O quase desaparecimento do Mar de Aral é o maior desastre ambiental do
Mundo
O Mar de Aral, situado na Ásia Central, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, era até 1960, o quarto maior lago do mundo, com 68.000 km2. Hoje, entretanto, sua área está reduzida a menos de 10%, e acabou ganhando a notoriedade como sendo o triste retrato de uma das maiores catástrofes ambientais do Mundo, fruto basicamente da ação humana imprevidente e desastrada.
Processo de encolhimento do Mar de Aral
O então governo comunista soviético começou a desviar parte das águas dos rios que alimentavam o mar de Aral, o Amu Darya (ao sul) e o Syr Darya (no nordeste) em 1918, pois, com o fim da 1ª Guerra Mundial, havia a necessidade de aumentar a produção de alimentos, tais como arroz, cereais e frutas, além de planos ambiciosos de produzir algodão no deserto próximo ao lago, na medida que o algodão era valorizado e chamado de “ouro branco”.
Na década de 1930 e 40, os soviéticos reforçaram o plano de transformar a região em uma grande produtora de algodão e acelerou-se a construção dos canais de irrigação que captavam água dos afluentes do mar de Aral. O conhecimento rudimentar da técnica e engenharia produziu canais mal construídos, e havia perda de até 75% da água captada em vazamentos e evaporação.
A morte trágica do Mar de Aral acentuou-se a partir dos anos 1960, com o lançamento pelos planejadores de Moscou do Projeto do Mar de Aral, um ambicioso programa econômico que visava a conversão da área adjacente ao Mar de Aral em um cinturão do algodão da União Soviética, pois o Mar de Aral e os seus afluentes pareciam ser uma fonte inesgotável de água, que poderia ser espalhada pelo solo desértico, mediante abertura indiscriminada de canais irrigantes de grande extensão.
Não foi o projeto em si, mas antes os métodos agrícolas e de irrigação mal concebidos e mal geridos que acabaram destruindo a economia, saúde e ecologia da bacia do Mar de Aral, afetando toda a população local e adjacente.
Assim, na década de 1960, a maior parte do abastecimento de água do lago tinha sido desviado e o mar de Aral começou a encolher. De 1961 a 1970 o lago baixou 20 cm por ano, e essa taxa cresceu 350% até 1990. Em 1987, a redução contínua do nível da água levou ao aparecimento de grandes bancos de areia, causando a separação em duas massas de água, formando o Aral do Norte (ou Pequeno Aral) e o Aral do Sul (ou Grande Aral).
Efeitos ambientais desastrosos
A quantidade de água retirada dos rios que abasteciam o mar de Aral duplicou entre 1960 e 2000, assim como a produção de algodão. Nesse período, o Uzbequistão tornou-se o 3º maior exportador de algodão do mundo, porém a um custo muito alto. Por efeito da redução do volume de água, a salinidade do lago quase quintuplicou e matou a maior parte de sua fauna e flora naturais. A outrora próspera indústria pesqueira foi praticamente destruída, assim como as cidades ao longo das margens, gerando desemprego e dificuldades econômicas, o que é muito visível pela abundância de esqueletos de navios e instalações portuárias abandonadas.
Além da redução drástica da área do Mar, as suas águas também ficaram fortemente poluídas, como resultado de testes com armamentos e projetos industriais, e o uso maciço de pesticidas e fertilizantes. As pessoas passaram a sofrer com a falta de água doce e as culturas na região foram prejudicadas pelo sal depositado sobre a terra. Além disso, o vento passou a dispersar o sal a partir do solo seco e poluído, causando danos à saúde pública. Há também indícios de alterações climáticas na região, com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios. Em resumo, a situação atual do mar de Aral e sua região é descrita como a maior catástrofe ambiental da história.
Lições a serem tiradas desse desastre ambiental
A recuperação das condições originais do Mar de Aral é praticamente impossível, pois os rios afluentes praticamente secaram. Mesmo a amenização do processo de desertificação, incluindo a plantação de variedades nativas como o arbusto saxaul exige um tempo bastante longo e com alcance limitado, além de vultosos investimentos que os países da região envolvidos não são capazes de executar.
Assim, a grande lição a ser tirada é que a exploração de recursos naturais deve ser feita de maneira parcimoniosa e cuidadosa, observando e respeitando os seus limites e as leis científicas que regem a existência e o funcionamento deste planeta chamado Terra.
Soji Soja
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