sábado, 28 de junho de 2025

DIMENSTEIN: OS MELHORES DIAS DA SUA VIDA

 Seu singelo livro escrito na fase terminal do câncer   

Gilberto Dimenstein, nasceu em 28.08.1956 em São Paulo de uma família judaica. Seu pai era Adolfo Dimenstein, pernambucano de origem ashkenazi polonesa  e sua mãe  Ester Athias, uma paraense de ascendência sefaradi marroquina. Estudou no Colégio I. L. Peretz, em São Paulo e formou-se na Faculdade Cásper Líbero.

 Longa carreira como jornalista, escritor e ativista de projetos sociais

Ref.:Luta do jornalista Gilberto Dimenstein contra câncer é retratada em livro Jornalismo TV Cultura jun 2021

Dimenstein foi colunista da Folha de S.Paulo e atuou na Rádio CBN. Foi diretor da Folha de S.Paulo na sucursal de Brasília e correspondente internacional em Nova York daquele periódico. Trabalhou também no Jornal do BrasilCorreio BrazilienseÚltima Hora, revista Visão e Veja. Foi acadêmico visitante do programa de direitos humanos da Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

Por suas reportagens sobre temas sociais e suas experiências em projetos educacionais, Gilberto Dimenstein  foi agraciado com diversos prêmios como o Prêmio Nacional de Direitos Humanos junto com dom Paulo Evaristo Arns, o Prêmio Criança e Paz, do Unicef, Menção Honrosa do Prêmio Maria Moors Cabot, da Faculdade de Jornalismo de Columbia, em Nova York. Também ganhou os prêmios Esso  e Prêmio Jabuti, em 1993, de melhor livro de não ficção, com a obra Cidadão de Papel      e foi apontado pela revista Época em 2007 como umas das cem figuras mais influentes do país.

Foi um dos criadores da ANDI - Comunicação e Direitos, uma organização não governamental que tem como objetivo utilizar a mídia em favor de ações sociais. Em 2009, um documento da Escola de Administração de Harvard apontou-o como um dos exemplos de inovação comunitária, por seu projeto de bairro-escola, desenvolvido inicialmente em São Paulo, através do Projeto Aprendiz, o qual foi replicado em diversas partes do mundo via Unicef e Unesco.

 

Criador do site Catraca Livre

Foi o idealizador do site Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. O objetivo principal do site é agrupar informações que mostrem possibilidades acessíveis e de qualidade, virtuais ou presenciais, em várias áreas da atividade humana, como cultura, saúde, mobilidade, educação, esportes e consumo, em diferentes capitais do Brasil. Presente também no Facebook, rede social na qual possui quase 8 milhões de seguidores, o Catraca se propõe a revelar personagens, tendências e projetos que inspirem soluções comunitárias inovadoras e inclusivas, mas também incita debates envolvendo questões sociais, culturais e políticas.

Segundo o ex-senador Cristovam Buarque, criador do  Bolsa-escola quando era governador do Distrito Federal, Dimenstein foi um dos inspiradores desse programa.

 

Autor do singelo livro sobre os melhores dias da sua vida

Em 2019, foi diagnosticado com um câncer no pâncreas vindo a falecer precocemente em 29.05.2020, aos 63 anos de idade. Nos últimos meses da sua vida, ao mesmo tempo que lutava corajosamente contra o avanço da doença ao lado dos entes queridos e amigos, escreveu com o apoio incansável da sua companheira, a jornalista Anna Penido,  o livro “Os últimos melhores dias da minha vida” em que registra com muita sinceridade os derradeiros momentos da sua existência plena de realizações. Em resumo, para Dimenstein “quanto mais o câncer me subtraia, mais eu conseguia agregar novas dimensões à minha existência; a realidade estava na maneira criativa com que olhava à minha volta; era o meu olhar que fazia o mundo ficar mais belo quando via o colorido das flores refletidas na janela; a felicidade que experimentei nos meus últimos melhores dias não foi provocada por algo extraordinário; nada disso, sentia um contentamento gigantesco pelo simples fato de estar vivo e poder compartilhar os meus últimos melhores dias com as pessoas que me cercavam; aquela sensação era estupenda como deve ser para a taturana quando se reconhece como borboleta”.

Shoji

 


sexta-feira, 20 de junho de 2025

VISITA DA PRINCESA JAPONESA KAKO AO BRASIL

 A visita da princesa Kako vivifica os fortes laços culturais entre o Brasil e o Japão

A princesa Kako de Akishino da família imperial do Japão visitou o Brasil por 11 dias entre os dias 05 e 15.06.2025 como parte das comemorações dos 130 anos do início das relações diplomáticas oficiais entre o Brasil e o Japão estabelecido pela assinatura do Tratado de Amizade Comércio e Navegação em 05.11.1895 em Paris, França.

A princesa Kako tem 30 anos de idade é segunda filha do príncipe herdeiro Fumihito de Akishino e da princesa Kiko, sendo portanto sobrinha do atual imperador Naruhito.

