sábado, 16 de novembro de 2024

JACARTA AFUNDA POR SUBSIDÊNCIA DO SOLO

 Nusantara é a nova capital da Indonésia no centro geográfico do país

Desde 17.08.2024, Nusantara é a nova capital da Indonésia, substituindo Jacarta, que ocupava essa posição não somente após a proclamação da independência do país em 1945 mas desde os tempos coloniais holandeses no século XVII. A localização de Nusantara foi escolhida por estar no centro geográfico da Indonésia, na Província de Kalimantan Oriental na costa leste da Ilha de Borneo, e por estar sob menor risco de desastres naturais como inundações e terremotos. A nova capital é cercada por montanhas, florestas e uma baía natural, mas a sua construção é cercada de muitos obstáculos, por requerer investimentos privados vultosos, de modo que o seu pleno desenvolvimento levará muitos anos para a sua consolidação, esperando-se que em 2045 atinja 1,9 milhão de habitantes.

Apesar do planejamento governamental de desenvolver a cidade de forma sustentável, em harmonia com a floresta, ou seja, uma capital com ecossistema inteligente, há preocupação de que a construção da cidade degrade o meio ambiente, principalmente os essenciais manguezais e pela flagilização da cobertura florestal, além, de reduzir ainda mais o habitat de espécies animais ameaçadas como orangotangos e macacos de nariz longo.

 

Ref.: Is Indonesia’s plan to save Jakarta by building a new capital a ‘massive ecological disaster'? Eeuronews nov 2023

O principal motivo para a mudança de capital é o afundamento de Jacarta

Além da expectativa de ganhos estratégicos, econômicos, sociais e de infraestrutura futuros, apresentado pelo presidente indonésio Joko Widodo, para justificar a construção da nova capital com investimentos astronômicos, a principal motivação situa-se no fato de Jacarta, a maior metrópole do país e um dos maiores do mundo, com 12 milhões de habitantes, estar literalmente afundando a um ritmo alarmante, podendo a maior parte da cidade ficar submersa até 2050. Jacarta foi erguida em área pantanosa, no Mar de Java, cercada por uma grande floresta tropical e banhada por um grande delta cortado por 13 rios. Durante séculos, o delta permaneceu envolvido por densos manguezais que ofereciam proteção natural contra as fortes ondas e marés nas tempestades. Nas últimas décadas, porém, os eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas aumentaram de forma alarmante a frequência e a intensidade das cheias.

 

Afundamento por retirada descontrolada de água subterrânea

Adicionalmente, o solo onde se assenta Jacarta está afundando ao ritmo de 1 a 15 cm ao ano, sob o efeito do fenômeno geológico, topográfico e geográfico chamado subsidência ou abatimento. É um movimento para baixo de uma área, no caso de Jacarta, causado pela retirada descontrolada de água do subsolo, fenômenos tectônicos, ritmo intenso e descontrolado de urbanização e compactação de depósitos que perdem água. Enfim, o afundamento de Jacarta é decorrente da conjugação de série de fatores, os quais se caracterizam pela sua dessintonia com a sustentabilidade ambiental.

 

O tempo para salvar as grandes florestas tropicais é cada vez mais curto

O tempo para salvar as grandes florestas tropicais na Indonésia como na Amazônia e Congo é cada vez mais curto mas para isso é imprescindível reduzir drástica e efetivamente o desmatamento, chegando à total cessação do desmatamento nos próximos anos. Adicionalmente, deve ser feito grande esforço para restaurar as coberturas florestais em áreas já mais fragilizadas de forma a preservar a grande biodiversidade ainda existente nessas áreas.

Shoji

sábado, 9 de novembro de 2024

PROTESTOS CONTRA O TURISMO EXCESSIVO

 Apesar dos protestos é inexorável o crescimento do turismo mundial

Segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC em inglês), composto de membros da comunidade de negócios tendente a aumentar a conscientização sobre o  setor de viagens e turismo em articulação com governos, a contribuição do turismo sobre o PIB global deve crescer 12% em 2024 em relação a 2023, atingindo o recorde de US$ 11,1 trilhões o que representa 10% do PIB mundial, gerando em torno de 350 milhões de empregos. Isso denota a importância do turismo para a economia mundial, principalmente para alguns países que dependem cada vez mais desse setor econômico.

