa, principalmente quanto ao aspecto da implementação de fato do documento único de identificação para facilitar a vida do cidadão. Por exemplo, a Lei nº 13.444, de 11.05.2017, criou o Documento Nacional de Identidade (DNI), mas este não é caracterizado claramente como sendo único. Essa Lei não é de fácil entendimento ao cidadão comum, mas tudo indica que o DNI substituirá documentos como o Cadastro de Pessoa Física (CPF), título de eleitor, certidão de nascimento e casamento, e a carteira de identidade (RG). Com base no CPF, será possível, em princípio, o cruzamento das informações constantes das bases de dados oficiais.  O acesso integrado aos sistemas de dados oficiais com base no documento único seria fundamental para a facilitação ao cidadão como ocorre na Estônia.  
Para aumentar a complexidade e a confusão do tema do documento único, o Decreto nº 9.723, de 11.03.2019, determina que enquanto o DNI não estiver operacional e disponível a todos, o nº do CPF deverá substituir documentos como: Número de identificação do trabalhador (NIT), nº do cadastro no Programa de Integração Social (PIS) ou no Programa de Formação do Servidor Público (Pasep), nº da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), Carteira Nacional de Habilitação (CNH), nº de matrícula nas instituições públicas federais de ensino superior, certificado de Alistamento Militar e de Reservista, nº  de inscrição nos conselhos de fiscalização de profissão regulamentada e nº de inscrição no Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal, que permite acesso aos benefícios como o Bolsa-Família. 

O DNI será de fato o documento único de identificação?
Pela legislação aprovada, dá a entender que o DNI não será o documento único, nos moldes por exemplo da Estônia. Mas enquanto o DNI não estiver operacional e disponível a todos o nº do CPF continuará sendo de fato, mas de forma parcial, o documento único que ainda falta ao País.  
Shoji