segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

ABERPORTH PRIMEIRA CIDADE SEM PLÁSTICO

 Desde 2017 seus moradores rejeitam o uso de plástico descartável

Poluição plástica causa sério impacto ambiental

Segundo a ONU, a poluição causada pelo descarte de objetos de plástico é um dos grandes desafios da atualidade. A sacola plástica, ao ser descartada de maneira inadequada, provoca sérios prejuízos ao meio ambiente, contribuindo para o entupimento de drenagem urbana, ocorrência de inundações e poluição de cidades, rios, lagoas, oceanos e o meio ambiente em geral. Os detritos plásticos são contaminantes complexos e persistentes, sendo quase indestrutíveis, dividindo-se em partes menores, até mesmo em partículas de escala nanométrica, transformando-se em microplásticos, que podem subsistir nos mais diversos meios, corpos e alimentos, inclusive em águas engarrafadas. Ou seja, ao se transformar em microplásticos, o plástico acaba sendo ingerido por tartarugas, peixes e outras espécies marinhos e animais, muitas das quais são importantes fontes de alimento humano.   

 


a) New Years Resolution plastic free Tudorrosevideo dez 2018

b) Aberporth: the first plastic free village in Wales WWFCymru dez 2018

 

Aberporth, primeira comunidade livre de plástico descartável

Viver sem descartável plástico de uso único é possível, como mostra Aberporth, uma pequena cidade turística de 1.100 habitantes localizada na costa oeste do País de Gales, onde seus moradores reduziram o uso de plástico descartável até se tornarem a primeira comunidade do mundo livre de plástico de uso único, graças à iniciativa Plastic-free Aberporth liderada pela cineasta Gail Tudor.

 

Iniciativa liderada por Gail Tudor a partir de 2017

A iniciativa nasceu em 2017 após Gail ter feito o passeio de barco pela costa inglesa para verificar os efeitos do plástico no mar. Nessa empreitada Gail compreendeu a gravidade do problema, não só para o meio ambiente mas também para saúde humana: além de serem indestrutíveis as peças plásticas transformam se em pedaços cada vez menores com risco de serem consumidas por peixes e animais aquáticos, podendo chegar aos nossos organismos através dos níveis tróficos. Essa jornada motivou a mobilização de seus vizinhos e depois de toda a comunidade visando tornar o pequeno município livre de plástico não biodegradável.

 

Adoção de ações simples no cotidiano de seus moradores

Para alcançar esse objetivo, empresas locais e habitantes de Aberporth promoveram ações simples como:

·         Substituir os canudinhos de plástico por outros de papel ou materiais biodegradáveis nos ambientes comerciais e residenciais;

·         Utilizar xícaras de café e sacos reutilizáveis; evitar a aquisição de produtos envoltos em plástico e incentivar as compras a granel.

·         Não comprar água engarrafada, recomendando encher garrafas de metal ou plástico reutilizável com água da torneira.

·         Substituir nos ambientes comerciais os talheres de plástico por outros de madeira, as caixas de leite por jarras ou garrafas de vidro, e as embalagens de molho por potes ou outros recipientes biodegradáveis.

·         Usar embalagens de papelão para entregas de comida a domicílio.

 

O compromisso de Aberporth para viver sem plástico tornou-se tão relevante que foram desenvolvidas atividades beneficentes para angariar recursos para financiar o projeto. Adicionalmente, alguns hotéis incentivam seus clientes a trazerem as suas próprias xícaras. A campanha também envolve os turistas, mediante aviso para que eles respeitem a política antiplástico da localidade, reciclem ou levem o lixo gerado por eles e não joguem resíduos na praia ou na estrada.