Isso é resultante do fato de que mais e mais pessoas não só desejam viajar e conhecer outros países e culturas, mas mais pessoas também estão alcançando condições financeiras para dedicar parte do seu tempo e renda para atividades de lazer e turismo, como ocorre com aqueles originários de países emergentes e populosos como Índia e China. Também contribuem para essa tendência os avanços tecnológicos que facilitam e barateiam os meios de transporte, hospedagem e alimentação, além de investimentos em infraestrutura que atraem mais e mais visitantes.

 

Excesso de turismo causa impactos econômicos e ambientais em cidades mais visitadas do mundo

Jornalismo TV Cultura out 2024

Medidas para amenizar os transtornos do turismo de massa

Mas nem tudo é mar de rosas, pois o aumento de visitantes acarreta série de transtornos sobre os moradores em localidades com maior afluxo de turistas que sobrecarregam a infraestrutura insuficiente para isso, com destaque a cidades como Amsterdam, Paris, Milão e Barcelona, entre outras.

Para prevenir o chamado turismo excessivo (overtourism) diversas localidades têm adotado medidas como a da cobrança pela prefeitura de Veneza a partir de abril/2024 da taxa de 5 euros para pessoa que passa somente 1 dia, ou como Paris e Londres que restringem o estacionamento de ônibus nas áreas centrais da cidade. Muitas cidades já estudam proibir as visitas de curta estada com hospedagem por meio de aplicativos como Airbnb. Mas tais medidas além de desgastantes são claramente paliativas que não resolvem o cerne do aumento do fluxo de visitantes.

 Protesto de moradores contra o turismo de massa

O transtorno do excesso de turistas suscitou o surgimento do fenômeno inédito de moradores locais contra a “invasão” de turistas em locais como Barcelona, Madri, Ilhas Canárias e Maiorca entre outras. Mas esse tipo de protesto não tem o apoio da grande massa de pessoas e setores que se beneficiam do turismo.

 Os turistas aumentam por isso devem respeitar melhor os locais visitados

É certo que os turistas devem melhorar o seu comportamento de modo a respeitar mais o conforto dos moradores locais, mas é inevitável que estes por sua vez devem se adequar melhor ao contínuo afluxo de visitantes, na medida que o crescimento do turismo continuará sendo inexorável, principalmente pela sua expressão econômica na geração de renda e emprego. E isso é positivo, pois o turismo é uma forma sadia e sustentável de aumentar a interação e o convívio entre pessoas e povos das mais diversas partes do Mundo. 

Shoji


sábado, 17 de agosto de 2024

NOVOS ESPORTES NAS OLIMPÍADAS 2028

 As novas modalidades são populares nos EUA e em regiões da Ásia e Américas do Norte e Central e no Caribe

Nos XXXII Jogos Olímpicos, em Tokyo, inicialmente  programados para 24.07 a 09.08.2020 mas adiados para 23.07 a 08.08.2021,  por efeito da pandemia do Covid-19, ocorreu o aumento das modalidades esportivas em disputa de 21 para 37, com o objetivo de atrair maior público, principalmente entre os jovens, as mulheres e os contingentes cada vez maiores de moradores comuns dos centros urbanos, com a inclusão do skate, surfe, karatê, escalada esportiva, beisebol/softbol e basquetebol 3x3.

As Olimpíadas 2024 em Paris continuaram essa tendência de atrair o público jovem e adeptos de novas modalidades esportivas e de lazer, praticadas em locais mais despojados e descontraídos, fora das grandes arenas, que exigem grandes investimentos, com a inclusão do break dance, mas com a exclusão do karatê e do beisebol/softbol. O kitesurfe que estava cogitado para entrar no evento de Paris acabou não fazendo parte das Olimpíadas 2024.

