sábado, 26 de fevereiro de 2022

MOVIMENTO PELO RESGATE DAS CULTURAS NATIVAS

 Fortalecem-se as medidas de reparação aos povos indígenas que sofreram as ações colonialistas no passado

O povo maori ganha maior protagonismo na Nova Zelândia

A jornalista bilíngue Oriini Kaipara, fez história ao se tornar a primeira pessoa de origem maori a apresentar um telejornal em emissora televisiva da Noza Zelândia em horário nobre com uma tatuagem no queixo, o moko kauae, que é uma tradição entre mulheres maoris. A tatuagem feita pela Oriini foi motivada em 2017 a partir do teste de DNA, que atestou a sua descendência 100% maori.

Além da jornalista Kaipara, a deputada Nanaia Mahuta, que também fez a tatuagem moko kauae em 2016, foi nomeada ministra das Relações Exteriores da Nova Zelândia, tornando-se a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Esses são exemplos de como a Nova Zelância, vem aprofundado a política de reparação aos indígenas iniciada há quatro décadas, no sentido de aumentar mais a integração dos maoris, que representam 17% da população neozelandesa, em todos os setores públicos e privados do país.


a) Who is Oriini Kaipara? Who are Māori? Learn in One Minute 12 de jan. de 2022 Kimavi

b) Veteran New Zealand broadcaster on breaking barriers and preserving culture | ABC News 15 de jan. de 2022 ABC News (Australia)

c) Original maori haka dance 22 de jul. de 2011 Dagich

d) The Greatest haka EVER? 18 de jun. de 2015 World Rugby

Fortalecimento das medidas de reparação aos povos nativos

Nos últimos anos tem se reforçado o movimento de vários governos nacionais em reconhecer os prejuízos causados às populações nativas de várias partes do mundo, não somente por meio de pedidos oficiais de desculpas, mas agora acompanhados por medidas concretas de reparação e de maior inclusão, inclusive por meio de aportes de recursos financeiros, com o fim de reduzir ou ao menos amenizar o imenso débito acumulado com as populações indígenas que sofreram os efeitos das ações colonialistas.

 

Ações concretas no Canadá e no Chile

O caso mais recente e concreto é o do Canadá, onde o governo canadense em 04.01.2022, anunciou um acordo que destina 40 bilhões de dólares canadenses (R$ 179 bilhões) para a reparação das populações nativas, inclusive às crianças indígenas que foram tiradas de suas famílias e entregues a terceiros a partir de 1991, além de seus pais e responsáveis. Esse acordo de compensação representa um passo importante para a reconciliação do governo com as cerca de 600 tribos indígenas do país, tarefa a que o primeiro-ministro Justin Trudeau tem se dedicado desde que assumiu o cargo em 2015.

 

No Chile, os nativos passaram a sentir pela primeira vez maior sensação de protagonismo. Assim, entre os 155 membros da Assembleia Constituinte, responsável por redigir a nova Constituição nacional, 17 são indígenas, na maioria Mapuches, inclusive a presidente da Constituinte, o que poderá ajudar a estabelecer uma nova relação no país entre o Estado e os povos nativos.

 

Importância de aprofundar as medidas de reparação aos povos ancestrais

O movimento de reparação aos povos nativos com a adoção de medidas concretas, inclusive de caráter financeiro, é extremamente importante e justo, no sentido de compensar pela opressão causada pelas políticas colonialistas no passado, mas principalmente para resgatar e valorizar os valores culturais dos povos ancestrais, incluindo os idiomas, costumes, valores históricos e tradicionais, que constituem herança cultural fundamental para a humanidade.

Shoji

sábado, 19 de fevereiro de 2022

PROJETO POSSÍVEL: CONQUISTA DOS 14 PICOS MAIS ALTOS EM TEMPO RECORDE

 O nepalês Nims alcança os 14 picos acima dos 8000 meros em somente 7 meses em um dos maiores feitos do alpinismo

Nirmal Purja Magar, mais conhecido como Nims, ex-militar e alpinista nepalês, concluiu o Projeto Possível em 29.10.2019 ao escalar o 14º pico acima de 8000m no tempo recorde de menos de 7 meses, quebrando o recorde mundial anterior de 2013, quando o montanhista coreano Kim Chang completou os 14 picos em 7 anos, 10 meses e 6 dias, mas o primeiro a subir os 14 cumes mais altos foi o notável alpinista tirolês-italiano Reinhold Messner, porém no prazo de 16 anos entre 1970 e 1986. A conquista do Nims pode ser considerada a mais importante depois da primeira escalada do Everest em 1953 pelos alpinistas neozelandês Edmund Hillary  e nepalês Tenzing Norgay.   


a) 14 Peaks: Nothing Is Impossible | Official Trailer | Netflix 2 de nov. de 2021 Netflix

b) NIRMAL PURJA Nepali broke 7 World Records for climbing 14 World's highest peaks in 6 months! 1 de nov. de 2019 Enhinyeronggala VLOGS

 Carreira em unidade militar de elite e como alpinista

Nirmal Purja nasceu em 1984 no distrito nepalês de Myagdi, na região de Dhaulagiri, a uma altitude de 1600 metros acima do nível do mar e cresceu no distrito de Chitwan. Em 2003, alistou-se na Brigada Gurkha , o lendário regimento de soldados recrutados no Nepal para servir ao exército britânico. A seleção para entrada nesse regimento é altamente competitiva por ser uma opção popular entre os jovens nepaleses, em função da épica história de 100 anos de luta por várias partes do mundo e uma pensão e benefícios garantidos pelo governo britânico. Após 6 anos a serviço nos Gurkhas, Nims passou por um teste ainda mais seletivo, de 6 meses, para ingressar no Special Boat Service (SBS), uma unidade de elite da Royal British Navy (Marinha Real Britânica).