A passagem por terras brasileiras contemplou as cidades de São Paulo-SP, de 05 a 07.06, Maringá-PR, Rolândia-PR e Londrina-PR, em 08 e 09.06, Campo Grande-MS, em 10.06, Brasília-DF, em 11 e 12.06, Rio de Janeiro, em 13.06 e Foz do Iguaçu-PR em 14 e 15.06.

Durante a visita, seguindo o protocolo de segurança, a princesa Kako manteve encontro com diversas autoridades brasileiras federais, estaduais e municipais, e com representantes e membros da grande comunidade nipo-brasileira, que é a maior população nikkei fora do Japão, com cerca de 2 milhão de descendentes e desempenha papel fundamental no fortalecimento das relações culturais e econômicas entre os 2 países.

 

Ref.: 09-06-25 Princesa Kako é recebida com homenagens e celebrações culturais em Londrina – LONDRINA Tarobá | Afiliada Band 09.06.2025

Identificação da princesa com os valores culturais nipo-brasileiros

A princesa Kako demonstrou especial satisfação com a oportunidade de interagir com jovens, crianças e adultos descendentes dos pioneiros imigrantes japoneses ao Brasil, bem como ao assistir as apresentações culturais e performances dos grupos de jovens de músicas, danças e tambores tradicionais, que estão se empenhando fortemente na preservação e divulgação desses valores culturais nipo-brasileiros.

Para os integrantes da comunidade nipo-brasileira foi motivo de muita honra e orgulho em receber a princesa e manter contato tão próximo com um membro da família imperial, pois mesmo no Japão não há tanta oportunidade do cidadão comum estar tão perto de alguém da família imperial.

 A família imperial mais longeva do mundo

A Casa Imperial do Japão, também conhecida como o Trono do Crisântemo, é a mais antiga monarquia contínua do mundo e de acordo com a mitologia japonesa, foi fundada em 660 A.C. pelo lendário imperador Jimmu, que é considerado o primeiro imperador do Japão. Sob a atual Constituição do Japão, o Imperador é "o símbolo do Estado e da unidade do povo". O Imperador como outros membros da família imperial exercem deveres cerimoniais e sociais, mas não têm qualquer papel decisório nos assuntos do governo.  Pelo exercício como símbolo da unidade do povo e pela simplicidade de seus hábitos cotidianos, a família imperial desfruta de enorme prestígio e é muito querida pela população japonesa. A Casa Imperial reconhece 126 monarcas, começando com o imperador Jimmu em 660 A.C, e continua até hoje com o Imperador Naruhito.

 Futuro imperador ou imperatriz do Japão?

Pela atual Lei da Casa Imperial, somente homem pode ser imperador. Assim, caso a lei não seja alterada, nem a filha do atual imperador Naruhito, Aiko, muito menos a sua sobrinha Kako, podem sucedê-lo, podendo essa função ser exercida pelo Hisahito, sobrinho de Naruhito e irmão mais novo da princesa Kako. 

Shoji


sábado, 14 de junho de 2025

PEPE MUJICA O PRESIDENTE MAIS POBRE DO MUNDO

 Desenvolvimento não é consumir mais e sim ser mais feliz com menos

Em 13.05.2025, em decorrência de câncer no esôfago, faleceu aos 89 anos José Alberto Mujica Cordano, mais conhecido como Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, sendo amplamente reconhecido por seu estilo de vida austero, sua retórica humanista e sua atuação firme em defesa da democracia, dos direitos sociais e da soberania popular.

 

Ref.: Quem foi Pepe Mujica, um dos maiores políticosda história contemporânea g1 19.05.2025

Militância socialista e guerrilheiro do Montoneros

Pepe Mujica cresceu em uma família de pequenos agricultores de origem basca e italiana e desde jovem envolveu-se em atividades políticas, militando no Partido Nacional e na Juventude Nacionalista. Na década de 1960, integrou o Movimento de Libertação Nacional – Montoneros, grupo guerrilheiro que combatia a ditadura nos anos 1970 e 1980, tendo sido preso por 14 anos entre 1972 e 1985.

 Abandono da luta armada e carreira política até a presidência do Uruguai

Com a redemocratização uruguaia e consequente anistia aos delitos políticos cometidos a partir de 1962, foi libertado em 1985 e abandonou de vez a luta armada. Em 1994, iniciou sua carreira política oficial elegendo-se deputado e em 1999 como senador. Entre 2005 e 2009, no governo Tabaré Vasquez, ocupou o cargo de Ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca e em 2009 foi eleito presidente do Uruguai assumindo esse posto em 01.03.2010. Após o mandato presidencial foi eleito senador entre 2015 e 2019.

 Adoção de políticas progressistas como a legalização da maconha

Como presidente, implementou políticas progressistas que colocava o Uruguai na vanguarda social da América Latina, como a legalização do aborto e da maconha e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao regulamentar a produção, distribuição e a venda da maconha em dez/2013 tornou o Uruguai o 1º país do mundo a legalizar o mercado da maconha para uso recreativo. Enquanto presidente, Mujica recebia 230 mil pesos mensais (cerca de R$ 22.120) dos quais doava 90% para o seu partido a Frente Ampla e também para um fundo para construção de moradias.

