O livro Infiel relata a trajetória da Ayaan Hirsi Ali contra a opressão do fundamentalismo islâmico
A vida de Ayaan Hirsi Ali, nascida em 1969 em Mogadíscio, na Somália, é uma cristalina resposta de como é possível para uma mulher nascida em um dos países mais miseráveis e degradados da África superar todas as adversidades e chegar a grande notoriedade no Ocidente. No livro Infiel, sua autobiografia precoce, Ayaan, aos 37 anos, narra a impressionante trajetória de sua vida, desde a infância tradicional muçulmana na Somália, até o despertar intelectual na Holanda e a existência cercada de guarda-costas no Ocidente.
Ref,: a) Infiel - Ayan Hirsi Ali
5 de jan. de 2019 Antológico Books
b) Ayaan Hirsi Ali: A infiel do Islã
27 de abr. de 2013 Rodrigo Constantino
É uma vida de horrores, marcada na infância pela infibulação (circuncisão feminina), a forma mais radical da mutilação genital feminina (MGF), aos 5 cinco anos de idade, surras freqüentes e brutais da mãe, e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio. É também uma vida de exílios, pois seu pai, quase sempre ausente, era um importante opositor da ditadura de Siad Barré. Por isso, a família fugiu para a Arábia Saudita, depois Etiópia, e fixou-se finalmente no Quênia. Obrigada a freqüentar escolas em muitas línguas diferentes e a conviver com costumes que iam do rigor muçulmano da Arábia Saudita (onde as mulheres não saíam à rua sem a companhia de um homem) à mistura cultural do Quênia, a adolescente Ayaan chegou a aderir ao fundamentalismo islâmico como forma de manter sua identidade.
Mas a guerra fratricida entre os clãs da Somália e a perspectiva de ser obrigada a casar com um desconhecido escolhido por seu pai, conforme tradição atávica que ela questionava, mudaram sua vida e ela acabou fugindo e se exilando na Holanda. Ayaan descobre então os valores ocidentais iluministas da liberdade, igualdade e democracia liberal, e passa a adotar uma visão cada vez mais crítica do islamismo ortodoxo, lutando especialmente contra a opressão e violência impostas à mulher na sociedade muçulmana fundamentalista.
Em novembro de 2004, Ayaan Hirsi Ali passou por um dos fatos mais dramáticos na sua conturbada trajetória, quando o cineasta Theo van Gogh foi morto a tiros em Amsterdã por um marroquino fanático, que em seguida o degolou e lhe cravou no peito uma carta em que anunciava Ayaan como sua próxima vítima, por ter feito com Theo o filme Submissão, acerca da opressão sobre a mulher muçulmana. Em 2003, essa jovem exilada somali, tinha sido eleita deputada do parlamento holandês e conhecida na Holanda por sua luta pelos direitos da mulher muçulmana e por suas críticas ao fundamentalismo islâmico, tornando-se famosa mundialmente. Em 2005, a revista Time a elegeu entre as 100 pessoas mais influentes do mundo.
Em 2006, convidada pelo American Enterprise Institute em Washington, Ayaan mudou-se para os Estados Unidos, onde as habituais ameaças de morte não cessaram. Por ter recebido o cartão de residente permanente nos EUA em 25.09.2007, o governo holandês deixou de custear a sua segurança no exterior.
Em 2007, fundou a AHA Foundation, uma organização sem fins lucrativos, baseada em Nova Iorque, originalmente para apoiar dissidentes muçulmanos, perseguidos ou prejudicados por esse fato, mas o escopo da organização foi ampliado em setembro/2008 para se concentrar nos direitos das mulheres. Assim, a Fundação AHA dedica-se ao combate aos crimes contra mulheres e meninas, como casamentos forçados, mutilação genital feminina e crimes de "honra".
A luta da Ayaan centra especialmente na importância de que milhões de mulheres e crianças em países de maioria muçulmana possam receber uma educação de qualidade, que os capacitem a entender e a participar ativamente da evolução humana que se encontra no limiar do século XXI, caracterizado para ser a era do conhecimento e pelo desenvolvimento científico e tecnológico de proporções inimagináveis.
Shoji
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