Escassez crônica de água
Desde a sua
criação como país independente em 1948, Israel tem sofrido a realidade de ser
um país praticamente desprovido de recursos naturais, principalmente da
essencial água. Ou seja, Israel sempre defrontou com a escassez de água em
função do seu clima de quase-deserto. Ou
seja, o sul do país é desértico e o norte, apesar do clima mais úmido,
corresponde ao semiárido brasileiro.
Assim, a falta
de suprimento adequado de água sempre
foi problema recorrente para o desenvolvimento de suas atividades econômicas e
para as necessidades básicas da população, principalmente na agricultura, ao
mesmo tempo que a disputa pelos recursos hídricos, como os do Rio Jordão,
sempre foi motivo de atritos crônicos com os países vizinhos árabes.
Novas fontes inovadoras de água: reuso e dessanilização
Dessa forma,
historicamente o fornecimento de água provinha dos tradicionais aquíferos
costeiros e nas montanhas e do Mar da Galiléia (Lago Kineret), mas esse quadro começou a se modificar nos
últimos anos, quando o país passou a investir fortemente em duas novas fontes
de água cada vez mais importantes: (i) o reuso da água, mediante tratamento da
água de esgoto; e (ii) investimento em
plantas de dessalinização da água marinha.
Atualmente,
Israel é destaque mundial no tratamento e reciclagem de água usada, com reuso
de cerca de 72% do esgoto, a maior taxa de reutilização no Mundo, a qual é
destinada para a irrigação da agricultura por meio de gotejamento, uma inovação
tecnológica já bastante utilizada em escala mundial, criada em Israel nos anos
de 1960, que permite que a planta receba exatamente a quantidade de água
necessária ao seu desenvolvimento, de modo a propiciar enorme economia de
água.
O processo de
dessalinização da água salgada avançou de tal forma a partir de 2001, que atualmente quase 50% da água
consumida em Israel é extraída do mar, projetando-se que no futuro toda água potável no país venha a
ser de origem marítima.
Apesar do
crescimento do suprimento dessas novas fontes de água, o país não se descuida
das campanhas e da constante conscientização da população quanto à necessidade
do uso parcimonioso da água, sendo
proibidas práticas como lavagem de carros ou calçadas e o ato de regar plantas
com mangueiras.
O fim da escassez da água como fator
pacificador na região
Com o equacionamento do fornecimento hídrico em
Israel, a disputa por água que já foi motivos de sérios atritos com vizinhos
árabes pode dar campo a projetos de cooperação com os países limítrofes, que
ainda sofrem com escassez de água, o que poderia contribuir para o maior grau
de pacificação dessa região ainda caracterizada por potencial conflito geopolítico de grandes proporções.
Soji Soja