 Dedicação exclusiva ao alpinismo e ao Projeto Possível

Depois de 16 anos de serviço militar, Nims pode-se tornar um alpinista profissional e dedicar-se integralmente ao Projeto Possível de escalar os 14 picos acima de 8000 m, iniciando-se o primeiro em abril/2019. Nims chamou essa empreitada de Projeto Possível, como forma de mostrar que tudo que os humanos acham ser impossível pode se tornar possível com a mentalidade e o treinamento corretos, de modo a encorajar e inspirar qualquer pessoa a alcançar o “impossível”. Os cumes alcançados foram:

·         Annapurna (8091 m, Nepal 23.04.2019, 15:00) 

·         Dhaulagiri (8167 m, Nepal, 12.05.2019, 18h15) 

·         Kanchenjunga (8586 m, Nepal, 15.05.2019, 11h19) 

·         Everest (8848 metros, Nepal, 22.05.2019, 5h30) 

·         Lhotse (8516 m, Nepal, 22.05.2019, 15h45) 

·         Makalu (8481 m, Nepal, 24.05.2019, 6h)

·         Nanga Parbat (8126 m, Paquistão, 03.07.2019) 

·         Gasherbrum I (8010 m, Paquistão, 15.07.2019) 

·         Gasherbrum II (8035 m, Paquistão, 18.07.2019) 

·         K2 (8611m, Paquistão, 24.07.2019, 8h00) 

·         Broad Peak (8047 m, Paquistão, 26.07.2019 8h50)

·         Cho Oyu (8188 m, China, 23.09.2019, 10h45) 

·         Manaslu (8163 m, Nepal, 27.09.2019, 7h50) 

·         Shishapangma (8027 m, Tibete (China), 29.10.2019, 8h58).

 O alpinismo nepalês alcança o protagonismo

Os sherpas, que habitam a parte mais montanhosa do Nepal, no alto do Himalaia,  se tornaram mundialmente famosos por exercerem a função importante de apoiar as expedições de escalada das montanhas mais altas no mundo na extensa cordilheira do Himalaia.  Esse apoio dos sherpas é tão fundamental que os próprios alpinistas reconhecem que a escalada dos picos mais altos no Himalaia seria praticamente impossível sem a contribuição dos heróicos sherpas, mas estes se mostravam-se anônimos ou com papéis de coadjuvantes, pois a glória das conquistas ficam com os alpinistas forasteiros.  Com o feito do Nims, o personagem principal passa a ser um nativo nepalês, apoiado da mesma forma pelos indomáveis sherpas.   

Shoji

 

sábado, 12 de fevereiro de 2022

OLIMPÍADAS DE INVERNO 2022 DE NEVE ARTIFICIAL

 Aquecimento global causa uso de 100% de neve artificial nos Jogos de Inverno 2022 em Beijing

Um relatório divulgado pelo Sport Ecology Group, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, e pela organização Save Our Winters, que reúne cientistas de vários países em prol da sustentabilidade do esporte, destacou que as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global ameaçam o futuro dos esportes de neve e reduzem o número de locais adequados para a prática dessa modalidade esportiva bem como para a realização de futuras Olimpíadas de Inverno. Esse estudo apontou que, dos 21 locais que já sediaram os jogos desde 1924 em Chamonix, na França, apenas 10 teriam a adequação climática e o volume natural de neve necessários para sediar um evento olímpico em 2050.

Nas Olimpíadas de Inverno de 1980, em Lake Placid, nos EUA, foi a primeira vez em que se constatou a necessidade de uso de neve artificial por efeito das mudanças climáticas. Com o passar do tempo e  do avanço do aquecimento global, esse fenômeno só se agravou, de modo que em 2014 em Sochi na Rússia, 80% da neve usada nas arenas esportivas era artificial, percentual que avançou para 90% em 2018, em PyeongChang, na Coréia do Sul,  culminando com 100% nas Olimpíadas de Inverno em 2022 em Beijing, na China, no período de 4 a 20.02.2022.

 

Ref.: a) Neve artificial em olimpíada de Pequim é tendência. mas também alvo de críticas

6 de fev. de 2022 Noticias em video Brasil

b) Jogos de Inverno com neve artificial 30 de dez. de 2021 AFP Português

c) Lindsey Jacobellis é ouro no Snowboard | Snowboard Beijing 2022 9 de fev. de 2022 Olympics


Prejuízo ambiental

Fazer neve artificial não somente é caro mas é um processo que demanda muita água e energia, o que compromete a realização de jogos "verdes", com mínimo impacto ambiental. Outro ponto controverso é que a fabricação da neve artificial exige aditivos químicos ou biológicos para melhoria da sua qualidade e rendimento, no sentido de retardar o seu derretimento. Mas a água tratada quimicamente pode causar danos à biodiversidade e à vegetação e o derretimento lento, por sua vez, pode prejudicar o ciclo de crescimento das plantas.

 

Maior risco aos atletas

Como a neve artificial tende a criar uma superfície mais dura e imprevisível, em que os equipamentos deslizam de forma mais rápida, com maior risco aos atletas, e consequente elevação da chance da ocorrência de quedas e de acidentes mais graves.

 

Preferência aos campos de neve natural

Em função desses aspectos, os futuros jogos olímpicos de inverno deveriam ser realizados preferencialmente em locais com melhores condições de queda e acumulação de neve natural, reduzindo-se ao máximo a necessidade de neve artificial.

Shoji