sábado, 24 de maio de 2025

A INTERMINÁVEL INVASÃO RUSSA DA UCRÂNIA

 O maior conflito na Europa desde a II Guerra Mundial está longe de solução definitiva

Na manhã de 24.02.2022, 5ª feira, o Mundo assistiu estupefato e aterrorizado o início da agressão da Rússia, liderada pelo governo de Vladimir Putin, contra a Ucrânia, configurando o maior conflito militar na Europa desde a deflagração da 2ª Guerra Mundial há 86 anos. Desde então esse conflito causa angústia ao mundo pois o ataque russo contra a Ucrânia era considerado possível, mas improvável, considerando-se o porte da Ucrânia, que detém o maior território da Europa, exclusive a Rússia, com 604 mil km2 e substancial população de 44 milhões de habitantes.

A invasão russa, por si só deplorável, caracteriza-se como ato inaceitável pela franca imoralidade de uma nação mais poderosa avançar sobre outra mais fraca militarmente, sem justificativa plausível ou razoável, a não ser pelo inconfessável propósito de dominar ou impor um governo submisso em um território vizinho importante visando seus interesses geopolíticos e econômicos.

 

Ref.: Cúpula pan-europeia cria bases para processar líderes russos pela invasão da Ucrânia | AFP AFP Português maio 2023

Perdas humanas e materiais insanas causadas pela invasão

Desde 2022 o conflito causou danos em vidas humanas e perdas materiais e econômicos difíceis de serem mensurados com exatidão, com dezenas de milhares de mortes e feridos militares e também entre a população civil, sendo esta a maior vítima dessa guerra, com milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas e o convívio com seus entes queridos para se refugiar em outras localidades, inclusive no exterior, incluindo 7 milhões de pessoas refugiadas em países europeus.

 Conflito longe de uma solução definitiva

O pior para a população ucraniana é que a solução definitiva para o conflito está longe de ser alcançada pois mesmo para o cessar fogo as condições impostas pelo governo russo são considerados excessivamente duras para o governo ucraniano, entre as quais se incluem a retirada das forças ucranianas das 4 regiões que a Rússia pretende anexar, que representam quase 20% do território ucraniano, e o compromisso da Ucrania de não aderir à OTAN, o que manteria a Ucrania em situação de fragilidade de forma permanente frente à ameaça russa.

 Desejo da Ucrânia à autonomia e independência

Essas condições em princípio podem ser consideradas inaceitáveis por atentar frontalmente ao anseio do povo ucraniano pela manutenção da independência plena da Ucrânia em todos os sentidos, o qual está presente há longa data na história ucraniana. Como se sabe, em perspectiva história, o colapso do Império Russo e do Império Austro-Húngaro após a I Guerra Mundial bem como a Revolução Russa de 1917 permitiram o ressurgimento do movimento nacional ucraniano em prol da autodeterminação e da criação efetiva de um país independente, mas esse anseio foi frustrado com a incorporação da Ucrânia à URSS em 1922. O surgimento da Ucrânia soberana e independente somente viria a se concretizar com o colapso da URSS em 1991. Desde então, o povo ucraniano tem manifestado seu desejo de aderir ao modelo político baseada na plena democracia, com eleições livres, e adesão futura à União Européia e a aliança militar ocidental, a OTAN, no sentido de preservar a sua segurança frente à qualquer ameaça externa de natureza militar. Entretanto, esse movimento tem contrariado cada vez mais o governo autocrático russo liderado por Vladimir Putin, o que, em uma última análise, levou à anexação pela Rússia da Criméia em 2014 e à invasão russa em 2022.  

Shoji

 

sábado, 17 de maio de 2025

IRSHAD MANJI UMA MUÇULMANA PELA REFORMA DO ISLÃ

 Muçulmana lésbica pela liberação dos direitos da mulher

Irshad Manji é muçulmana, naturalizada canadense, ativista LBGT, escritora, jornalista e apresentadora de televisão, defensora de uma interpretação reformista do islamismo e uma crítica das interpretações literalistas do Alcorão. Irshad nasceu em 1968 perto de Kampala na Uganda, com descendências indiana por parte do pai e egípcia da mãe. Por ordem de expulsão decretada por Idi Amin Dada de asiáticos e outros não africanos de Uganda, sua família refugiou-se em 1972 no Canadá em Richmond, perto de Vancouver. Irshad frequentou escolas públicas seculares e aos sábados uma madrassa (escola religiosa muçulmana) de onde foi expulsa aos 14 anos de idade por fazer muitos questionamentos. Em 1990, graduou-se com honras em história das idéias pela Universidade da Columbia Britânica recebendo a medalha acadêmica do Governador Geral como a melhor graduada em humanidades.

 

Ref.: Irshad Manji Md Monirul Islam maio 2018

Signatária do Manifesto Juntos contra o Totalitarismo

Irshad destaca-se como uma dos 12 signatários do Manifesto Juntos contra  o Totalitarismo, que é um documento político feito em resposta à violência desencadeada no mundo islâmico pela polêmica das caricaturas sobre Maomé publicadas pela 1ª vez no jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Os signatários desse manifesto têm em comum uma vida de exílio devido a perseguições promovidas por fanáticos religiosos islâmicos, destacando-se entre os alvos Salman Rushdie escritor condenado a morte por uma fatwa do aiatolá Khomeini de 1989.