 

Conheça os novos esportes olímpicos O TEMPO dez 2023


Novas modalidades nas Olimpíadas 2028 em Los Angeles

Na edição dos Jogos Olímpicos a realizar-se em 2028 em Los Angeles-EUA farão parte 5 novas modalidades, já aprovadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) no fim de 2023, a saber: críquete, flag footballsquash, beisebol/softbol e lacrosse.

O beisebol é o esporte mais conhecido a ser reintroduzido em 2028, sendo praticado por homens, e na versão feminina, como softbol. O beisebol/softbol fez parte do cartel de esportes olímpicos de 1996 a 2008, ficou de fora em 2012 e 2016, retornou em Tóquio, mas foi novamente retirado em 2024. Retornará em 2028 em Los Angeles por ser muito popular nos EUA e também em países das Américas do Norte e Central e Caribe e na Ásia especialmente no Japão e Coréia do Sul.

O críquete originário da Inglaterra, entre os séculos 16 e 17, é um esporte de equipe jogado com uma bola dura, um bastão e 2 times de 11 jogadores cada, e é popular em países de influência inglesa como Inglaterra, Austrália e do sul da Ásia, como Índia e Paquistão. A modalidade que fez parte somente das Olimpíadas de 1900 é disputada com tacos de madeira e uma bola. O objetivo do jogo é marcar corridas ao se rebater a bola arremessada pelo adversário contra a sua casa.

O flag football é uma variação do futebol americano, que permite interromper o avanço do adversário mediante a retirada de uma das fitas (flags) presas a um cinto usado pelo mesmo, reduzindo dessa forma o excesso de contato físico no futebol americano original.

O squash é um esporte disputado com raquetes, derivado do tênis, mas diferentemente deste, os 2 jogadores ficam do mesmo lado em uma quadra retangular, cercada por 4 paredes. O objetivo do jogo é bater na bola, inclusive contra as paredes, de maneira a evitar que o adversário consiga rebatê-la.

Esporte originário da prática dos indígenas americanos: lacrosse

O lacrosse, criado nos Estados Unidos, é um dos mais diferentes e estará de volta depois de ter sido disputado em 1904 e 1908. É uma espécie de futebol com taco, mas com uso de equipamento de proteção ao rosto, e é derivado da prática das tribos nativas sendo popular na costa leste americana e no Canadá.  Na modalidade são usados bastões com uma espécie de cesto na ponta, onde a bola é carregada e trocada de um jogador para o outro até se conseguir a melhor condição para arremessar ao gol. Nos Jogos de 2028, serão disputados com 6 jogadores por equipe e não com os costumeiros 10.

 

Olimpíadas como meio de integração e interação entre povos e países

É oportuna a inclusão desses esportes como olímpicos em 2028 para despertar maior interesse principalmente dos jovens e dos moradores urbanos, que já estão acostumados a ver não somente como atividades esportivas mas também como lazer do dia a dia. Assim, as Olimpíadas continuariam motivando a prática dos mais variados esportes, como forma não somente do necessário exercício físico como também de interação social entre pessoas, povos e países de todo o mundo.

Shoji

sábado, 10 de agosto de 2024

MOVIMENTO MUNDIAL CONTRA O DESCARTÁVEL PLÁSTICO DE USO ÚNICO

 Olimpíadas e outras ações engajadas no combate à poluição plástica

Poluição plástica ameaça o Mundo

No século 21, o descarte do material virou um problema ambiental grave, em função do elevado volume desse material e pelo fato de ser de difícil decomposição.

Atualmente, o uso do plástico como embalagem e para outros fins está muito difundido no dia a dia dos consumidores, e grande parte após único uso, como ocorre com as sacolas plásticas, os copos e outros utensílios domésticos de plástico.  

Os detritos plásticos são contaminantes complexos e persistentes, sendo quase indestrutíveis, dividindo-se em partes menores, até mesmo em partículas de escala nanométrica, transformando-se em microplásticos, que podem subsistir nos mais diversos meios, corpos e alimentos, inclusive em águas engarrafadas.

