A memória viva de Setsuko Thurlow contra os horrores da bomba atômica
Na manhã de 24.02.2022, 5ª feira,
o Mundo assistiu estupefato e aterrorizado o início da agressão da Rússia,
liderada pelo governo de Vladimir Putin, contra a Ucrânia, configurando o maior
conflito militar na Europa desde a deflagração da 2ª Guerra Mundial há 83 anos.
O ataque russo, por si só deplorável, caracteriza-se como ato inaceitável pela
franca imoralidade de uma nação mais poderosa avançar sobre outra muito mais
fraca militarmente, sem justificativa plausível ou razoável, a não ser pelo
inconfessável propósito de dominar ou impor um governo submisso em um
território vizinho importante sob seus interesses geopolíticos e econômicos.
A agressão russa despertou
oposição internacional maciça não somente pelo uso de aterradora força militar mas também pelo
monumental sacrifício que está sendo imposto à população civil ucraniana, que
está sofrendo enormes perdas humanas e também materiais, obrigando muito de
seus habitantes a deixar tudo para trás, ou seja, toda a sua experiência de
vida até então, para buscar refúgio em locais mais seguros, inclusive nos países
vizinhos.
Guerra na Ucrânia; ataque russo ao centro de Kharkiv UOL 01.03.2022
Além da destruição e horror causados por uma guerra pelo uso de armamentos cada vez mais modernos e mortíferos, comuns a qualquer conflito militar em larga escala, a invasão da Ucrânia pela Rússia vem despertando receios ainda mais amplos, pela possibilidade, embora remota, de seu extravasamento por territórios além-Ucrânia, pelo fato de opor Rússia, não somente à Ucrânia, mas também a outros países que se dispõem a ajudar a Ucrânia de todas as formas inclusive pelo fornecimento de armamentos para que os ucranianos possam se defender contra a notória superioridade militar russa.
Entre esses receios e consequências,
embora pouco prováveis, não pode ser afastado totalmente o uso de alguma forma
de armamento nuclear.
Para prevenir esse perigo, é inevitável
retomar a lembrança sobre os efeitos devastadores provocados pelas armas nucleares,
como mostraram há 77 anos as catástrofes provocadas nas cidades japonesas de
Hiroshima e Nagasaki, até hoje as únicas vítimas desses abomináveis armamentos.
Na conscientização da população
mundial sobre o risco das armas nucleares, atuam de forma incansável vários dos
sobreviventes das explosões atômicas, denominados por hibakusha no idioma
japonês, para que esses terríveis fatos não voltem a se repetir.
Entre os ativistas hibakusha em
prol do banimento das armas nucleares, destaca-se a canadense de origem japonesa,
Setsuko Thurlow (nascida Nakamura), que aos 13 anos, em 06.08.1945, sobreviveu ao
lançamento da primeira bomba atômica, em Hiroshima, mas sua sobrevivência pode
ser considerada até milagrosa pois ela estava a apenas 1,8 km do epicentro da explosão.
Após estudar inglês em Hiroshima,
em 1954, ela recebeu bolsa para ingressar na Universidade Lynchburg
em Virgínia nos EUA, alcançando depois o grau de mestrado na Universidade de Toronto. Setsuko iniciou o seu ativismo anti-nuclear
em 1954 após o teste da bomba de hidrogênio pelos EUA no atol de Bikini nas
Ilhas Marshall. Anos depois em 2007, tornou se membro fundador do ICAN (sociedade
civil para campanha internacional pela abolição das armas nucleares) no Canadá.
Como figura de liderança no ICAN, Setsuko foi agraciada com o Prêmio Nobel da
Paz em 2017.
Shoji
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