sábado, 25 de julho de 2020

AUTONOMIA DE HONG KONG SOB AMEAÇA?


A lei da segurança nacional ameaça as liberdades democráticas em Hong Kong


Hong Kong (HK) tornou-se uma colônia do Império Britânico após a Primeira Guerra do Ópio, que durou entre 1839 e 1842. Inicialmente restrita à Ilha de Hong Kong, as fronteiras da colônia foram ampliadas para a Península de Kowloon em 1861 e depois para os Novos Territórios, em 1899. Após breve ocupação japonesa na II Guerra Mundial, Hong Kong retornou ao controle britânico que durou até 1997, quando a China reassumiu a sua soberania, embora de forma parcial.

Referência) Hong Kong garante aplicação de lei de segurança nacional
7 de jul. de 2020
Estadão

Sob o domínio britânico e sistema capitalista, Hong Kong desenvolveu uma vasta e complexa economia de serviços e de livre comércio sob ambiente de baixa tributação e muita liberdade de ação econômica, tornando-se ao mesmo tempo um dos principais centros financeiros internacionais, permitindo situar-se entre as maiores rendas per capita do mundo. Esse alto grau de desenvolvimento reflete-se nos elevados patamares dos diversos  indicadores no cenário internacional em aspectos como liberdade e competitividade, qualidade de vida, percepção de corrupção e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 
Conforme Declaração Conjunta Sino-Britânica assinada em 19.12.1984, a soberania sobre Hong Kong foi devolvida à China em 01.07.1997, sob a condição da China manter o status quo de HK existente em 1997 por 50 anos, ou seja, até 2047.
Hong Kong, mesmo sendo parte do território chinês, passou a ter o status de região administrativa especial, com alto grau de autonomia, com um sistema político diferenciado do da China continental, que é regido pelo Partido Comunista Chinês (PCC), sob o princípio reconhecido pela China como sendo “um país, dois sistemas”.
Assim, Hong Kong continua a ser um porto livre e um centro financeiro internacional, e, exceto nas áreas da defesa e da política externa sob responsabilidade do governo central chinês, tem uma autonomia interna, nas esferas da administração do executivo, legislativo e judiciário, mantendo-se ainda a liberdade de reunião e de expressão.

Complexa transição política de Hong Kong até 2047
Decorridos 23 anos da Declaração conjunta sino-britânica, a completa assunção  da soberania de Hong Kong pela China em 2047 ainda passará por complexo processo de negociação ou de conflito entre o governo de Hong Kong, o governo central chinês e principalmente o seu maior interessado, o povo de HK. Isto decorre da incerteza que o povo de HK tem sobre o que realmente significa deixar o sistema democrático atual para se submeter ao regime político comunista ainda vigente na China, que se caracteriza por enormes restrições às liberdades individuais e políticas.  
Atualmente, por exemplo, as reinvindicações mais imediatas estão relacionadas à exigência do sufrágio universal para a eleição não apenas para o Conselho Legislativo mas principalmente para o Chefe do Executivo de HK, hoje feito por um complexo sistema indireto de eleição. 

A nova lei de segurança nacional pode acabar com a liberdade de expressão em Hong Kong?
Para agravar o ambiente político atual, em 30.06.2020, o governo da China aprovou a controversa lei da segurança nacional que segundo ele objetiva punir os crimes de separação, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas de 3 anos de prisão a perpétua, bem como a transferência do detento à China continental, além de prever a abertura em HK de escritórios de agências chinesas de segurança nacional. Para os críticos dessa medida, essa lei objetiva silenciar a oposição e minar a autonomia de HK, o que, na prática, representaria a quebra do compromisso do governo chinês de manter por 50 anos o status quo de HK vigente em 1997. 
Shoji

sábado, 18 de julho de 2020

MALALA NOBEL DA PAZ GRADUA SE EM OXFORD


O Fundo Malala dá oportunidade de estudo às meninas fora de escola


Malala Yousafzai, uma paquistanesa de 23 anos, nascida em 12.07.1997, expressou em 19.06.2020 pela conta no Twitter, sua alegria e gratidão por ter se graduado em filosofia, política e economia pela prestigiada Universidade de Oxford no Reino Unido, depois de um memorável ciclo de sofrimento, perseverança e dedicação. Em 09.10.2012, Malala se tornou uma célebre vítima da intolerância religiosa e ganhou as manchetes mundiais ao ser atingida na cabeça e no pescoço por disparo de tiro dado por um talibã dentro de um ônibus escolar que a conduzia de volta à casa em Mingora, no Vale do Swat, no Paquistão. 

Ref. a) Vencedora do Nobel da Paz, Malala se forma na universidade de Oxford | SBT Brasil (19/06/20)
19 de jun. de 2020
SBT Jornalismo
Ref. b) Malala Yousafzai ganha o Prêmio Nobel da Paz - 10/10/2014
10 de out. de 2014
TV Cultura