 

Exemplo a ser seguido em escala global

Em função do sério impacto ambiental, diversos países no Mundo têm aprovado medidas para reduzir drasticamente o uso de material plástico descartado após único uso, tais como sacolas plásticas, canudos, cotonetes, pratos, talheres descartáveis, embalagens de comida, copos plásticos e artigos de pesca, como o caso das medidas aprovadas pelo Parlamento Europeu em 24.10.2018, tendo como meta a redução drástica desses materiais até 2021 e nos anos seguintes.

Tornar cidades de maior porte livre de descartáveis plásticos de uso único configura uma tarefa muito mais dificil, mas isso não tira o mérito de Aberporth ter se tornado a primeira comunidade livre do plástico descartável por engajamento de seus habitantes no projeto de tornar a sua vida mais saudável ambientalmente.  Assim, Aberporth mostra que é um exemplo que pode ser seguido por todos ao redor do mundo.

Shoji

 

 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

ANIMAIS QUASE HUMANOS

 Alguns mamíferos comunicam-se quase como humanos

Pesquisas científicas recentes revelam que a comunicação social entre mamíferos como elefantes, macacos e golfinhos assemelham-se a dos humanos, ou seja, compartilham traços de interação social antes vistos como exclusivos dos seres humanos.

As habilidades desses mamíferos envolvem:

Interação: (1) uso de vocalizações específicas; (2) sinais visuais para contatos;

Reconhecimento: (1) capacidade de identificar e se dirigir a determinados indivíduos; (2) uso de “nomes” (apelidos) ou rótulos vocais;

Aprendizado: (1) incorporação de rótulos vocais entre não relacionados; (2) transmissão de informações entre pares;

Cognição: (1) mecanismos de comunicação complexos; (2) adaptações evolutivas em ambientes sociais.

Ref.: Quais são os traços ‘quase humanos’ de golfinhos, elefantes e macacos? | VEJA Explica VEJA+ out 24

 Golfinhos

Os golfinhos que deslumbram o mundo com suas acrobacias e respostas aos chamados humanos mostram que apresentam habilidades antes considerados exclusivos dos humanos, na medida que os golfinhos nariz-de-garrafa são capazes de sorrir. Esses cetáceos abrem a boca de uma maneira semelhante ao riso durante interações lúdicas e prazerosas. O gesto surge justamente em contextos sociais, especialmente quando há contato visual entre os pares. O fenômeno visto entre os golfinhos, conhecido como mimetismo facial, é documentado em mamíferos terrestres, mas era desconhecido entre cetáceos. Essa espécie desenvolveu sistemas vocais complexos, utilizando assobios agudos para interagir. Tamanha habilidade provavelmente evoluiu devido à sobrevivência em águas turvas, onde a visibilidade baixa forçou-os a depender da audição. Em águas claras, quando estão mais próximos entre os pares, eles priorizam as expressões faciais. Por meio de uma mistura de assobios e sinais visuais os golfinhos conseguem cooperar e alcançar seus objetivos.

 Elefantes

Os elefantes surpreendem com um comportamento que se julgava humano: o uso de apelidos. Ao contrário de papagaios e golfinhos, que tendem a repetir sons para se referir a outros indivíduos, os elefantes se valem de construções sonoras mais abstratas, que correspondem a nossos apelidos.

 Macacos saguis

Os saguis desenvolvem vocalização específicas para conversar em grupo. Os sons emitidos não são usados apenas para localização, mas para a interação direta, de forma semelhante aos humanos. Os saguis aprenderam a recorrer a rótulos vocais muito parecidos para diferentes indivíduos, indicando uma capacidade de adaptação num ambiente com visibilidade reduzida, a densa floresta tropical.

 Necessidade da preservação das vidas animal e vegetal em todas as dimensões

A constatação da alta capacidade de comunicação e interação entre os mamíferos, de forma muito semelhante ao dos humanos, reforça ainda mais a necessidade de maior respeito e cuidado no relacionamento humano com esses entes que coabitam o mesmo espaço terrestre, ou seja, os animas devem ser tratados como irmãos e não como seres inferiores e até desprezíveis.

