O povo yazidi precisa
de um abrigo seguro no Oriente Médio
Os yazidis constituem uma comunidade étnico-religiosa
curda que pratica uma antiga religião monoteísta sincrética, o yazidismo, uma religião com raízes persas, com mescla de elementos
pré-islâmicos das tradições religiosas mesopotâmicas/assírias, bem como do
mitraísmo, cristianismo e islamismo. Os
yazidis são monoteístas, que acreditam num só Deus, que teria criado o mundo e
confiou-o aos cuidados de um grupo de 7 seres divinos, também chamados anjos,
dentre os quais se destaca o Melek Taus (“Anjo Pavão”). Melek
Taus também é conhecido como Shaytan, nome dado pelo Alcorão ao Satanás, o que leva
muitos muçulmanos, principalmente os mais radicais, a considerarem os yazidis
como adoradores do diabo.
A maior parte dos yazidis vive ou é originária da província de Ninawa, no norte do Iraque, com capital em Mossul, região que fez parte da antiga Assíria, mas também há comunidades desse povo na Armênia, Geórgia e Síria, as quais têm registrado um acentuado
declínio desde a década de 1990, devido à emigração para a Europa Ocidental, com destaque à Alemanha. O total da população yazidi é
incerta, sendo a mesma estimada entre
800 mil a 1 milhão de pessoas.
Por causa da sua crença, os yazidis têm sido perseguidos ao
longo de séculos, vítimas de ódio e genocídios, tanto de cristãos como de
muçulmanos. Durante o Império
Otomano, havia uma grande comunidade yazidi na Síria, entretanto,
a mesma declinou devido às perseguições estimuladas
pelos governantes otomanos de Diyarbakır, Mossul e Bagda, com o objetivo de converter à força os yazidis ao islamismo sunita hanafista, a religião oficial do império.
Nas últimas décadas do século
XX, os yazidis, como os curdos,
foram perseguidos e deslocados das suas terras pelo regime de Saddam Hussein. Na década de 1980, foram destruídas cerca 4 000 aldeias yazidis como
parte das operações levadas a cabo pelo regime iraquiano contra a insurgência
dos curdos, que tiveram o seu auge em 1988.
Em agosto de 2014, a população yazidi foi alvo de
massacres pelo grupo extremista Estado
Islâmico (EI), como parte da campanha para livrar o Iraque e os
países vizinhos de quaisquer influências não muçulmanas, nas quais não foram poupadas nem as mulheres
e crianças.
Em 2014, parte da população yazidi no
Iraque foi salva graças ao apoio de vários
países e ao fornecimento de armamento moderno aos combatentes curdos
Peshmerga, que protegiam os yazidis. Assim, na região das montanhas de Sinjar,
foi possível aos curdos Pesherga estabelecer um corredor humanitário, o que propiciou aos refugiados a
atravessar o rio Tigre em direção à Síria.
O Curdistão como abrigo seguro aos
curdos e às outras minorias perseguidas como os yazidis
No conturbado Oriente Médio, com a
perspectiva de expulsão do Estado Islâmico de Mossul ao norte do Iraque ao
final de 2016, abre-se uma perspectiva concreta de criação de um país próprio
aos curdos. Em função do caráter tolerante e não fundamentalista do povo curdo,
esse novo país poderia também abrigar outras minorias perseguidas como os
yazidis.
Soji Soja
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