Indígenas lutam pelo seu território e pela defesa do meio ambiente
Entre 31.10 e 12.11.2021, realizou-se em Glasgow na Escócia a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, conhecida pela sigla COP26, com a participação de quase 200 países. A conferência prevista originalmente para novembro de 2020, foi remarcada para 2021 devido à pandemia do Covid-19. COP significa Conferência das Partes (Conference of the Parties), e as partes referem-se aos governos que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Desde 1995, a COP reúne esses governos uma vez por ano para discutir formas de frear os efeitos relacionados às mudanças climáticas.
Ref.: Representante dos povos originários discursa na
COP26 2 de nov. de 2021 Jornalismo
TV Cultura
A 26ª sessão da COP (COP26) destacou 4 principais
objetivos:
1.
Neutralizar a emissão de gases e manter a temperatura média
global em 1,5˚C até 2050: os países devem apresentar metas ambiciosas de redução de
emissões para 2030 visando neutralizar a emissão de gases poluentes até a
metade do século. Para isso, os países devem se comprometer com ações como
acelerar a eliminação do uso do carvão, reduzir o desmatamento, acelerar a
mudança para veículos elétricos e investir em energias renováveis.
2.
Proteger comunidades e habitats naturais: capacitar e incentivar os
países a proteger e restaurar ecossistemas e a construir defesas, sistemas de
alerta, infraestrutura e agricultura resistentes para evitar a perda de moradias,
de meios de subsistência e de vidas.
3.
Mobilizar finanças para cumprir as 2 primeiras metas: os países desenvolvidos devem se
comprometer em mobilizar pelo menos US$100 bilhões em financiamento climático
por ano.
4.
Trabalhar juntos para alcançar as metas: durante a COP26 espera-se
finalizar o Livro de Regras que regulamenta o Acordo de Paris e acelerar as
ações para enfrentar a crise climática por meio da colaboração entre governos,
empresas e sociedade.
Mais de 40 indígenas brasileiros participaram
da COP26, na maior delegação de lideranças indígenas brasileiras da história da
COP, para alertar o mundo sobre a importância da demarcação de terras indígenas
como uma das principais soluções para a crise climática do planeta.
Atuação da Txai
Suruí em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente
Na abertura da
COP26, em 01.11.2021, Txai Suruí, da etnia paiter suruí, de 24 anos, foi a
única indígena da América Latina e única brasileira a discursar ao lado de
grandes líderes mundiais. No seu discurso, afirmou que os povos indígenas presenciam as causas e as consequências da crise
climática, incluindo entre as causas, a invasão de suas terras, a mineração agressora
dos rios e lagos, o desmatamento da floresta e o aumento das queimadas. Entre
as consequências, destacam-se a escassez da chuva, o desaparecimento de animais,
a morte dos rios e lagos, o que afetam seriamente a vida dos indígenas. Para
Txai, é preciso que o mundo possa aprender mais com quem convive há milênios em
harmonia com a natureza, como revela a história ancestral de seu povo e pela
sua luta pela integridade do território.
Em seu discurso, ressaltou que, seu
pai, o grande chefe Almir Suruí, ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua,
o vento, os animais e as árvores. Hoje, o clima está esquentando e os
animais desaparecendo, os rios estão morrendo e nossas plantações não florescem
como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo. E
completou: “Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais.
Não é 2030 ou 2050, é agora!”.
Txai Suruí faz parte dos povos Suruí,
com cerca de 2 mil indígenas. As aldeias enfrentam dificuldades na subsistência
pela caça e plantio por efeito das invasões das suas terras e da crise do clima.
Txai é fundadora do Movimento da
Juventude Indígena de Roraima e estudante de direito, e também
atua no núcleo jurídico da Associação
de Defesa Etnoambiental - Kanindé, organização referência na
causa indígena, tornando-se recentemente conselheira da World Wide Fund For Nature no Brasil (WWF Brasil). Txai é
também representante da Guardians of Forest, uma aliança de comunidades
que protege as florestas tropicais em todo o mundo e foi representante do seu
povo na COP 25 em Madri em dezembro/2019.
Shoji