Desde a infância, Mosab Hassan Yousef, nascido em 1978 na Cisjordânia,
viveu nos bastidores do grupo fundamentalista islâmico Hamas e testemunhou as
manobras políticas e militares que contribuíram para acirrar a sangrenta
disputa nos territórios ocupados pelo Israel na antiga Palestina. Por ser o
filho mais velho do xeique Hassan Yousef, um dos fundadores do Hamas, todos
acreditavam que Mosab seguiria os passos do pai.
Às vésperas de completar 18 anos, movido pela raiva e pelo desejo de
vingança, Mosab decidiu assumir um papel mais ativo no combate a seus
opressores mas acabou preso e levado a
um dos mais terríveis centros prisionais israelenses.
Depois de submetido a rigorosas sessões de interrogatório, ele recebeu e
aceitou a proposta do Shin Bet, o serviço de inteligência interno de Israel, de
obtenção da liberdade em troca da colaboração para identificar os líderes do
Hamas responsáveis por ataques terroristas. Essa decisão foi muito traumática
na sua vida, pelo fato de poder ser
caracterizada como traição à sua religião e aos interesses de seu povo.
Apesar dessa aparente terrível contradição, Mosab resolveu colaborar com
o Shin Bet, o que o induziu a levar uma vida dupla durante 10 anos, período em
que frequentemente fez escolhas arriscadas, motivado, entretanto, pelo seu
desejo de conter a violência do Hamas, uma das organizações terroristas mais
perigosas do mundo.
Essa decisão teve suporte também na profunda transformação pessoal tida
pelo Mosab, que lhe permitiu desfrutar uma jornada de redescoberta espiritual
que começou com a participação de Mosab num grupo cristão de estudos bíblicos,
que culminou na sua conversão ao cristianismo e na crença de que “tolerar e
perdoar seus inimigos” é o único caminho para a paz duradoura no Oriente
Médio.
Ao contar a sua história no livro “Filho do Hamas”, Mosab teve o objetivo
de mostrar ao seu povo, os palestinos seguidores do Islã, que têm sido usados
por regimes corruptos há centenas de anos, e que a verdade pode
libertá-los. Ou seja, não adianta apenas
culpar Israel por todas as desgraças e dificuldades enfrentadas pelos palestinos,
se eles mesmos não tomarem a firme resolução para definir o melhor caminho para
a redenção do seu povo.