Conforme artigo de Sandro Schmitz em site do Instituto Millenium, em 04.03.2015, o citado articulista faz referência aos destaques levantados pelo jornalista holandês Kieren Kaal, ressaltando o enorme contingente de jovens que almeja a carreira pública, de modo que 3 em cada 5 jovens brasileiros sonham com um emprego no governo, de preferência, como funcionário público federal.
Prossegue ainda que é crescente o grupo de jovens cuja maior ambição é a de se preparar em um curso técnico/superior para um futuro concurso público para garantirem estabilidade em suas carreiras e assim poderem planejar uma aposentadoria tranquila. É deprimente entrar em uma turma do curso de Direito e frente à pergunta de quem pretende prestar concurso público ter como resposta a manifestação afirmativa de mais de 90% dos alunos. Com isso, o País estar-se-ia mediocrizando.
Excesso de intervencionismo estatal
Prossegue ainda o jornalista holandês que o governo, tal qual um leviatã, no melhor modelo hobbesiano, parasita as empresas, retirando o máximo por meio da carga tributária, atraindo alguns dos mais promissores talentos do mercado por meio de salários e planos de carreira que o setor privado não tem condições de oferecer, em prejuízo não somente ao setor privado, como também ao conjunto da economia nacional.
Embora lamentável, não tenho como discordar da análise acima do jornalista holandês. Sobre isso, tenho a reforçar que, apesar desse quadro não estar se delineando recentemente, certamente se agravou a partir da assunção do governo petista em 2003, com o aumento do intervencionismo estatal na economia, com o consequente incremento da participação das estatais, inclusive pela criação de empresas e diversas entidades e agências governamentais.
Aumento da discrepância dos benefícios do serviço público a partir de 2008
Quanto à questão salarial, esse quadro se agravou significativamente a partir de 2008, quando o governo federal concedeu aumentos substanciais a diversas carreiras do setor público federal, de modo a aumentar ainda mais a discrepância a favor dos vencimentos de servidores públicos frente aos equivalentes do setor privado, sendo que aqueles contam ainda com benefícios como estabilidade no emprego, planos de carreira bem estruturadas e aposentadorias integrais pelo menos para aqueles que ingressaram no serviço público até 2013.
Deve-se ressaltar ainda a excessiva valorização das chamadas carreiras da área jurídica, em detrimento de outras mais essenciais relacionadas às áreas de tecnologia, conhecimento científico e de inovações, o que leva o País a se defasar ainda mais nessas áreas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social sustentável e de longo prazo e melhoria da competitividade nacional frente aos concorrentes internacionais. Como exemplo disso, pode-se destacar a recente aprovação do pagamento do auxílio-moradia a todos os magistrados, no valor mensal de R$ 4.378,00, por decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que representará despesa anual ao Erário de cerca de R$ 840 milhões, e a aprovação no âmbito do novo Código de Processo Civil (CPC) dos honorários de sucumbência aos advogados públicos em caso de ganho de causa envolvendo o setor público, que representa valor anual superior a R$ 100 milhões, que atualmente é destinado ao Fundaf, para a melhoria da fiscalização e arrecadação tributária, que passara a ser destinado somente aos advogados públicos.
Cada país e cada povo traçam o seu próprio destino
Soji Soja
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