sábado, 21 de março de 2015

FALTA DE VALORIZAÇÃO DAS CIÊNCIAS EXATAS E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL

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Conforme comentários feitos por José Pio Martins, no jornal Gazeta do Povo, de 05.03.2015, 5ª feira, um dos mais extraordinários exemplos de crescimento econômico e superação da pobreza no pós-guerra é a Coreia do Sul. Em 1948, em seguida ao fim da II Guerra Mundial, a Coréia foi dividido em dois países: a Coreia do Norte, que permanece uma ditadura comunista miserável e atrasada até hoje; e a Coreia do Sul, que assombrou o mundo com seu desenvolvimento e continua dando lições como um dos países líderes em termos do crescimento científico e tecnológico.
De fato, a Coréia do Sul, com 50 milhões de habitantes e renda per capita de US$ 30 mil, contra US$ 11 mil do Brasil, é hoje um dos países mais desenvolvidos do mundo, que se destaca por sua moderna indústria nacional, alta tecnologia e elevado nível de bem-estar social. Com população 4 vezes maior, o Brasil não tem uma única marca de veículos genuinamente nacional, e somos compradores dos produtos modernos das coreanas Hyundai e Kia, além de outras gigantes como Samsung e LG.
Condições para o desenvolvimento econômico sul coreano
Após o fim da guerra contra a vizinha do norte, a Coreia do Sul abraçou o capitalismo sem pruridos ideológicos, enquanto o Brasil nunca foi verdadeiramente capitalista e sempre viu a economia de mercado com certa desconfiança. O governo coreano, ao contrário, definiu que seu escopo seria a fixação da estratégia de crescimento econômico e a criação de condições para a modernização capitalista, implementando para tanto as amplas reformas com base nessas duas diretrizes, o que permitiu o país a ter um surpreendente surto de desenvolvimento a partir dos anos 70.
O êxito coreano se deve, entre outros a 3 fatores fundamentais: (i) o programa educacional, com maciços investimentos na educação de base e no ensino técnico sem a cultura bacharelesca latino-americana; (ii) a abertura para o exterior e priorização de indústrias voltadas à exportação; e (iii) investimentos pesados em infraestrutura de transportes, comunicações e tecnologias de ponta.
A Coreia do Sul entendeu que o motor do crescimento econômico é a empresa, não o Estado, e que a figura central da criação de riqueza é o empreendedor, não o burocrata estatal. No ranking internacional, o país é considerado um dos mais inovadores do mundo, o que somente é possível pela valorização e respeito ao pesquisador, ao inventor, ao empreendedor e ao educador. Destaca-se ainda que a base da grande revolução coreana foi a educação. Ao dar ênfase à educação das mulheres, por exemplo, permitiu-se a formação de uma legião de trabalhadoras qualificadas, bem como a contenção da explosão populacional. Com a priorização da educação de base, propiciou-se a superação do analfabetismo e a aquisição contínua da competência técnica. Outra vertente adotada na década de 60 foi o fortalecimento do ensino técnico, por meio de colégios altamente qualificados, que propiciam aos jovens não somente a qualificação técnica mas a facilitação para encontrar emprego após a conclusão do ensino técnico. Dessa forma, 65% dos jovens coreanos entre 15 e 19 optam pelo ensino técnico, contra somente 9% no Brasil. Enfim, ao concentrar os escassos recursos no ensino tecnológico e no domínio da matemática e das ciências exatas, a formação maciça de trabalhadores tecnicamente preparados permitiu o lançamento do país ao sucesso econômico.
Economia de mercado desavergonhada no Brasil
Já o Brasil não se libertou da cultura bacharelesca, que valoriza mais as letras que a tecnologia, do apego subserviente ao Estado (que desconhece a expressão “satisfação do cliente”, mesmo vivendo à custa deste) e da aceitação envergonhada da economia de mercado. O sistema capitalista nunca foi plenamente adotado no Brasil, ao mesmo tempo que o seu principal ator, o empresário, continua sendo mal tratado. Ou seja, o Brasil nunca entendeu perfeitamente a lei da oferta e da procura, preferindo seguir acreditando, ingenuamente, que o Estado é o agente mais capaz para resolver todas as questões pendentes no sistema econômico.
Deve-se ressaltar ainda a excessiva valorização das chamadas carreiras da área jurídica, em detrimento das áreas das ciências exatas, aquelas mais essenciais relacionadas às áreas de tecnologia, conhecimento científico e de inovações, o que leva o País a se defasar ainda mais nessas áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social sustentável e de longo prazo e melhoria da competitividade nacional frente aos concorrentes internacionais.
Enfim, o Brasil tem a fazer sua lição de casa e a aprender muito com a experiência coreana.
Soji Soja








sábado, 14 de março de 2015

PREFERÊNCIA DOS JOVENS PELO SERVIÇO PÚBLICO EM DETRIMENTO DE ÁREAS MAIS ESSENCIAIS AO PAÍS – PERDA DE COMPETIVIDADE DO BRASIL NO CENÁRIO MUNDIAL


