sábado, 2 de junho de 2018

COMO APOIAR A GREVE QUE CRIOU O CAOS NO PAÍS?!


A greve afetou seriamente o abastecimento de bens e serviços essenciais



A pesquisa da Datafolha com 1.500 pessoas realizada em 29.05.2018, 3ª feira, e divulgada no dia seguinte, sobre a greve dos caminhoneiros, iniciada em 21.05.2018, 2ª feira, portanto, 8 dias após o início da paralisação, revelou o apoio de 87%, a posição contrária de somente 10% e a indiferença ou ausência de opinião do restante 3%.  Sobre a continuidade da paralisação, 56% apoiavam a continuidade e 42% eram contra. 

Por outro lado, contraditoriamente, 87% eram contra as medidas adotadas pelo governo para atender aos caminhoneiros, sendo que apenas 10% aprovavam o aumento dos impostos e o corte  dos gastos federais.  A contradição se verifica pelo fato do conjunto das concessões feitas aos caminhoneiros implicarem em gastos públicos expressivos e não previstos no orçamento federal, com destaque a:  (i) desconto de R$ 0,46 por litro de diesel por 2 meses; (ii) periodicidade mínima de 30 dias para reajuste do preço do diesel na refinaria, devendo eventual perda da Petrobrás ser compensada financeiramente pela União; (iii) fixação de uma tabela de preços mínimos por km rodado no transporte rodoviário de cargas: (iv) isenção da tarifa de pedágio para eixo suspenso em caminhões vazios, a ser negociado com os governos estaduais: (v) reserva de 30%, sem licitação, dos fretes da Conab para os caminhoneiros autônomos e (vi) não inclusão do setor rodoviário de cargas na reoneração da folha de pagamento. 

O resultado dessa pesquisa foi surpreendente, e de certa forma, preocupante,  pois esse apoio maciço à greve foi manifestado apesar dos monumentais transtornos causados em todos os setores econômicos e segmentos sociais do País,  com desabastecimento generalizado de itens,  produtos e serviços essenciais, como  combustíveis, alimentos,  insumos para a indústria,  para serviços de saúde, educação, transporte em todos os modais e setores, etc., enfim abrangendo praticamente todos os itens essenciais ao dia a dia dos cidadãos.  Assim, virou rotina ficar horas na fila para abastecer o tanque do carro ou conseguir 1 botijão de gás, se conseguir!!! O Brasil ficou parecendo a própria Venezuela!

A greve atingiu em cheio o suprimento de bens e serviços essenciais à população
A Lei nº 7.783/1989 determina que em caso de greve nos setores e atividades essenciais, deve-se garantir a prestação desses serviços indispensáveis à comunidade, e claramente isso não foi observado, bem como não foi observada a comunicação prévia da deflagração da greve com antecedência mínima de 3 dias (art. 13).  

A forma atabalhoada de negociar do governo pode estimular novas paralisações 
Considerando-se a forma desorganizada e atrapalhada do governo na negociação e a pressa com que fez as concessões na tentativa de interromper a greve, sem avaliar devidamente os efeitos financeiros sobre os gastos públicos, já totalmente ocupados com outros gastos, persiste a dúvida se essa atitude governamental não poderá estimular novos movimentos grevistas, nesse período tão conturbado que precede a eleições gerais marcadas para outubro de 2018. 

Deve-se negociar até a exaustão para evitar danos à sociedade
Apesar da justa reinvindicação dos caminhoneiros, porém, considerando-se as graves repercussões da paralisação de setor tão importante na economia, os representantes dessa categoria, idealmente, deveriam ter negociado até a exaustão, o que certamente acabaria sensibilizando o governo de alguma maneira.  
Soji Soja

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