Segundo Manifesto, publicado em  28.02.2006 pelo Jyllands-Posten e pelo semanário satírico francês Charlie Hebdo, similarmente aos totalitarismos como fascismo, nazismo e stalinismo, o Islamismo fundamentalista estabelece-se sobre medos e frustrações. Os pregadores do ódio apostam nesses sentimentos para formar batalhões destinados a impor um mundo de opressão e desigualdades. Contudo, para os signatários: não existe nada, nem mesmo o desespero, que possa justificar a escolha do obscurantismo, do totalitarismo e do ódio. O Islamismo fundamentalista é uma ideologia reacionária que aniquila a igualdade, a liberdade e a laicidade sempre que as encontra. O seu êxito só pode conduzir a um mundo de dominação: domínio do homem sobre a mulher, domínio dos islamistas sobre os demais. Para se opor a esse processo, deve-se assegurar direitos universais a todos os povos discriminados ou oprimidos

 Trajetória similar a de Ayaan Hirsi Ali

Pela sua luta contra o totalitarismo islâmico pelas violações dos direitos humanos contra as mulheres e minorias religiosas, a trajetória da Irshad Manji tem muita similaridade com a da Ayaan Hirsi Ali. Como se sabe, Ayaan nascida em 1969 em Somália é uma ativista, escritora, política e cristã somali-holandesa-americana, que é conhecida por seus pontos de vista críticos do Islã e defesa dos direitos e da autodeterminação das mulheres muçulmanas, opondo-se aos casamentos forçadoscrimes de "honra"casamentos infantis, e mutilação genital feminina, sendo uma das fundadoras da organização de defesa dos direitos das mulheres AHA Foundation.

Assim, a luta tanto da Irshad Manji como da Ayaan Hirsi Ali  centram especialmente na importância de que milhões de mulheres e crianças em países de maioria muçulmana possam receber uma educação de qualidade e oportunidades na vida, que os capacitem a entender e a participar ativamente da evolução humana que se encontra no limiar do século XXI, caracterizado para ser a era do conhecimento e pelo desenvolvimento científico e tecnológico de proporções inimagináveis.

Shoji

sábado, 3 de maio de 2025

ESCOLAS SEM CELULAR

Uso excessivo de celular é prejudicial à saúde mental e no aprendizado dos alunos

A Lei nº 15100, de 13.01.2025, passou a restringir o uso de celular nas escolas públicas e privadas devido aos impactos negativos no aprendizado, na concentração, na saúde mental e na interação entre os alunos. A lei não proíbe totalmente o uso do celular mas restringe o seu uso durante aulas, recreios e intervalos, para que os alunos possam se concentrar nas atividades educativas e interagir com os colegas e professores, sendo permitido para fins pedagógicos e para casos de acessibilidade, saúde e segurança. Essa medida baseia-se em estudos que apontam que o uso excessivo de telas podem prejudicar o desempenho acadêmico, reduzir a interação social e aumentar índices de ansiedade e depressão entre crianças e adolescentes. Embora essa medida possa ser considerada controversa, tem o apoio da maior parte da população em geral e pelo menos de 65% dos pais e crianças até 12 anos conforme pesquisa da Datafolha de outubro/24.

O prejuízo à interação social é bastante notório pois é cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, como entre casais, filhos e irmãos que mal interagem entre si no dia a dia, cada um restrito ao seu mundo digital; vizinhos que mal se cumprimentam nos espaços públicos e até nos elevadores cada um com olhos fixos aos seus celulares; familiares e amigos em mesas de restaurante ou em outros espaços de convívio, sem interação, cada um também restrito às telas digitais, etc.

 

Ref.: Drenagem cerebral: celular em excesso é prejudicial | Jornal da Band Band Jornalismo maio 24

 

Comodidades e benefícios proporcionados pelo celular

Não há dúvidas quanto aos inúmeros benefícios associados ao celular na era da tecnologia e das mídias sociais, conectado à internet, como facilitar a comunicação instantânea, facilitar o trabalho home office em qualquer local, fazer compras, assistir filmes, ouvir música, etc.

Ao mesmo tempo que o celular proporciona diversas vantagens, o seu uso excessivo tem levado a comportamentos indicativos da dependência digital, como irritação em situação de offline, incapacidade de reduzir o seu uso, perda da noção de tempo, adiamento das tarefas, além do isolamento social, levando ao gradativo incômodo e até incapacidade em manter relacionamento no mundo real. Assim, o uso excessivo de celular está relacionado a problemas como estímulo à inatividade física,  ansiedade, transtornos de sono, depressão, diminuição da capacidade de concentração, dificultando a manutenção do foco com prejuízo ao desempenho escolar e no trabalho.

 

Uso moderado do celular sem abdicar de seus benefícios

Não há como deixar de usufruir dos benefícios proporcionados pelo celular, mas o mesmo deve ser usado moderadamente sem prejuízo à saúde física e mental e à interação social do usuário perante o mundo real. E no caso específico da restrição nas escolas, a efetividade dessa medida depende não somente dos alunos e professores, mas principalmente dos pais dos alunos que devem atuar como exemplos a serem seguidos no uso das maravilhas do mundo digital. 

Shoji