Corrupção na classe dirigente não deve
ser argumento para a greve da polícia
No dia 04.02.2017, sábado, policiais militares do Estado de Espírito
Santo iniciaram um movimento de greve, tendo como reivindicação o aumento de
salário e melhores condições de trabalho. A ausência de policiamento gerou
imediatamente uma onde de violência no Estado, com roubo e saques de lojas e
diversos estabelecimentos comerciais, e concomitante aumento substancial de lesões
corporais e homicídios. Além disso, com a greve, lojas, escolas e postos de
saúde foram fechados e a volta das aulas na rede pública foi suspensa.
Esse tipo de evento não ocorre pela primeira vez no Brasil, mas mais uma
vez causa espanto o fato da ausência de policiamento desencadear quase
instantaneamente uma onda de violência, que não deve estar sendo praticado exclusivamente
por criminosos convictos. Ou seja, muita gente, considerada comum e honesta,
muito provavelmente não estaria resistindo à tentação de aproveitar o momento
para praticar pequenos delitos para obter vantagens materiais, por meio de
furto e roubo, caracterizando fatos lamentáveis.
A corrupção praticada
pela classe dirigente não deve ser pretexto para legitimar greve da polícia
Causa,
entretanto, enorme perplexidade a manifestação feita por alguns ouvintes de
redes sociais, defendendo os grevistas sob o pretexto de que como as lideranças
políticas roubam tanto e são ricas, nada mais justo que os policiais militares façam
greve em busca de melhores salários e condições de trabalho.
Nada mais
falacioso e perigoso este tipo de argumento, pois isso legitimaria qualquer forma
de ação delituosa por parte da população em geral. Na realidade, a atitude de todos, principalmente
dos servidores públicos, como são os policiais, deveria ser exatamente o
oposto, ou seja, de defender e praticar ações pautadas na ética e na moralidade,
de modo a criar condições para a restauração da conduta ilibada e correta em
todos os estratos populacionais.
A
legitimação da greve na polícia, tendo como argumento a corrupção de parte da
classe dirigente, teria a mesma natureza de pagar um mal com um outro mal, o
que desencadearia um processo autodestrutivo na sociedade, de modo que a ação a ser efetivada deveria
ser exatamente o oposto: frente ao mal, deve se praticar o bem, como ensinam os
grandes sábios e mestres da humanidade.
Ademais, a greve da polícia prejudica a quem
mais deveria beneficiar, o cidadão contribuinte, que além de pagar os impostos
para a prestação desse serviço público
essencial, constitui o público alvo a ser atendido pelo serviço prestado pelo
Estado.
Soji /Soja
Nenhum comentário:
Postar um comentário