 Vida modesta sem mordomias do cargo público junto com o seu fusca azul

Recusava os luxos do cargo e não se mudou para a residência presidencial continuando a morar na sua modesta chácara, com a esposa e atual senadora Lucia Topolansky, nos arredores de Montevidéu, sem empregados domésticos e com pouca segurança. Seu estilo informal de se vestir, a decisão de viver com muito pouco e o hábito de se deslocar em um velho Fusca azul celeste de 1987 rendeu lhe o título na imprensa de “o presidente mais pobre do mundo”.

 Ser mais feliz com menos e exemplo ao mundo pela simplicidade

Pepe Mujica, apesar do passado violento de guerrilheiro, deixa um legado de integridade, coerência e compromisso com os valores humanos. Sua trajetória inspira ou deveria inspirar líderes e cidadãos do mundo a repensar as prioridades da vida e da política, valorizando a simplicidade, a empatia e a justiça social. Para ele, o desenvolvimento não era consumir mais mas ser mais feliz com menos.

Isso é um contraste total com a postura de muitos que ocupam elevados cargos no serviço público refestelando-se de privilégios às custas da população, que em grande parte vive ainda em condições humildes e precárias, como ocorre com os supersalários na elite do serviço público brasileiro.  

Shoji

 

sábado, 7 de junho de 2025

O LEGADO DO FOTÓGRAFO SEBASTIÃO SALGADO

 O seu notável trabalho de retratar o drama da humanidade foi reconhecido mundialmente 

Sebastião Salgado foi um fotógrafo documental e fotojornalista brasileiro que deixou este mundo em 23.05.2025 aos 81 anos com notável legado em fotografias dramáticas e em projetos sociais, culturais e ambientais. Trabalhando inteiramente com fotos em preto e branco, o respeito de Sebastião Salgado pelo seu objeto de trabalho e sua determinação em mostrar o significado mais amplo do que estava acontecendo com essas pessoas criou um conjunto de imagens que testemunham a dignidade fundamental de toda a humanidade ao mesmo tempo que protestam contra a violação dessa dignidade por meio da guerrapobreza e outras injustiças sociais.

 

Ref.: Confira o legado do fotógrafo Sebastião Salgado | Jornal da Noite Band Jornalismo 24.05.2025

Seu notável trabalho foi reconhecido mundialmente

Salgado viajou por mais de 120 países para seus projetos fotográficos. A maioria deles apareceu em inúmeras publicações de imprensa e livros e exposições itinerantes de seu trabalho foram apresentadas em todo o mundo. Sebastião Salgado teve reconhecimento mundial e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, As Imagens da Amazônia, que representa o fotógrafo e seu trabalho. Salgado foi Embaixador da Boa Vontade da UNICEF. Ele recebeu o W. Eugene Smith Memorial Fund em 1982, foi membro honorário estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos desde 1992 e recebeu a Medalha do Centenário e Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (HonFRPS) em 1993. Foi também membro da Academia de Belas-Artes da França  sendo o primeiro brasileiro a integrar o rol de imortais dessa instituição.

Seu filho, o cineasta Juliano dirigiu, juntamente com o também fotógrafo Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, sobre o trabalho de seu pai. que foi indicado ao Oscar 2015 de melhor documentário.

 Instituto Terra para restauração florestal

Com sua esposa, a pianista Lélia Wanick Salgado, fundou em abril de 1998 o Instituto Terra, uma organização civil sem fins lucrativos. Esse projeto foi motivado como resposta ao cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda de gado da família de Sebastião Salgado, localizada no município mineiro de Aimorés, na bacia hidrográfica do Rio Doce, com o fim de devolver à natureza o que foi destruído pela ação predatória humana.

O primeiro passo foi transformar a área da então fazenda de pecuária em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão, tendo o título sido obtido de maneira inédita no Brasil em outubro/1998, por uma propriedade degradada, diante do compromisso de vir a ser reflorestada.

No âmbito da ação do Instituto Terra, são desenvolvidos projetos que vão desde a restauração florestal, produção de mudas nativas, proteção de nascentes, educação ambiental e até a pesquisa científica aplicada, com o apoio financeiro de diferentes parceiros, tanto das esferas pública e privada, bem como de fundações e doadores de vários países e de outras instituições do Terceiro Setor.

Para dar suporte à restauração florestal, o Instituto Terra desenvolve mudas nativas desde 2001, com capacidade para produzir 1 milhão de mudas por ano, não somente para o plantio interno na RPPN Fazenda Bulcão como também para atender a outros projetos na região. Para tanto, faz-se a coleta de sementes de mais de 290 espécies da Mata Atlântica no raio de 200 quilômetros ao redor da RPPN.

Assim, além da recomposição do solo e o restabelecimento da cobertura vegetal da RPPN Fazenda Bulcão como em outras propriedades, também está sendo promovido o resgate dos recursos hídricos, ou seja, a recuperação das nascentes de água, bem como do retorno da vida animal, de modo que muitas espécies que estavam desaparecendo estão encontrando refúgio seguro no Instituto Terra.

Shoji