sábado, 31 de julho de 2021

JUDÔ OLÍMPICO SUPERANDO CONFLITO POLÍTICO

 Mollalei, ex-judoca iraniano, competiu por Mongólia e ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas de Tokyo 2020

Em 27.07.2021, o ex-judoca iraniano Saeid Mollaei conquistou a medalha de prata de judô masculino na categoria de peso até 81 kg nas Olímpiadas de Tokyo, lutando pela Mongólia, ao ser derrotado na final pelo judoca japonês Takanori Nagase.

 

Ref.: a) The True story of a Fight for Life 1 de set. de 2019 Judo

b) True Sportsmanship: Iranian Refugee Dedicates Olympic Medal to 'Friends' in Israel 28 de jul. de 2021 HonestReporting Videos

Pressões antiesportivas das autoridades  iranianas

2 anos antes, em agosto/2019, no campeonato mundial de judô, realizado na mesma cidade, Tokyo, Saeid, lutando ainda pelo seu país natal, o Irã,  tinha passado por um episódio de grande repercussão na sua vida, como também na prática de um desporto de prestígio mundial, no caso o judô.  Na semifinal, embora favorito contra o belga Matthias Casse, ele foi pressionado pelas autoridades iranianas a não lutar, para evitar na final a disputa contra Sagi Muki, de Israel, que viria a ser campeão dessa categoria até 81 kg, simplesmente pelo fato de Sagi ser israelense, originário de um país contra o qual Irã tem uma forte posição conflituosa, basicamente de naturezas religiosa e geopolítica.

Por essa atitude, a Federação Internacional de Judô (IJF), por considerá-la contrária aos princípios e estatutos da entidade, suspendeu o Irã por 4 anos dos eventos internacionais, podendo os judocas iranianos, caso queiram, participar de competições internacionais sob a bandeira do IJF.

 Mudança de Irã, apoio do judoca israelense e aceitação da cidadania mongólica

Após essa competição, por receio de retornar a Irã, por ter exposto contrariedade pelas pressões sofridas das autoridades iranianas, ele se mudou em agosto/2019 para Alemanha por ter conseguido visto por 2 anos nesse país. Em novembro/2019, como parte da equipe de refugiados sob a bandeira do IJF ele participou do Osaka Grand Slam, recebendo por isso felicitações do atleta israelense Sagi Muki, as quais foram retribuídas por Saeid, com os 2 postando uma foto, contendo dizeres que enaltecem a verdadeira amizade e a vitória do esporte e do judô sobre a política.

Em dezembro/2019, o presidente da Mongólia e também presidente da federação da Mongólia de judô, Khaltmaagiin Battulga, ofereceu a Saeid a cidadania mongólica, que foi por ele aceita, passando a competir por Mongólia.   

Assim, representando Mongólia, Mollaei participou do  Grand Slam Hungary 2020 na Hungria, e em fevereiro/2021 do Tel Aviv Grand Prix, e como preparativos para as Olimpíadas nos meses precedentes a julho/2021 treinou em Israel com o time nacional israelense,  culminando com a participação nas Olimpíadas Tokyo 2020, onde conquistou a medalha de prata.

 Esporte como meio de contornar os conflitos políticos

O drama passado por Saeid Mollaei mostra claramente como a política não deve interferir nos esportes, principalmente no âmbito das Olimpíadas, onde os atletas representando todos os países do mundo, muito dos quais com mínima chance de ganhar uma medalha,  regojizam se simplesmente pelo fato de poder estar presente no maior evento esportivo do mundo, relembrando o princípio original e mais importante das Olimpíadas de que o mais importante,  mais do que ganhar, é participar desse congraçamento mundial. 

Shoji

 

 

 

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

PRIMEIRA ÁRABE MUÇULMANA ASTRONAUTA

 Nora Al Matrooshi como primeira árabe astronauta abre novas perspectivas no trabalho das árabes muçulmanas

Ao longo do desenvolvimento das sociedades humanas, estas se organizaram preponderantemente sob o predomínio dos homens sobre as mulheres, em função basicamente da superioridade da força física masculina sobre a feminina. Ou seja, historicamente as sociedades humanas se fundamentaram sob o patriarcado, no qual a sociedade se organiza em torno de figuras de autoridade do sexo masculino. Ou seja, nesse sistema, os pais e os homens em geral têm autoridade sobre as mulheres, as crianças, a propriedade e sobre todos os meios de produção e econômicos, implicando em instituições de regras e privilégios masculinos e consequente subordinação feminina.

Entretanto, à medida que se percebia que o patriarcado como um sistema social injusto e opressivo às mulheres, iniciou-se o movimento pela emancipação feminina, com a gradual valorização da condição da mulher e de maior equiparação do papel e dos direitos dos homens e das mulheres na sociedade.  