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Conforme artigo de Sandro Schmitz em site do Instituto Millenium, em 04.03.2015, o citado articulista faz referência aos destaques levantados pelo jornalista holandês Kieren Kaal, ressaltando o enorme contingente de jovens que almeja a carreira pública, de modo que 3 em cada 5 jovens brasileiros sonham com um emprego no governo, de preferência, como funcionário público federal.
Prossegue ainda que é crescente o grupo de jovens cuja maior ambição é a de se preparar em um curso técnico/superior para um futuro concurso público para garantirem estabilidade em suas carreiras e assim poderem planejar uma aposentadoria tranquila. É deprimente entrar em uma turma do curso de Direito e frente à pergunta de quem pretende prestar concurso público ter como resposta a manifestação afirmativa de mais de 90% dos alunos. Com isso, o País estar-se-ia mediocrizando.
Excesso de intervencionismo estatal
Prossegue ainda o jornalista holandês que o governo, tal qual um leviatã, no melhor modelo hobbesiano, parasita as empresas, retirando o máximo por meio da carga tributária, atraindo alguns dos mais promissores talentos do mercado por meio de salários e planos de carreira que o setor privado não tem condições de oferecer, em prejuízo não somente ao setor privado, como também ao conjunto da economia nacional.
Embora lamentável, não tenho como discordar da análise acima do jornalista holandês. Sobre isso, tenho a reforçar que, apesar desse quadro não estar se delineando recentemente, certamente se agravou a partir da assunção do governo petista em 2003, com o aumento do intervencionismo estatal na economia, com o consequente incremento da participação das estatais, inclusive pela criação de empresas e diversas entidades e agências governamentais.
Aumento da discrepância dos benefícios do serviço público a partir de 2008
Quanto à questão salarial, esse quadro se agravou significativamente a partir de 2008, quando o governo federal concedeu aumentos substanciais a diversas carreiras do setor público federal, de modo a aumentar ainda mais a discrepância a favor dos vencimentos de servidores públicos frente aos equivalentes do setor privado, sendo que aqueles contam ainda com benefícios como estabilidade no emprego, planos de carreira bem estruturadas e aposentadorias integrais pelo menos para aqueles que ingressaram no serviço público até 2013.
Deve-se ressaltar ainda a excessiva valorização das chamadas carreiras da área jurídica, em detrimento de outras mais essenciais relacionadas às áreas de tecnologia, conhecimento científico e de inovações, o que leva o País a se defasar ainda mais nessas áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social sustentável e de longo prazo e melhoria da competitividade nacional frente aos concorrentes internacionais. Como exemplo disso, pode-se destacar a recente aprovação do pagamento do auxílio-moradia a todos os magistrados, no valor mensal de R$ 4.378,00, por decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que representará despesa anual ao Erário de cerca de R$ 840 milhões, e a aprovação no âmbito do novo Código de Processo Civil (CPC) dos honorários de sucumbência aos advogados públicos em caso de ganho de causa envolvendo o setor público, que representa valor anual superior a R$ 100 milhões, que atualmente é destinado ao Fundaf, para a melhoria da fiscalização e arrecadação tributária, que passara a ser destinado somente aos advogados públicos.
Cada país e cada povo traçam o seu próprio destino
Soji Soja











sábado, 7 de março de 2015

MANIFESTAÇÃO NÃO PODE PREJUDICAR O DIREITO DE LOCOMOÇÃO DO CIDADÃO

manifestação-rua-mar-2015
Ultimamente tem se tornado mais frequente a ocorrência de diversas manifestações populares como forma de expressar reivindicações por parte dos mais diversos segmentos populacionais. E a forma mais adotada tem sido cada vez mais o bloqueio de vias e rodovias públicas, muitas vezes por um contingente que mal alcança uma centena de pessoas.
Por exemplo, no dia 02.03.2015, 2ª feira, por volta das 6 horas da manhã, um grupo de cerca de 100 pessoas bloqueava as 6 faixas do Eixo Monumental, no centro de Brasília, em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, em protesto contra derrubada de moradias em assentamento urbano irregular.
Com isso, de imediato esse bloqueio obrigou todos os veículos a desviar e a procurar vias alternativas, provocando um imenso congestionamento, causando prejuízo a uma grande parcela da população local, que nada tinha a ver com a citada manifestação. Por sua vez, a polícia militar, ao invés de desbloquear imediatamente a via, ficou somente acompanhando a manifestação, tomando a iniciativa de desbloquear a via parcialmente após várias horas. Mas até lá um prejuízo enorme tinha sido causado ao funcionamento normal da cidade.
A manifestação é legítima mas deve respeitar o direito de todos e não só de alguns
O que esse tipo de episódio, que se tem tornado muito comum em várias cidades do Brasil, inclusive na super movimentada Avenida Paulista na já tumultuada e congestionada capital paulista e maior metrópole nacional, tem a ensinar?
A manifestação popular é uma forma legítima ao alcance de qualquer segmento populacional para expressar seus pensamentos e reivindicações. Para isso, entretanto, existe uma condicionante fundamental no ambiente democrático em que vive o País, que é a necessidade de respeito e a observância dos direitos das pessoas não envolvidas diretamente com a manifestação.
Assim, o protesto em vias e locais públicos poderia ser feito desde que cause o menor transtorno possível à população em geral. Por exemplo, nos Estados Unidos, é comum ver manifestações até em frente à Casa Branca, mas com os participantes deslocando-se sobre as calçadas e outros espaços sem causar maior transtorno à livre movimentação de carros e pessoas.
É premente a observância do consagrado direito de ir e vir do cidadão
Similarmente, no Brasil, as manifestações populares em espaços públicos deveriam ser admitidas, porém, sem a ocupação de vias de deslocamento de veículos, seja nas cidades, seja nas rodovias. No caso de rodovias, por exemplo, o bloqueio feito pelos caminhoneiros, ao fim de fevereiro/2015, provocou enormes transtornos e prejuízos imensuráveis à população brasileira. Dessa forma, não é por acaso que o consagrado “direito de ir e vir” a todo cidadão brasileiro tem até garantia constitucional, nos termos do art. 5º, inciso XV, da Constituição Federal.




Soji Soja