sábado, 26 de março de 2022

AMAZÔNIA SOB RISCO DE VIRAR SAVANA

 Ações decisivas devem ser tomadas para evitar o desastre da savanização da maior floresta tropical do Mundo  

Um estudo publicado em 07.03.2022 pela revista especializada Nature Climate Change revelou que a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, se aproxima de seu ponto de irreversibilidade ou de não retorno, ou seja quando  a floresta perde a capacidade de se regenerar por si.


a) Floresta Amazônica em perigo, com Ricardo Abramovay (parte 1) 28 de ago. de 2019 Brasil de Fato

b) Amazônia ameaçada 23 de abr. de 2021 o planeta azul

O desmatamento está exaurindo a capacidade de regeneração florestal

Isso decorre da contínua perda da cobertura florestal, por efeito do desmatamento e da queimada, levando o bioma amazônico a se tornar gradualmente um ecossistema mais aberto, como o cerrado ou savana, ou ainda como matas menores e mais secas, o que significaria a morte da Amazônia como imensa floresta úmida, com consequências devastadoras. Isto é, a eventual transformação da bacia amazônica em savana pode gerar série de efeitos preocupantes, tanto regional ou globalmente, a começar pelo aumento significativo de emissões de gás carbônico, acentuando o aquecimento global. Além disso, a floresta amazônica abriga uma variedade única de biodiversidade e influencia fortemente o regime de chuvas em toda a América do Sul por meio da sua enorme capacidade de evapotranspiração e de armazenamento de carbono.  

 

É necessário parar o processo de ocupação urbana e de cultivo e de pecuária na Amazônia

Segundo os dados levantados, a capacidade de resistência da Amazônica diminuiu, em particular, nas estiagens de 2005 e 2010, como parte de um declínio observado desde o início dos anos 2000 até 2016, constatando-se ainda que em regiões próximas ao uso humano da terra, como áreas urbanas e terras de cultivo e  de pecuária, as florestas tendem a perder resistência mais rapidamente.

Este não é o primeiro estudo que indica a aproximação do ponto de não retorno. Outra pesquisa, liderada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e publicado em julho/2021, mostrou que que algumas áreas da Amazônia estão emitindo mais gás carbônico do que absorvendo.

O alerta sobre o risco sofrido pela Amazônia não é recente pois uma das pesquisas pioneiras feitas no início da década de 1990, por Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP, quanto à perda de resiliência da Amazônia, já mostrava que a aceleração do desmatamento combinada com o aquecimento global, poderia levar o bioma amazônico a perder a sua biodiversidade e suas características inerentes de imensa floresta úmida.

 

Ainda há tempo para salvar a Amazônia?

O tempo para salvar a Amazônia é cada vez mais curto mas para isso é imprescindível reduzir drasticamente o desmatamento, chegando à total cessação o que deve ocorrer até 2030 segundo compromisso do governo brasileiro assumido nos fóruns mundiais sobre meio ambiente. Adicionalmente, deve ser feito grande esforço para restaurar as coberturas florestais em áreas mais fragilizadas como nos flancos sul e sudeste da floresta.

Shoji

 

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