Atualmente, é inegável o avanço alcançado na questão da igualdade de gênero nos últimos séculos e anos, embora o pleno reconhecimento de igualdade de oportunidades e de condições entre os gêneros ainda esteja longe do adequado em várias atividades e regiões do Mundo, como nos países regidos pelo islamismo conservador e fundamentalista.  

 

      • Ref.: a) Emirados Árabes contratam 1° mulher astronauta 12 de abr. de 2021 Band Jornalismo
      • b) Emiratos Árabes Unidos prepara a su primera mujer astronauta árabe Nora Al Matrooshi 8 de jul. de 2021 Euronews (en español)
      • c) Emirados Árabes anunciam primeira mulher de seu programa espacial 13 de abr. de 2021 Olhar Digital
      • d) Nora al-Matrooshi, the first Arab woman training to be an astronaut 7 de jul. de 2021 africanews

 Primeira árabe muçulmana astronauta

Entretanto, o quadro de restrição no trabalho das mulheres árabes muçulmanas pode ter novas perspectivas, por exemplo, com o anúncio em 10.04.2021, da contratação da primeira mulher astronauta árabe, Nora Al Matrooshi, pelo programa de astronautas do Centro Espacial Mohammed Bin Rashid (MBR) dos Emirados Árabes Unidos (EAU), conforme declaração do vice-presidente e primeiro-ministro dos EAU  e governante de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum. Nora foi selecionada junto com Mohammed Al Mulla entre mais de 4 mil candidatos e receberão treinamento na NASA, em Houston nos EUA, para futuras missões de exploração espacial.

Nora, assim, nascida em 1993, se torna a primeira mulher não apenas nos EAU, mas em todo o mundo árabe a se tornar uma astronauta. Após ter se diplomado como bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade dos Emirados Árabes Unidos em 2015, ela acumulou vasta experiência na área, tendo já representado os Emirados Árabes na Conferência da Juventude das Nações Unidas no verão de 2018 e no inverno de 2019, tendo também atuado como engenheira da National Petroleum Construction Company.

 Engajamento dos EAU como primeiro país árabe na exploração espacial

O recrutamento dos 2 novos astronautas, inclusive a Nora, ocorre depois que os EAU em fev/2021 alcançaram o histórico êxito de colocar a sonda Al Amal (Esperança) na órbita de Marte na 1ª missão espacial de um país árabe. Anteriormente, em set/2019, o emir Hazza al Mansouri tinha se tornado o 1º cidadão árabe a permanecer na Estação Espacial Internacional (ISS), onde ficou por uma semana, à qual se juntou a bordo de um foguete russo Soyuz.

Shoji

sexta-feira, 9 de julho de 2021

RESERVA AMBIENTAL RPPN NA ZONA SUL DE SP

 Área reflorestada com vegetação nativa da Mata Atlântica serve de abrigo e refúgio para várias espécies animais

Desde 1995, o Sítio Curucutu, na estrada do Capivari, a cerca de 50 km ao sul do centro da cidade de SP, perto da Serra do Mar, com área florestada de 850 mil m2, equivalente a 750 campos de futebol, é reconhecido como Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN), um certificado do governo federal no qual os proprietários privados assumem a responsabilidade de manter a preservação da natureza, de proteger os recursos hídricos, de auxiliar no manejo e de colaborar no desenvolvimento de pesquisas científicas, entre outros serviços ambientais.

Além da área florestada com vegetação nativa da Mata Atlântica, a RPPN se tornou habitat e refúgio de centenas de espécies de aves e animais como tatus, cobras, antas, gatos e cachorros do mato e até onça, onde a Secretaria do Verde e Meio Ambiente do Município de São Paulo tem, desde 2018, como sítio de soltura de animais apreendidos, muitos deles em estado grave de saúde física. Dos animais recebidos, 90% são aves, muitas com ferimentos de várias origens.  

 

Ref.: a) Advogado fez do seu sítio uma reserva ambiental que hoje serve de habitat para centenas de animais 18 de jun. de 2021 Estadão

b) “Curucutu”, uma reserva florestal particular em São Paulo 8 de set. de 2017 Jornal da Gazeta


Transformação em RPPN em 1995 para os benefícios ambientais na localidade

A criação da RPPN foi resultante basicamente do esforço do advogado Jayme Vita Roso, hoje com 87 anos, que comprou as primeiras terras às margens da Rodovia dos Imigrantes, para fazer loteamento no final dos anos 60. Mesmo sem o devido conhecimento ambiental, Jayme se incomodava com o desmatamento e, assim, decidiu reflorestar ao mesmo tempo que foi comprando mais terras no entorno, acabando por plantar 600 mil mudas de árvores e criar uma floresta com área de 850 mil m2 de vegetação nativa, que serve também de abrigo para diversas espécies animais.

