As pandemias são provocadas pelo contato dos humanos com animais que hospedam micróbios ainda desconhecidos
O trabalho encomendado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), conduzido por um grupo de 22 cientistas especialistas de diversas áreas, mostram as evidências da relação entre a expansão de doenças infecciosas transmitidas de animais para pessoas, como a atual pandemia do Covid-19, e a degradação da biodiversidade. O estudo, divulgado em 29.10.2020, alerta que futuras pandemias surgirão mais frequentemente, espalharão mais rapidamente e matarão mais pessoas do que o Covid-19 a menos que ocorra uma mudança drástica na forma de lidar com as doenças infecciosas.
Ref.: a) Entenda a Relação entre Desmatamento e Pandemia
30 de mar. de 2020
Esfera Cientifica
b) O que desmatamento tem a ver com novas pandemias?
17 de ago. de 2020
Pesquisa Fapesp
Todas essas condições deixam animais de criação e pessoas próximos à vida selvagem, facilitando aos micróbios dos animais se moverem para as pessoas, levando a infecções, surtos e mais raramente a verdadeiras pandemias, que se espalham por diversas vias, por aglomerações urbanas e até em escala global. Segundo o trabalho do IPBES, 70% das doenças emergentes no mundo, como ebola e zika, e quase todas as pandemias (influenza, HIV/aids, Covid-19) são zoonoses, ou seja, causadas por micróbios que infectavam originalmente animais.
O Covid-19 é ao menos a 6ª pandemia global desde a grande pandemia da Influenza de 1918, e tem origem em micróbios hospedados em animais mas como as demais pandemias foi impulsionado pelas atividades humanas. É estimada a existência de outros 1,7 milhões de vírus desconhecidos em mamíferos e aves, dos quais 850.000 teriam potencial de infectar seres humanos.
Preservação da biodiversidade contra o surto de pandemias
O cerne da questão, portanto, não é culpar a natureza, mas entender que o surgimento das doenças ocorre pelo fato de estarmos afetando o ambiente onde os micróbios estão quietos, e a aproximação dos seres humanos a esses locus é causada pelo desmatamento, expansão demográfica e agrícola e o tráfico de animais silvestres.
O estudo indica que é possível escaparmos da possível era das pandemias adotando medidas mais preventivas que reativas, basicamente reduzindo as pressões humanas sobre a natureza e a biodiversidade, o que seriam menos custosas financeiramente do que lidar com os efeitos das pandemias, como está ocorrendo atualmente com os impactos sanitários, sociais e econômicos do Covid-19.
No Brasil, deve-se a alertar que a agressão ao meio ambiente continua sendo um fato cotidiano como o desmatamento da maior cobertura florestal do mundo, na Amazônia, das riquíssimas mas cada vez menos extensas áreas do cerrado, do Pantanal, e ainda do que resta da Mata Atlântica, acompanhado de queimadas e outras agressões como os garimpos irregulares que acarretam perda da biodiversidade e colocam em risco de extinção as diversas espécies vegetais, cujos valores científicos e econômicos ainda são desconhecidos, bem como de diversas espécies animais, e ainda ameaçam os habitats e o patrimônio cultural dos habitantes primitivos do Brasil.
Shoji
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