Com as mudanças climáticas e a perda de áreas e habitats naturais prejudicando as condições de sobrevivência das espécies animais, fica evidente a atuação premente de todos na condução de esforços proativos, colaborativos e inovadores para salvar e preservar a vida selvagem em todas as partes do mundo.

Shoji

sábado, 7 de dezembro de 2024

BIOBANCO DE CÉLULAS VIVAS NA LUA

 Será possível uma arca de Noé na Lua?

Em 2001 um grupo internacional propôs a criação de um grande depósito para salvaguardar sementes de grãos de todo o mundo. Frente aos crescentes conflitos globais no cenário de crises climáticas, a idéia saiu do papel em 2008, com a construção na Noruega do Silo Global de Sementes de Svalbard, também conhecido como Banco de Sementes do Ártico ou como Cofre do Apocalipse. A rede de túneis, encravada no permafrost (solo congelado) em Svalbard, sob uma montanha a 1300 km do Polo Ártico, foi construída para durar ao menos 2 séculos e proteger milhões de sementes de catástrofes como terremotos, explosões e dos efeitos das mudanças climáticas, as quais são mantidas a -18º c e mesmo que o sistema de refrigeração deixe de funcionar o permafrost pode manter a temperatura entre -4º c e -6ºc.


 a) O cofre do APOCALIPSE Chicco Mattos nov 2021

b) As crateras da lua Interesse Pelo Universo nov 2021


O Silo Global de Svalbard não está imune ao efeito de degelo

Idealizado para conservar espécies de plantas de todos os países que queiram ali depositar como forma de prevenção em caso de emergências incontroláveis, o Banco de Sementes passou por uma dura prova em 2017 quando o inverno inusualmente quente na Noruega fez o gelo derreter, causando um pequeno mas perigoso alagamento. Tal contratempo não estava previsto pelos criadores do projeto, pois o depósito de sementes está localizado embaixo da terra, em uma região próxima do Polo Norte com temperaturas perenes que podem ser mantidas entre -4º c e -6º c.

 

Seria viável uma arca de Noé na Lua?

Não houve prejuízo aos sementes depositados, mas o incidente inspirou idéias dignas de ficção científica.  Assim, em artigo publicado em 31.07.2024 no BioScience, periódico científico da Universidade de Oxford, uma equipe de 11 cientistas americanos de Harvard e do Instituto Smithsonian, liderada pela pesquisadora Mary Hogedorn, propõe-se a criação de um biorrepositório lunar, ou seja, um almoxarifado cósmico da vida terrestre, como se fosse uma verdadeira arca de Noé onde seriam armazenadas amostras de diferentes espécies em estado de criogenia, congeladas a temperaturas extremamente baixas, para garantir a sobrevivência de espécies em caso de catástrofes terrestres. Segundo os cientistas, a Lua seria o local ideal para abrigar o biobanco pelo fato dos fundos de crateras nos polos nunca serem atingidos pela luz do sol e a temperatura sempre permanece abaixo de -196º c, onde seria possível instalar cofres que não precisariam de energia e nem de manuseio humano intensivo. Não seriam guardadas somente sementes, mas também células vivas de seres fundamentais para a biodiversidade, ou seja, coleções de células de bactérias, corais, plantas, insetos, aves, mamíferos e de demais seres vivos, todas prontas para serem clonadas e fecundadas em caso de emergência global.

 

A arca lunar é uma realidade distante mas não deve ser afastada em definitivo

Por exigir a colaboração de diversos países o projeto do cofre lunar não será fácil de ser concretizado, considerando-se que o mundo continua polarizado, que enfrenta crises de diversas naturezas, de modo que a prioridade no momento é encontrar soluções para catástrofes ambientais na própria superfície terrestre. Mas mesmo que pareça um projeto de ficção científica, não se pode afastar de vez idéias que objetivem concretamente a sobrevivência da vida em todas as formas na Terra.

Shoji