É cada vez mais evidente que o desenvolvimento da ciência é um campo praticamente inesgotável a ser prospectado, inclusive na área da agricultura, para a produção de alimentos e demais insumos essenciais à sobrevivência humana.
Nesse escopo, é
instigante o artigo escrito pelo Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo,
pesquisador da Embrapa Soja, no Jornal de Londrina, de 14.05.2015, segundo o
qual os estudos, por exemplo, com fotossíntese permitem abrir a perspectiva de
produzir alimentos em países nórdicos, com temperaturas de 30º negativos, e sem
sol, e no outro extremo, em regiões desérticas, onde solos férteis e água são
insumos raros, quase inexistentes.
Agricultura sustentável em
áreas desérticas
Inegavelmente,
a agricultura é altamente intensiva em uso de terra fértil, água e energia, que
são insumos cada vez mais escassos e a custos crescentes, cuja exploração
predatória tem pressionado significativamente os recursos naturais e ambientais
ao redor do mundo.
Para superar a
escassez de terras férteis, água doce em regiões áridas que constituem cerca de
um terço da Terra, a tecnologia do seawater greenhouse (estufa de água
do mar) substitui água doce, terras férteis e combustíveis fósseis por água
salgada, terreno não agricultável e energia solar.
Por essa
tecnologia, as plantas são cultivadas em estufas hidropônicas, assentadas em
terras não agricultáveis. A hidroponia é uma técnica já conhecida, mas a
inovação está em usar a geração fotovoltaica para a produção de eletricidade a
partir da radiação solar, com o objetivo principal de dessalinizar a água do
mar ou do subsolo para a obtenção da água doce para a irrigação das plantas. Os sais e nutrientes resultantes do processo
de dessalinização, juntamente com demais fertilizantes e nutrientes, são
adicionados à água de irrigação.
Um dos projetos
pioneiros da aplicação da técnica do seawater greenhouse foi a da
empresa Sundrop instalada em Port Augusta, Austrália, em 2010, com cobertura de
estufa de dezenas de hectares, em local próximo ao seu mercado consumidor, que
produzem 170 mil toneladas de tomates por ano (15% do mercado australiano), configurando
um investimento econômico e ambientalmente sustentável.
Potencial agrícola em desertos do Mundo
As novas
tecnologias podem ocupar espaço crescente, mas por enquanto terão um papel complementar
à agricultura tradicional, na medida que a demanda por produtos agrícolas
mostra perspectiva de aumentar substancialmente nas próximas décadas. Nesse
sentido, abre-se a oportunidade do uso das novas tecnologias agrícolas em várias regiões do Mundo com escassez de
água e de terras férteis. Nesse escopo, locais
como o litoral e o semiárido brasileiro, com grande oferta de luz solar, de
água do mar e de água salgada no subsolo, associadas à proximidade dos mercados
consumidores interno e externo, figuram como candidatos óbvios para participar
dessa nova revolução verde.
Shoji
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