sábado, 25 de novembro de 2023

PARQUE IBIRAPUERA SOB GESTÃO PRIVADA

 Os parques públicos podem ser geridos pela iniciativa privada em benefício da população e com economia para o Estado

A concessão para a gestão privada de parques e espaços públicos pela Prefeitura de SP iniciou-se em 2019, com o principal parque da capital paulista, o Ibirapuera, com área de 158 hectares e inaugurado em 1954 por ocasião da comemoração do 4º centenário da fundação da cidade. A concessão foi assumida pela Urbia Parques, do consórcio Construcap, sob enormes dúvidas quanto à sua viabilidade operacional e financeira, mediante o pagamento da outorga de R$ 70 milhões, pelo prazo de 35 anos (até 2055), com o compromisso de fazer investimentos estipulados em contrato para a melhoria de infraestrutura e de equipamentos no Parque.

 

Dois anos de concessão do Parque Ibirapuera Band Jornalismo nov 2022

Melhoria de infraestrutura e oferta de mais serviços ao público sem cobrança de ingresso

O plano de investimentos e de melhorias é audacioso, podendo chegar a R$ 200 milhões até 2025, tendo sido já alocados R$ 130 milhões até 2023, para a revitalização ambiental e melhoria de infraestrutura e de equipamentos, como os banheiros públicos e a colocação de bebedouros de água potável.

E a concessão privada está sendo administrada com a melhoria da infraestrutura sem a cobrança de ingressos do público, que aproveita os benefícios do Parque em número cada vez maior, em uma mega metrópole com notória carência de área verde, de modo que os visitantes devem chegar a 17 milhões em 2023.

 Parcerias com patrocinadores privados

Para a viabilização da gestão privada do Parque Ibirapuera, a concessionária Urbia conta com 4 principais pilares: (1) patrocínio de empresas em ações sustentáveis (como as do Braskem, Centauro e Nike); (2) realização de eventos; (3) ativações de marcas por empresas interessadas em expor seus produtos e serviços e (4) oferta de mais e melhores pontos de venda de alimentos e bebidas.

Entre as melhorias destacam-se as pistas de corrida e de skate, a reforma e construção de quadras para a prática de diversas modalidades esportivas, a disponibilização de bicicletas e triciclos ao público, gerida por grupos privados. Outra melhoria é a transformação de parte do piso impermeável (asfalto e calçadas) em solo permeável, bem como a implantação de rede fibra óptica de 15 km no Parque, com a oferta de wi-fi grátis em sua área.

Foi implantado ainda o gerenciamento adequado de lixo gerado pelo crescente nº de visitantes, com a instalação de uma central de reciclagem para a separação de resíduos recicláveis e não-recicláveis. Entre estes, os resíduos orgânicos, como as cascas de coco verde, são usados para a produção do adubo orgânico. Para a melhoria da segurança, o parque está sendo monitorado pela instalação de quantidade crescente de câmeras de reconhecimento facial.  E, entre as novas atrações, pode ser destacada a reabertura do Planetário. Segundo pesquisa de opinião pública, a maioria absoluta dos usuários aprovam as melhorias  feitas e portanto a gestão privada do Parque.

 A concessão privada deve ser estendida a novos espaços e parques públicos

A experiência exitosa da gestão privada do Parque Ibirapuera demonstra claramente que é viável a concessão para a gestão privada de espaços e parques públicos com melhoria e ampliação de infraestrutura, equipamentos e serviços ofertados ao público usuário desses espaços, considerando se principalmente a notória carência de áreas verde e de lazer em metrópoles como a capital paulista.  O gestor público também se beneficia por deixar de prestar serviços que a iniciativa privada pode fazer de forma mais eficiente, e assim reduzir os gastos que seriam destinados a essas áreas, podendo com isso dedicar-se a setores em que o Estado deve atuar primordialmente, como a educação básica, saúde pública, segurança pública e ultimamente com prioridade máxima que é a sustentabilidade ambiental, para o combate aos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global.

