sábado, 24 de abril de 2021

LUTA PELA PRESERVAÇÃO DE IDIOMAS INDÍGENAS

 Motorola inclui as línguas Kaingang e Nheengatu no Android 11

A ameaça de extinção não paira apenas sobre a maioria das espécies animais e vegetais existentes no nosso planeta, ou seja, a humanidade enfrenta também outra forma de extinção em massa: a das línguas. Centenas, milhares de sistemas linguísticos já desapareceram ou estão desaparecendo num ritmo acelerado. Quando uma língua morre, com ela morre também uma visão de mundo absolutamente única. Com a língua que desaparece perdemos uma enorme herança cultural; o entendimento de como um grupo humano específico se relaciona com o mundo e a natureza ao seu redor; conhecimentos médicos, botânicos e zoológicos; e, ainda mais importante, perdemos a expressão do humor, do amor e da vida como a viam e entendiam essas pessoas. Línguas diferentes mostram maneiras diferentes da mente humana codificar as informações, entender e sistematizar o mundo, a experiência, e são formas nunca pensadas por aqueles que falam, por exemplo, uma língua de origem européia. Em resumo, perdemos o testemunho de vida de um grupo humano de séculos, de milênios,  configurando uma perda de patrimônio cultural irreparável para a humanidade.

 

Importância da preservação e registro das línguas ameaçadas de extinção

Para não perder totalmente o imenso patrimônio cultural representado pelas línguas em perigo de extinção, é imprescindível documentar essas línguas, usando todo o cabedal tecnológico disponível, por todas as formas possíveis, em texto, áudio, fotos e vídeo, de modo a viabilizar a consulta e estudo das mesmas por qualquer pessoa interessada, principalmente pelas pessoas falantes e pesquisadores e especialistas envolvidos na preservação desses idiomas.   

Nesse sentido, a Unesco, da ONU, lançou, em 2017, em Paris, a versão eletrônica do seu Atlas das línguas em perigo no mundo. Segundo esse organismo mundial, das cerca de 6000 línguas existentes no mundo, mais de 2500 estariam ameaçadas. Esse Atlas permite fazer pesquisas segundo vários critérios e classifica as 2500 línguas em perigo, segundo 5 níveis de vitalidade diferentes (vulnerável, estar em perigo, em grave perigo, em situação crítica e extinta, a partir de 1950).  Durante as 3 últimas gerações, extinguiram-se mais de 200 línguas, 538 estão em situação crítica, 502, em grave perigo, 632, em perigo e 607, vulneráveis.

Com o mesmo propósito, o Google lançou em 2012 um projeto que pretende documentar mais de 3 mil línguas ameaçadas de extinção, sob o site "Idiomas em Risco".  

Ref.:: a) Pela sobrevivência das línguas indígenas 11 de dez. de 2018 Pesquisa Fapesp

b) Celulares recebem teclado e ajustes com idioma indígena 1 de abr. de 2021 SUPREN

Ameaça às línguas indígenas no Brasil

Conforme Luciana Storto, professora do Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), antes do início da colonização européia, estima-se que existiam mais de mil idiomas nativos no Brasil. Apesar da redução desde então, as cerca de 170 línguas indígenas faladas no país em 2019 devem ser objeto de intensos esforços de preservação ao mesmo que constituem importante objeto de pesquisa na área da linguística. Mas diante da possibilidade desses idiomas desaparecerem em 50 ou 100 anos, linguistas dedicam-se não apenas a registrá-los, mas também a trabalhar por sua sobrevivência, recorrendo a meios como edição de livros escolares a dicionários, de sites em idiomas indígenas a corpus linguísticos digitais.

A população indígena no país tem crescido, chegando atualmente a 896.917 indivíduos, segundo o IBGE, mas há cada vez menos falantes dessas línguas, estimadas  em 434.664. Embora muitos povos não vivam em terras indígenas, a maior parte desses falantes se concentra em áreas demarcadas, que ocupam 13% do território do país o que  favorece a preservação da língua e da cultura dessas etnias.