Pela ação transformadora para a região no extremo sul de São Paulo, Jayme Roso, merecidamente, recebeu em 2004 o título de Cidadão Emérito pela Câmara Municipal de São Paulo.

O sítio atualmente é administrado pelas filhas de Jayme, Ana e Vera, que são as responsáveis por plantar, somente mudas de espécies nativas de Mata Atlântica, e por repensar o sítio para se tornar viável financeiramente, dentro do escopo do que é permitido numa RPPN, como promover o ecoturismo, realizar o plantio sustentável, além de realizar atividades educativas, autorizadas pelo órgão ambiental responsável.

Ao final, é muito gratificante perceber como a ação de um cidadão e seus familiares contribuem para melhorar a realidade e as condições ambientais de uma região próxima de uma grande metrópole como São Paulo, que tem uma notória escassez de áreas florestais preservadas para o benefício de seus habitantes e para a fauna local.

Shoji

 

 

 

sábado, 3 de julho de 2021

CATÁSTROFE CLIMÁTICA PLANETÁRIA PODE SER EVITADA

 Projeto Drawdown apresenta caminho viável para a reversão do efeito estufa   

Na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, 195 nações, inclusive o Brasil, apresentaram as suas contribuições para a 21ª Conferência do Clima da ONU (COP21), realizada em Paris entre 30 de novembro e 11 de dezembro/2015, com o principal objetivo de conter o aquecimento do planeta em até 2º C até o fim deste século, em relação aos níveis pré-industriais, e assim evitar as mudanças climáticas catastróficas para a Terra. É muito evidente que esse compromisso é muito difícil de ser alcançado e isso só será possível se ocorrer o efetivo engajamento dos países, envolvendo os seus entes públicos, privados e não-governamentais e principalmente os  maiores interessados, os seus cidadãos.  

Na realidade, o Mundo está vivendo um tempo de transformação dramática e se encontra numa encruzilhada em que devemos escolher a postura a  ser colocada em prática, na medida que a humanidade já ultrapassou a capacidade de carga e exploração do Planeta de modo que reverter a sua pegada ecológica passa a ser uma necessidade.

Ref.: a) 100 solutions to reverse global warming | Chad Frischmann 19 de dez. de 2018 TED

b) Drawdown: Is it possible to reverse global warming? 10 de nov. de 2017 Simar Kochar

 

O Projeto Drawdown mostra as soluções para o Planeta

Várias iniciativas nesse sentido estão sendo adotadas, mas entre elas pode ser destacado o Projeto Drawdown, que  é um movimento liderado por Paul Hawken, que transformou o seu livro de mesmo nome, em um projeto que envolve diversas entidades e apresenta soluções para a redução de emissões de carbono em várias frentes, como energia e agricultura com o objetivo de evitar as possíveis mudanças climáticas catastróficas.

O objetivo do Projeto Drawdown é apontar caminhos viáveis para se chegar em um futuro o mais próximo possível o momento do ‘drawdown’ (meta para rebaixamento) quando as emissões de gases do efeito estufa parem de subir e comecem a cair, com base em trabalhos científicos  e pesquisas realizadas em todo o mundo, em vários setores, de finanças à climatologia.

Atingir este ponto de virada, do “drawdown”, é fundamental para a viabilidade da vida no planeta, de modo mais rápido possível, com segurança e de forma homogênea.

 Iniciativas viáveis para a reversão do efeito estufa

O livro, dividido em 8 capítulos (energia, alimentos, mulheres e meninas, edifícios e cidades, uso da terra, transporte, materiais e futuras atrações) cria um ranking com base no potencial de redução atmosférica total de carbono. Para cada solução apresentada, há uma descrição histórica, como funciona o projeto e são apontados o impacto de redução de carbono, custo e economia obteníveis, qual o caminho para a adoção, destacando os benefícios a serem almejados, inclusive os econômicos e na geração de empregos.

Entre as principais iniciativas destacam-se: 1) gerenciamento de agentes de refrigeração; 2) geração maciça de energia limpa, por painéis solares inclusive nos telhados de construções e turbinas eólicas;  3) reciclagem de materiais; 4) redução de desperdício de alimentos; 5) opção por alimentação rica em vegetais; 6) proteção das florestas tropicais e recuperação da cobertura florestal; 7) investimento na educação de meninas; 8) planejamento familiar; e 9) silvopastagem, pelo manejo integrado da pastagem e criação de gado e o plantio de árvores, no mesmo local, para otimizar a produtividade por área utilizada.

Shoji