sábado, 29 de setembro de 2018

A MENINA VIETNAMITA VÍTIMA DO NAPALM TRABALHA PELA PAZ


Ela se recusou a fazer propaganda do regime comunista contra os EUA e resolveu dedicar-se a divulgar a cultura da paz




Em 08.06.1972, no vilarejo de Trang Bang, na então Vietnã do Sul, uma imagem, em que crianças correm e choram dos efeitos das bombas de napalm, um combustível altamente inflamável, seria eternizada pelo fotógrafo vietnamita Nick Ut. Na imagem, destaca-se uma menina completamente nua correndo desesperadamente após ter as vestes queimadas pelo fogo. A foto comoveu o mundo, marcou indelevelmente os horrores da guerra, tornando-se símbolo da Guerra do Vietnã.
A menina, Phan Thi Kim Phuc, somente se daria conta da importância daquela imagem muitos anos depois. Na época, ela tinha 9 anos, foi imediatamente socorrida pelo fotógrafo, Nick Ut, passou 14 meses no hospital, por 17 cirurgias ao longo da sua vida, para se tratar e recuperar das queimaduras.
Mas as sequelas e cicatrizes persistem até hoje. Em 2015, aos 52 anos, Phuc começou um tratamento a laser em Miami, nos EUA que, segundo os médicos responsáveis, podem suavizar as dores do corpo e o tecido cicatrizado que toma seu braço esquerdo, o pescoço e as costas.
Aos 13 anos, ela foi estudar em Saigon. O governo vietnamita a pressionava a fazer propaganda do regime comunista e a ajudar a culpar os EUA pelos infortúnios no Vietnam, mas sempre se recusou a envolver-se em política.
Após alguns anos, obteve autorização para estudar medicina em Cuba, onde conheceu seu marido, também vietnamita. Na viagem de lua-de-mel de volta de Moscou, quando o avião fez uma escala no Canadá, o casal resolveu desertar, fixando-se nesse país, onde constituíu família, com 2 filhos.

Kim Phuc é um exemplo de vida
Apesar das profundas cicatrizes em seu corpo, Kim conseguiu superar os sentimentos de raiva e ódio. Em 1997, foi chamada para ser embaixadora da boa vontade da ONU e criou a Kim Foundation International, que fornece suporte médico e psicológico como forma de superar as experiências traumáticas, inclusive para proporcionar assistência médica e psicológica às crianças vítimas de conflitos bélicos, tendo a instituição projetos em escolas e hospitais em países como Uganda, Timor-Leste, Romênia, Tadjiquistão, Quênia e Afeganistão.
Apesar dos efeitos devastadores da guerra em sua vida, com a perda de vários familiares e a persistência das sequelas físicas pelo seu corpo, Kim Phuc tem superado os sentimentos de amargura e raiva, lutando diuturnamente contra as dores e os incômodos físicos ao mesmo tempo que tem se dedicado a esforços humanitários em prol do próximo.
Soji Soja


sábado, 15 de setembro de 2018

O MAR DE ARAL VIROU UM DESERTO!

O quase desaparecimento do Mar de Aral é o maior desastre ambiental do Mundo


O Mar de Aral, situado na Ásia Central, entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, era até 1960, o quarto maior lago do mundo, com 68.000 km2. Hoje, entretanto, sua área está reduzida a menos de 10%, e acabou ganhando a notoriedade como sendo o triste retrato de uma das maiores catástrofes ambientais do Mundo, fruto basicamente da ação humana imprevidente e desastrada.  

Processo de encolhimento do Mar de Aral
O então governo comunista soviético começou a desviar parte das águas dos rios que alimentavam o mar de Aral, o Amu Darya (ao sul) e o Syr Darya (no nordeste) em 1918, pois, com o fim da 1ª Guerra Mundial, havia a necessidade de aumentar a produção de alimentos, tais como arroz, cereais e frutas, além de planos ambiciosos de  produzir algodão no deserto próximo ao lago, na medida que o algodão era  valorizado e chamado de “ouro branco”.
Na década de 1930 e 40, os soviéticos reforçaram o plano de transformar a região em uma grande produtora de algodão e acelerou-se a construção dos canais de irrigação que captavam água dos afluentes do mar de Aral. O conhecimento rudimentar da técnica e engenharia produziu canais mal construídos, e havia perda de até 75% da água captada em vazamentos e evaporação.
A morte trágica do Mar de Aral acentuou-se a partir dos anos 1960, com  o lançamento pelos planejadores de Moscou do Projeto do Mar de Aral, um ambicioso programa econômico que visava a conversão da área adjacente ao Mar de Aral em um cinturão do algodão da União Soviética, pois o Mar de Aral e os seus afluentes pareciam ser uma fonte inesgotável de água, que poderia ser espalhada pelo solo desértico, mediante abertura indiscriminada de canais irrigantes de grande extensão.
Não foi o projeto em si, mas antes os métodos agrícolas e de irrigação mal concebidos e mal geridos que acabaram destruindo a economia, saúde e ecologia da bacia do Mar de Aral, afetando toda a população local e adjacente.
Assim, na década de 1960, a maior parte do abastecimento de água do lago tinha sido desviado e o mar de Aral começou a encolher. De 1961 a 1970 o lago baixou 20 cm por ano, e essa taxa cresceu 350% até 1990. Em 1987, a redução contínua do nível da água levou ao aparecimento de grandes bancos de areia, causando a separação em duas massas de água, formando o Aral do Norte (ou Pequeno Aral) e o Aral do Sul (ou Grande Aral). 

Efeitos ambientais desastrosos
A quantidade de água retirada dos rios que abasteciam o mar de Aral duplicou entre 1960 e 2000, assim como a produção de algodão. Nesse período, o Uzbequistão tornou-se o 3º maior exportador de algodão do mundo, porém a um custo muito alto. Por efeito da redução do volume de água, a salinidade do lago quase quintuplicou e matou a maior parte de sua fauna e flora naturais. A outrora próspera indústria pesqueira foi praticamente destruída, assim como as cidades ao longo das margens, gerando desemprego e dificuldades econômicas, o que é muito visível pela abundância de esqueletos de navios e instalações portuárias abandonadas.
Além da redução drástica da área do Mar, as suas águas também ficaram fortemente poluídas, como resultado de testes com armamentos e projetos industriais, e o uso maciço de pesticidas e fertilizantes. As pessoas passaram a sofrer com a falta de água doce e as culturas na região foram prejudicadas pelo sal depositado sobre a terra. Além disso, o vento passou a dispersar  o sal a partir do solo seco e poluído, causando danos à saúde pública. Há também indícios de alterações climáticas na região, com verões cada vez mais quentes e secos, e invernos mais frios. Em resumo, a situação atual do mar de Aral e sua região é descrita como a maior catástrofe ambiental da história.

Lições a serem tiradas desse desastre ambiental

A recuperação das condições originais do Mar de Aral é praticamente impossível, pois os rios afluentes praticamente secaram.  Mesmo a amenização do processo de desertificação,  incluindo a plantação de variedades nativas como o arbusto saxaul exige um tempo bastante longo e com alcance limitado, além de vultosos investimentos que os países da região envolvidos  não são capazes de executar.   
Assim, a grande lição a ser tirada é que a exploração de recursos naturais deve ser feita de maneira parcimoniosa e cuidadosa,  observando e respeitando  os seus limites e as leis científicas que regem a existência e  o funcionamento deste planeta chamado Terra.  
Soji Soja