sábado, 7 de novembro de 2020

PANDEMIAS ESTÃO RELACIONADAS À DEGRADAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

 As pandemias são provocadas pelo contato dos humanos com animais que hospedam micróbios ainda desconhecidos

O trabalho encomendado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), conduzido por um grupo de 22 cientistas especialistas de diversas áreas, mostram as evidências da relação entre a expansão de doenças infecciosas transmitidas de animais para pessoas, como a atual pandemia do Covid-19, e a degradação da biodiversidade. O estudo, divulgado em 29.10.2020, alerta que futuras pandemias surgirão mais frequentemente, espalharão mais rapidamente e matarão mais pessoas do que o Covid-19 a menos que ocorra uma mudança drástica na forma de lidar com as doenças infecciosas. 

Ref.: a) Entenda a Relação entre Desmatamento e Pandemia

30 de mar. de 2020

Esfera Cientifica

b) O que desmatamento tem a ver com novas pandemias?

17 de ago. de 2020

Pesquisa Fapesp

As pandemias têm origem em diversos micróbios transportados por hospedeiros animais, mas seu surgimento é impulsionado por atividades humanas. As causas subjacentes das pandemias são as mesmas alterações ambientais que desencadeiam a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas, o que inclui mudanças no uso da terra, expansão e intensificação da agricultura e comércio e consumo de animais silvestres.

Todas essas condições deixam animais de criação e pessoas próximos à vida selvagem, facilitando aos micróbios dos animais se moverem para as pessoas, levando a infecções, surtos e mais raramente a verdadeiras pandemias, que se espalham por diversas vias, por aglomerações urbanas e até em escala global. Segundo o trabalho do IPBES, 70% das doenças emergentes no mundo, como ebola e zika, e quase todas as pandemias (influenza, HIV/aids, Covid-19) são zoonoses, ou seja, causadas por micróbios que infectavam originalmente animais. 

O Covid-19 é ao menos a 6ª pandemia global desde a grande pandemia da Influenza de 1918, e tem origem em micróbios hospedados em animais mas como as demais pandemias foi impulsionado pelas atividades humanas. É estimada a existência de outros 1,7 milhões de vírus desconhecidos em mamíferos e aves, dos quais 850.000 teriam potencial de infectar seres humanos. 

Preservação da biodiversidade contra o surto de pandemias

O cerne da questão, portanto, não é culpar a natureza, mas entender que o surgimento das doenças ocorre pelo fato de estarmos afetando o ambiente onde os micróbios estão quietos, e a aproximação dos seres humanos a esses locus é causada pelo desmatamento, expansão demográfica e agrícola e o tráfico de animais silvestres. 

O estudo indica que é possível escaparmos da possível era das pandemias adotando medidas mais preventivas que reativas, basicamente reduzindo as pressões humanas sobre a natureza e a biodiversidade, o que seriam menos custosas financeiramente do que lidar com os efeitos das pandemias, como está ocorrendo atualmente com os impactos sanitários, sociais e econômicos do Covid-19. 

No Brasil, deve-se a alertar que a agressão ao meio ambiente continua sendo um fato cotidiano como o desmatamento da maior cobertura florestal do mundo, na Amazônia, das riquíssimas  mas cada vez menos extensas áreas do cerrado, do Pantanal, e ainda do que resta da  Mata Atlântica, acompanhado de queimadas e  outras agressões como os garimpos irregulares que acarretam perda da biodiversidade e colocam em risco de extinção as diversas espécies vegetais, cujos valores científicos e econômicos ainda são desconhecidos, bem como de diversas espécies animais, e ainda ameaçam os habitats e o patrimônio cultural dos habitantes primitivos do Brasil. 

Shoji


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