Ela se recusou a
fazer propaganda do regime comunista contra os EUA e resolveu dedicar-se a
divulgar a cultura da paz
Em 08.06.1972, no vilarejo de Trang Bang, na então Vietnã do Sul, uma imagem, em que crianças correm e choram dos efeitos das bombas de napalm, um combustível altamente inflamável, seria eternizada pelo fotógrafo vietnamita Nick Ut. Na imagem, destaca-se uma menina completamente nua correndo desesperadamente após ter as vestes queimadas pelo fogo. A foto comoveu o mundo, marcou indelevelmente os horrores da guerra, tornando-se símbolo da Guerra do Vietnã.
A menina, Phan Thi Kim Phuc, somente se daria conta da importância daquela imagem muitos anos depois. Na época, ela tinha 9 anos, foi imediatamente socorrida pelo fotógrafo, Nick Ut, passou 14 meses no hospital, por 17 cirurgias ao longo da sua vida, para se tratar e recuperar das queimaduras.
Mas as sequelas e cicatrizes persistem até hoje. Em 2015, aos 52 anos, Phuc começou um tratamento a laser em Miami, nos EUA que, segundo os médicos responsáveis, podem suavizar as dores do corpo e o tecido cicatrizado que toma seu braço esquerdo, o pescoço e as costas.
Aos 13 anos, ela foi estudar em Saigon. O governo vietnamita a pressionava a fazer propaganda do regime comunista e a ajudar a culpar os EUA pelos infortúnios no Vietnam, mas sempre se recusou a envolver-se em política.
Após alguns anos, obteve autorização para estudar medicina em Cuba, onde conheceu seu marido, também vietnamita. Na viagem de lua-de-mel de volta de Moscou, quando o avião fez uma escala no Canadá, o casal resolveu desertar, fixando-se nesse país, onde constituíu família, com 2 filhos.
Kim Phuc é um exemplo de vida
Apesar das profundas cicatrizes em seu corpo, Kim conseguiu superar os sentimentos de raiva e ódio. Em 1997, foi chamada para ser embaixadora da boa vontade da ONU e criou a Kim Foundation International, que fornece suporte médico e psicológico como forma de superar as experiências traumáticas, inclusive para proporcionar assistência médica e psicológica às crianças vítimas de conflitos bélicos, tendo a instituição projetos em escolas e hospitais em países como Uganda, Timor-Leste, Romênia, Tadjiquistão, Quênia e Afeganistão.
Apesar dos efeitos devastadores da guerra em sua vida, com a perda de vários familiares e a persistência das sequelas físicas pelo seu corpo, Kim Phuc tem superado os sentimentos de amargura e raiva, lutando diuturnamente contra as dores e os incômodos físicos ao mesmo tempo que tem se dedicado a esforços humanitários em prol do próximo.
Soji Soja
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