Restauração florestal no Vale do Rio Doce faz parte da meta de reflorestar 12 milhões de hectares até 2030
Na Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Sustentável, o Brasil apresentou a sua contribuição para a 21ª
Conferência do Clima da ONU (COP21), realizada em Paris entre 30 de novembro e
11 de dezembro/2015, com o principal objetivo de cooptar o esforço mundial de 195
nações para conter o aquecimento do planeta em até 2º C até o fim deste século,
em relação aos níveis pré-industriais, e assim evitar as mudanças climáticas
catastróficas para a Terra.
Entre os 5 principais compromissos brasileiros, destaca-se
o de recuperar 12 milhões de hectares de florestas, equivalente a 120 mil km2
(área da Inglaterra) até 2030, o qual foi considerado um dos mais ambiciosos
apresentados pelos países signatários da Convenção sobre Mudanças
Climáticas.
Ref.: Instituto Terra - Renascimento que transforma 17 de fev. de 2021
Além de preservar a biodiversidade é
necessário restaurar a cobertura florestal
Apesar da amplitude da meta e da dificuldade de se
alcançar tal objetivo, deve-se destacar que já existem iniciativas que podem
contribuir para a desejada restauração florestal no País.
O Instituto Terra, uma organização civil sem fins lucrativos fundada em
abril de 1998, é fruto da iniciativa do casal Lélia Deluiz Wanick
Salgado e Sebastião Salgado, que diante do cenário de degradação ambiental em
que se encontrava a antiga fazenda de gado da família de Sebastião Salgado, localizada
no município mineiro de Aimorés, na bacia hidrográfica do Rio Doce, tomou a
decisão de devolver à natureza o que foi destruído pela ação predatória humana,
não se devendo esquecer que o Sebastião Salgado é aquele mesmo fotógrafo brasileiro com longa carreira no exterior
e reconhecido mundialmente.
O primeiro passo foi transformar a área da então fazenda de pecuária em
uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão, tendo o título
sido obtido de maneira inédita no Brasil em outubro/1998, por uma propriedade degradada,
diante do compromisso de vir a ser reflorestada.
No âmbito da ação do Instituto
Terra, são desenvolvidos projetos que vão desde a restauração florestal, produção
de mudas nativas, proteção de nascentes,
educação ambiental e até a pesquisa científica aplicada, com o apoio
financeiro de diferentes parceiros, tanto das esferas pública e privada, bem
como de fundações e doadores de vários países e de outras instituições do
Terceiro Setor.
O primeiro plantio na RPPN foi
realizado em dezembro de 1999 e em 20 anos, até dezembro 2019, foram plantadas mais
de 2 milhões de mudas de árvores nativas na área da antiga fazenda de gado.
Para dar suporte à
restauração florestal, o Instituto Terra desenvolve mudas nativas desde 2001,
com capacidade para produzir 1 milhão de mudas por ano, não somente para o
plantio interno na RPPN Fazenda Bulcão como também para atender a outros projetos
na região. Para tanto, faz-se a coleta de sementes de mais de 290 espécies
da Mata Atlântica no raio de 200 quilômetros ao redor da RPPN, tendo em 2
décadas de atividade criadas mais de 6 milhões de mudas nativas.
Ação similares
ao do Instituto Terra precisam ser replicadas
Como resultado da atuação do
Instituto Terra, milhares de hectares de áreas degradadas de Mata Atlântica no
médio Rio Doce já abrigam áreas reflorestadas com diversas espécies nativas da
Mata Atlântica.
Somando as parcerias com outras
propriedades, a ação do Instituto Terra contabiliza perto de 2 mil nascentes em
processo de recuperação e mais de 1 mil produtores rurais atendidos em 29
municípios no Vale do Rio Doce, sendo 21 em Minas Gerais e o restante no
Espírito Santo.
Assim, além da recomposição do
solo e o restabelecimento da cobertura vegetal da RPPN Fazenda Bulcão como em
outras propriedades, também está sendo promovido o resgate dos recursos
hídricos, ou seja, a recuperação das nascentes de água, bem como do retorno da
vida animal, de modo que muitas espécies que estavam desaparecendo estão encontrando
refúgio seguro no Instituto Terra.
Shoji
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