 

Acesso a idiomas indígenas nos smartphones

No escopo de colocar a tecnologia a favor da língua e da cultura indígenas e no esforço adicional de incentivo ao uso de idiomas indígenas, a Motorola anunciou, em 25.03.2021 a inclusão de 2 idiomas indígenas em seus smartphones. Com isso, aparelhos da empresa atualizados com sistema operacional Android 11 podem ter acesso às línguas Kaingang, falada por 30 mil pessoas no Sul e Sudeste do Brasil, e Nheengatu, falada por 20 mil na Amazônia. A Motorola é a primeira fabricante de smartphone a incluir idiomas indígenas em seus dispositivos, e esse trabalho foi realizado em parceria com o professor Wilmar D’Angelis, da Unicamp, e participantes  das comunidades indígenas.

Shoji

 

 

 

sábado, 17 de abril de 2021

OS OCEANOS PEDEM SOCORRO!

 A liderança da família Schurmann pela preservação dos oceanos   

Quem é a família Schurmann?

Schurmann é uma célebre família brasileira por velejar ao redor do mundo, sendo os primeiros brasileiros a dar a volta ao mundo de veleiro.  Em suas aventuras pelos mares que começaram em 1984, quando deixaram a segurança da vida em terra firme em busca de um sonho cultivado por longo tempo, já cruzaram os 3 oceanos e 7 continentes do planeta, sendo a família composta pelo casal  Vilfredo e Heloísa, e seus filhos Pierre, David, Wilhelm e a caçula Kat, esta nascida em 1992 na Nova Zelândia.

A família Schurmann iniciou a aventura pelos mares em 1984, a partir de Florianópolis, passando 10 anos velejando pelos oceanos AtlânticoPacífico e Índico. Os filhos cresceram a bordo e estudaram por correspondência. Wilhelm foi o único dos filhos que permaneceu 10 anos completos no veleiro, pois Pierre, em 1988, decidiu estudar administração de empresas nos EUA, onde morou até 1994, e David desembarcou na Nova Zelândia em 1991, onde se graduou em cinema e televisão.

Em 23.11.1997, a família, a bordo do veleiro Aysso, iniciou a expedição Magalhães Global Adventure, com uma nova volta ao mundo para refazer a circunavegação do navegador Magalhães, dessa vez com a pequena Kat, filha caçula de apenas 5 anos de idade, percorrendo 32.657 milhas (60.481 quilômetros), durante 912 dias, passando por 48 portos, 31 ilhas, 19 países e 9 territórios, tendo a expedição sido acompanhada pela internet em 44 países.

Em 2015, a bordo do mais novo veleiro, o Kat, a família atravessou os mares na “Expedição Oriente inspirada por uma polêmica teoria de que os exploradores chineses teriam sido os primeiros a navegar ao redor do mundo, conhecendo lugares como Caribe, América do Sul e Antártica, décadas antes dos europeus e, portanto, anteriormente a Colombo. Assim, a expedição buscou investigar as evidências dessa teoria ao refazer as supostas rotas dos navegadores chineses do século XV.


Ref.:

a) Família Schurmann: A volta ao mundo em 35 anos 18 de jun. de 2019 vejapontocom 

b) Voz dos Oceanos Estreou em 9 de out. de 2019 Família Schurmann 

c) Microplásticos e a poluição nos oceanos | Minuto da Terra 8 de mar. de 2016 Minuto da Terra

 Aprendizagem de vida pela viagem ao redor do mundo

Nesses quase 4 décadas de aventura, a família Schurmann visitou os lugares mais remotos e marcantes do planeta, conheceram paisagens maravilhosas, conheceram povos e culturas diferentes e viveram experiências incríveis, mas também  passaram por momentos tensos e de perigo, enfrentando ondas superiores a 10 metros e ventos de 120km/h.