Desde os 10 anos de idade, Malala passou a ser conhecida por seu ativismo para que todas as garotas no Paquistão tivessem acesso à educação, e, por isso, virou alvo dos extremistas contrários ao ensino para as meninas. A sua luta foi inicialmente inspirada pelo seu pai, Ziauddin, que era dono de uma rede de escolas na região e também ativista da educação. Malala concedia entrevistas, tinha contato com a imprensa ocidental e também escrevia sob o pseudônimo de Gul Makai em um blog para a BBC em urdu, idioma majoritário no Paquistão.
Em sua luta desesperada pela sobrevivência, Malala, então com 15 anos,  após receber primeiros socorros médicos no Paquistão foi transferida para o hospital Queen Elizabeth Hospital em Birmingham, na Inglaterra. Malala não somente sobreviveu ao terrível atentado, mas manteve-se na luta pelo direito à educação das meninas, principalmente em áreas dominadas pelo fundamentalismo islâmico. 
No dia 12.07.2013, por ocasião de homenagem na ONU pelo seu 16º aniversário, ela pronunciou que o "Malala Day não é o meu dia. É um dia de toda mulher, toda jovem, toda pessoa que luta pelos seus direitos. E eu estou aqui de pé, não por mim, mas por aqueles que batalham para viver em paz, por oportunidades, por educação". No  encerramento do seu discurso disse “Uma criança, uma professora, uma caneta e um livro podem mudar o mundo”.
O incansável trabalho da Malala foi reconhecido pelo agraciamento do Prêmio Nobel da Paz em 2014, na condição da mais jovem ganhadora dessa premiação, aos 17 anos de idade. Após isso, ingressou em uma renomada universidade e concluiu seus estudos. 
Uma das suas obras atualmente é o desenvolvimento do Fundo Malala, criado em abril de 2013, após a sua recuperação no Reino Unido, onde vive até hoje, com o objetivo de propiciar às meninas, que estão fora de escola, oportunidade de ter acesso à educação  não somente às meninas paquistanesas, mas também de outras nacionalidades. Segundo a Unesco, essas no mundo girariam em torno no mínimo de 130 milhões de meninas. 
Shoji

sábado, 4 de julho de 2020

INTEGRAÇÃO DO POVO ARAMEU EM ISRAEL


O cristão arameu deseja se diferenciar do árabe em Israel


A decisão do Ministério  do Interior do Governo de Israel em setembro de 2014 de permitir que o cristão arameu seja registrado em sua identidade como sendo arameu e não mais como árabe parece ser uma medida burocrática sem maior significado, mas na realidade representa um marco simbólico muito importante ao povo arameu, de longuíssima tradição histórica.  
Significa aos 15 mil arameus em Israel antes de mais nada a separação da identidade araméia da identidade árabe, à qual não pertence, pois o povo arameu é mais antigo, anterior ao crescimento da civilização árabe que se inicia no século VII DC. Os arameus são descendentes de tribos da antiga Mesopotâmica, falantes do aramaico, que foi a língua franca nessa extensa região por longos séculos, tendo sido inclusive o idioma nativo de  Jesus e seus discípulos. 
Esta era uma reinvindicação antiga dos arameus, pois eles não se consideram árabes, mas sim cristãos que falam árabe, pelo fato do aramaico ter deixado de ser a língua usual, após o início da preponderância árabe na região a partir do século VII DC. 
Com essa separação ficam reconhecidas as igrejas cristãs de origem aramaica: 
a Igreja Aramaica-Maronita (com a maioria dos seguidores no Líbano), a Igreja Aramaica-Católica e a Igreja Aramaica-Ortodoxa. 
Outro importante impacto é a possibilidade de ter um sistema educacional separado do árabe, eliminando-se a obrigatoriedade dos  arameus e seus filhos estudarem nas escolas árabes, onde se ensina a herança árabe e  islã, podendo os arameus estudarem nas escolas judaicas regulares, onde-se dá ênfase ao ensino do hebraico e outros temas que facilitam a sua integração à sociedade israelense.  Também, o cristão arameu passa a acessar a outros benefícios, como o transporte escolar público gratuito.
A separação do povo arameu da identidade de árabe facilita ainda a adesão dos cristãos arameus às forças armadas de Israel (IDF), principalmente ao deixar de frequentar as escolas árabes, que desestimulam os jovens cristãos a prestar serviço militar israelense.

Father Gabriel Naddaf lights Israel Independence Day Torch
30 de ago. de 2016
نادي اصدقاء الاب جبرائيل نداف - חברי הכומר גבריאל נדאף

Crescente engajamento dos cristãos nas forças armadas israelenses (IDF)
Todos os cidadãos israelenses aos 18 anos, inclusive os judeus ultraortodoxos a partir de 2017, são obrigados a prestar serviço militar em Israel, mas os não judeus, como os muçulmanos e cristãos, a exceção de drusos, circassianos e beduínos, estão excluídos dessa obrigação. 
Mas entre os cristãos, há uma forte tendência de se engajaram cada vez mais ao serviço militar israelense, sejam arameus ou não, em função de 2 principais fatores: (i) os cristãos sentem-se mais protegidos em Israel do que nos países árabes limítrofes com predominância muçulmana; e (ii) necessidade crescente de defender Israel  como sendo a sua própria pátria. 
Nesse esforço, entre os não-arameus, destaca-se Gabriel Naddaf, um padre israelense da Igreja Grega Ortodoxa, porta voz do Patriarcado Grego Ortodoxo de Jerusalém, e um dos fundadores do fórum de recrutamento de cristãos para a força de defesa israelense  (Israeli Christian Recruitment Forum), que atua em conjunto com o Conselho de Empoderamento Cristão (Christian Empowerment Council - CEC) apesar da forte oposição ainda originária de certos setores radicais de árabes cristãos, uma das quais é até parlamentar no Knesset israelense.  
Shoji