sábado, 2 de abril de 2022

HIBAKUSHA: TESTEMUNHA VIVA PELO BANIMENTO DE ARMA NUCLEAR

 A memória viva de Setsuko Thurlow contra os horrores da bomba atômica

Na manhã de 24.02.2022, 5ª feira, o Mundo assistiu estupefato e aterrorizado o início da agressão da Rússia, liderada pelo governo de Vladimir Putin, contra a Ucrânia, configurando o maior conflito militar na Europa desde a deflagração da 2ª Guerra Mundial há 83 anos. O ataque russo, por si só deplorável, caracteriza-se como ato inaceitável pela franca imoralidade de uma nação mais poderosa avançar sobre outra muito mais fraca militarmente, sem justificativa plausível ou razoável, a não ser pelo inconfessável propósito de dominar ou impor um governo submisso em um território vizinho importante sob seus interesses geopolíticos e econômicos.

A agressão russa despertou oposição internacional maciça não somente pelo uso de  aterradora força militar mas também pelo monumental sacrifício que está sendo imposto à população civil ucraniana, que está sofrendo enormes perdas humanas e também materiais, obrigando muito de seus habitantes a deixar tudo para trás, ou seja, toda a sua experiência de vida até então, para buscar refúgio em locais mais seguros, inclusive nos países vizinhos.

Interview Setsuko Thurlow rescapée d"Hibakusha Brut 04.03.2020

Guerra na Ucrânia; ataque russo ao centro de Kharkiv UOL 01.03.2022

Além da destruição e horror causados por uma guerra pelo uso de armamentos cada vez mais modernos e mortíferos, comuns a qualquer conflito militar em larga escala, a invasão da Ucrânia pela Rússia vem despertando receios ainda mais amplos, pela possibilidade, embora remota, de seu extravasamento por territórios além-Ucrânia, pelo fato de opor Rússia, não somente à Ucrânia, mas também a outros países que se dispõem a ajudar a Ucrânia de todas as formas inclusive pelo fornecimento de armamentos para que os ucranianos possam se defender contra a notória superioridade militar russa.

 O fantasma da possibilidade de nuclearização da guerra

Entre esses receios e consequências, embora pouco prováveis, não pode ser afastado totalmente o uso de alguma forma de armamento nuclear.

Para prevenir esse perigo, é inevitável retomar a lembrança sobre os efeitos devastadores provocados pelas armas nucleares, como mostraram há 77 anos as catástrofes provocadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, até hoje as únicas vítimas desses abomináveis armamentos.

 A memória viva dos hibakushas

Na conscientização da população mundial sobre o risco das armas nucleares, atuam de forma incansável vários dos sobreviventes das explosões atômicas, denominados por hibakusha no idioma japonês, para que esses terríveis fatos não voltem a se repetir.

 A ativista anti-nuclear Setsuko Thurlow

Entre os ativistas hibakusha em prol do banimento das armas nucleares, destaca-se a canadense de origem japonesa, Setsuko Thurlow (nascida Nakamura), que aos 13 anos, em 06.08.1945, sobreviveu ao lançamento da primeira bomba atômica, em Hiroshima, mas sua sobrevivência pode ser considerada até milagrosa pois ela estava a apenas 1,8 km do epicentro da explosão.

Após estudar inglês em Hiroshima, em 1954, ela  recebeu  bolsa para ingressar na Universidade Lynchburg em Virgínia nos EUA, alcançando depois o grau de mestrado na Universidade de Toronto.  Setsuko iniciou o seu ativismo anti-nuclear em 1954 após o teste da bomba de hidrogênio pelos EUA no atol de Bikini nas Ilhas Marshall. Anos depois em 2007, tornou se membro fundador do ICAN (sociedade civil para campanha internacional pela abolição das armas nucleares) no Canadá. Como figura de liderança no ICAN, Setsuko foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 2017. 

Shoji 

 

 

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