Mas nem tudo tem sido maravilhoso, pela constatação da crescente degradação dos mares, principalmente pela poluição por materiais plásticos não degradáveis. Segundo informe da ONU de 2019, o mundo produz cerca de 300 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, dos quais 14% são coletados para reciclagem, e somente 9% são de fato reciclados, e grande parte do restante acaba caindo nos rios, lagos e principalmente nos mares. Ou seja, cada vez mais percebe-se que os oceanos estão em risco. As florestas como a Amazônia são importantes, mas os oceanos produzem mais oxigênio do que todas as florestas tropicais do mundo, de modo que os oceanos são de longe o grande pulmão do mundo.

 

Projeto Voz dos Oceanos

Com o objetivo principal de divulgar a mensagem da importância da preservação dos oceanos, a família Schurmann, em parceria com o Infinito Mare, do cientista ambiental Bruno Libardoni, criaram o projeto Voz dos Oceanos.

Entre as principais ações do Voz dos Oceanos destaca-se a expedição a ser liderada pela Família Schurmann, com duração de 24 meses, apoiada pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), durante a qual os velejadores irão registrar tudo o que virem nos oceanos e nas partes remotas do planeta, para documentar detalhadamente a poluição plástica.

A iniciativa visa também identificar possíveis soluções para a poluição marinha, mobilizar governos, setor privado e indivíduos para limpar os oceanos e inspirar inovações para reduzir a poluição dos mares pelo plástico.

A expedição será também uma plataforma para que cientistas, pesquisadores e ONG possam embarcar com a Família Schurmann e assim realizarem pesquisas "in loco" nos mares e ilhas do mundo.

A Voz dos Oceanos buscará ainda conscientizar as pessoas para mudarem seus hábitos de consumo, principalmente, em relação ao uso de produtos plásticos descartáveis. 

Shoji

 

 

sábado, 10 de abril de 2021

CAÇA AOS ANIMAIS DEVERIA SER PROIBIDA

 No momento da perda do Príncipe Philip a família real inglesa deveria rever a tradição da caça aos animais

Em 09.04.2021, o Príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth II, faleceu aos 99 anos de idade, despertando grande sentimento de perda não somente entre os súditos britânicos mas também em outros países, o que demonstra a estima e o respeito que a família real inglesa despertam ao redor do Mundo. Mas, ao assistir o seriado The Crown pelo Netflix  com certa surpresa vi a rainha Elizabeth II e outros membros da família real britânica caçando aves e outros bichos por volta das décadas de 60 e 80 em paisagens nostálgicas do interior do Reino Unido. Em 2018, tablóides ingleses noticiaram que George, de 5 anos de idade, filho do príncipe William, neto de Charles e, portanto, bisneto da rainha Elizabeth II, foi levado pelos pais para a sua primeira experiência de caça aos animais.  Mas desta vez, a sensação não foi somente de surpresa mas de certa dose de indignação. 



Ref.:: a)Esperas - Caçadas e Caçadores no Interior do Brasil (TRAILER)
6 de jun. de 2019 Dêniston Diamantino 
b) Cenas do seriado The Crown - Netflix


A notícia dividiu opiniões e colocou de um lado os defensores das tradições e do outro, pessoas que pedem o fim da caça, tendo, inclusive, circulado petição na internet no sentido de que o assunto seja debatido no parlamento britânico.

De fato, no momento em que se torna mais clara a importância do respeito ao meio ambiente e à natureza que suprem a sobrevivência da humanidade, questiona-se cada vez mais a necessidade da mudança no relacionamento do ser humano com o reino animal selvagem. 

Assim, considerando-se a simpatia e a consideração que a família real inglesa usufrui ao redor do mundo, seria desejável que ela, voluntariamente, abandone a prática da caça aos animais, embora tradicional. A manutenção dessa prática configura até hipocrisia, na medida que os membros da família real inglesa participam meritoriamente de eventos em defesa dos animais que se sentem ameaçados em seu habitat natural, em decorrência do avanço descontrolado do ser humano sobre o espaço até então considerado refúgio seguro aos animais selvagens.     

Shoji