Shoji

 

sábado, 18 de novembro de 2023

LIVRARIA: TEMPLO DO CONHECIMENTO E REFLEXÃO

 As publicações impressas devem ser valorizadas

Conforme o artigo “Livrarias salvam a democracia” de autoria de Murillo de Aragão, publicado na revista Veja em edição de 15.09.2023, pg. 39, em função da onda de fechamento de livrarias nos EUA, várias personalidades lançaram uma campanha com o slogan “Bookstores save democracy”. Nos EUA, apesar do fechamento de muitas lojas, a venda de títulos impressos ainda é muito maior do que a de eletrônicos, pois, em 2022, a venda de livros impressos rendeu US$ 13 bilhões ante US$ 1,87 bilhão de livros digitais. Mas o fechamento de lojas físicas preocupa não somente pela questão das vendas mas também pelo sentido político e cultural.

 

a) Conheça os desafios dos donos de sebo (livros usados) SescTV out 2016

b) Em crise, grandes lojas dão lugar às pequenas livrarias Band Jornalismo out 2019

Redução de publicações impressas no Brasil

Como nos EUA, o mesmo fenômeno está ocorrendo no Brasil, onde, segundo a Associação Nacional das Livrarias (ANL) em 2014 existiam 3.095 lojas no País, que se reduziram a 2.200 em 2021, cifra essa já bastante abaixo, por exemplo, das 3.600 livrarias existentes na Itália em 2022, país com população de 60 milhões. No Brasil, onde o índice de leitura é bem mais baixo do que nos EUA, a situação é mais preocupante, não somente pela inexistência de livrarias em diversas cidades mas também pelo decréscimo na circulação de jornais e revistas.

 Perda de hábito da leitura

E o hábito da leitura vem perdendo espaço entre as novas gerações, que vivem com os seus aparelhos eletrônicos e celulares nas mãos quase o tempo todo. O fechamento de livrarias é preocupante pois elas são o ponto de encontro de pessoas que querem saber mais e refletir sobre o mundo em torno dos diversos temas e sob os variados enfoques, o que não só aumenta o nível de conhecimento mas estimula a reflexão sobre os mais diversos tópicos. A exposição das obras nas prateleiras permite a descoberta de temas e autores que podem despertar novas idéias e caminhos. Permite ainda a experiência sensorial de folhear o livro antes de comprá-lo. O tradicional livro permite não somente a sua consulta prévia mas o seu manuseio com a possibilidade de retornar ou avançar ao longo do texto e de fazer as marcações e anotações sobre os trechos mais importantes, o que permite o aprofundamento do entendimento do seu conteúdo, recursos esses difíceis de usar nos livros eletrônicos.  A livraria ainda é o espaço físico que permite a integração social e a troca de idéias entre os leitores o que não ocorre no mundo digital. Com isso, verifica-se que o uso somente de meios digitais dificulta a compreensão de diversos assuntos de forma mais ampla e aprofundada. Assim, gerações sem leitura ou com leitura superficial podem se tornar presas fáceis para narrativas não reflexivas e que apresentam soluções e prazeres imediatos para a sociedade que trafega na superficialidade. Com isso morre a cultura tradicional, cujos filósofos e sábios nos legaram valores, princípios e conceitos que construíram a civilização. Enfim, para o autor do artigo, Murillo de Aragão, longe das livrarias e das bibliotecas, a democracia corre perigo.

 O papel dos sebos

Entre as livrarias, é pouco reconhecida mas deve ser realçada a importância dos chamados “sebos”. Essas lojas, normalmente em instalações modestas, vendem os mais variados tipos de livros, revistas e publicações, incluindo CD, DVD, discos e demais fontes de cultura a preços módicos e até irrisórios, atuando ainda como locais para a compra e troca desses materiais. Enfim, os sebos atuam como verdadeiros repositórios de materiais educativos e históricos sobre os mais diversos temais culturais.

 As livrarias estão a caminho da extinção?

As livrarias merecem continuar existindo como faróis de cultura e educação, ou seja, como espaço para catalisar iniciativas e de robustece a capacidade de pensamento e de reflexão.

Shoji