O plástico não é inerentemente nocivo. É uma invenção criada pelo homem que gerou benefícios significativos para a sociedade. Mas, a maneira como indústrias, governos e consumidores lidam com o plástico e a maneira como a sociedade o converteu em uma conveniência descartável de uso único transformou essa inovação em um desastre ambiental mundial.

 

a) A more sustainable Olympic Games! How Paris 2024 is doing more with less Olympics  jul 24

b) Estudantes de Londrina aprendem o estrago causado por plásticos  RIC Notícias ago 2019

c) Redução de lixo plástico e incentivo à economia circular: temas em debate na CAS TV Senado dez 2023

Olimpíadas 2024 de Paris sem descartáveis plásticos de uso único

No escopo de conscientização e de engajamento de povos e países no sentido de que cada um pode e deve contribuir para a defesa efetiva do meio ambiente e da própria sobrevivência do planeta, o maior evento esportivo do mundo, as Olimpíadas de Paris 2024, tem servido de palco para mobilizar ações no sentido de atacar a crise global da poluição plástica, o que determinou a realização desse gigantesco evento sem o uso de descartáveis plásticos de uso único, com a adoção de medidas como:

·         não admissão nos locais de competição de visitantes portando garrafas plásticas;

·         utilização nos locais de provas de copos não descartáveis;

·         entre as patrocinadoras, o comprometimento da Coca-Cola de distribuir os seus produtos em garrafas de vidro retornáveis através de máquinas de venda a serem desmontadas após o evento.

Destaca-se ainda que 11 organizações esportivas e 102 atletas de alto rendimento, representando 43 modalidades esportivas e 30 países, elaboraram carta aberta aos maiores produtores de bebidas, na condição de maiores poluidoras plásticas do mundo, como a Coca-Cola e a Pepsico, demonstrando a preocupação do meio esportivo com as questões ambientais exigindo o seu comprometimento na adoção de opções mais responsáveis e sustentáveis com o seu público consumidor, por exemplo, pelo aumento o uso de embalagens reutilizáveis e outros meios menos agressivos ao meio ambiente.

 A UEL restringe o uso de descartáveis plásticos de uso único

A Universidade Estadual de Londrina-PR (UEL) iniciou o ano letivo 2024 colocando em prática uma resolução aprovada pelo seu Conselho de Administração, que estabelece regras e um cronograma para suprimir o uso e a compra de produtos plásticos como copos e garrafas descartáveis de uso único em todas as dependências da universidade, sendo considerados plásticos de uso único copos, talheres e pratos, canudos e mexedores descartáveis. Com isso, a UEL pretende criar uma cultura, com foco na sustentabilidade, em cumprimento ao Estatuto da UEL e à Constituição Federal, art. 225, que aponta a necessidade de proteção ambiental frente ao impacto causado pelo plástico de uso único. Segundo a reitoria da UEL essas medidas colocam em prática as recomendações feitas por inúmeros estudos sobre conservação ambiental, cabendo às instituições universitárias dar exemplo de sustentabilidade, considerando que o plástico descartável representa um grave problema social e ambiental.

 PL 2524/22 pretende regular a economia circular do plástico

O PL 2524/2022 em tramite no Congresso Nacional propõe a redução da produção e consumo de itens plásticos de uso único, como  sacolas, talheres e copos, canudos hoje usados massivamente pela população e requer soluções mais sustentáveis. Com isso, propõe-se um novo modelo de produção e uso que irá reduzir a quantidade de plástico descartável no mercado consumidor. O que for produzido deve ser reciclável, reutilizável ou compostável, fazendo com que o plástico volte ao sistema de uso e não seja descartado, impedindo, assim, que mais poluição plástica chegue aos rios, lagos, oceanos e outros locais. A poluição plástica é tão grave que se tornou também uma questão de saúde pública, na medida que microplásticos já foram encontrados em diversos órgãos, no leite materno e até no coração humano.  O tramite do PL 2524/22 deu um grande avanço ao ser aprovado na Comissão de Assuntos sociais do Senado em 28.10.2023.

Shoji