sábado, 13 de novembro de 2021

TXAI SURUÍ A JOVEM INDÍGENA EM DEFESA DO PLANETA

 Indígenas lutam pelo seu território e pela defesa do meio ambiente   

Entre 31.10 e 12.11.2021, realizou-se em Glasgow na Escócia a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, conhecida pela sigla COP26, com a participação de quase 200 países. A conferência prevista originalmente para novembro de 2020, foi remarcada para 2021 devido à pandemia do Covid-19. COP significa Conferência das Partes (Conference of the Parties),  e as partes referem-se aos governos que assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Desde 1995, a COP reúne esses governos uma vez por ano para discutir formas de frear os efeitos relacionados às mudanças climáticas.

 

Ref.: Representante dos povos originários discursa na COP26  2 de nov. de 2021 Jornalismo TV Cultura


 A 26ª sessão da COP (COP26) destacou 4 principais objetivos:

1.      Neutralizar a emissão de gases e manter a temperatura média global em 1,5˚C até 2050: os países devem apresentar metas ambiciosas de redução de emissões para 2030 visando neutralizar a emissão de gases poluentes até a metade do século. Para isso, os países devem se comprometer com ações como acelerar a eliminação do uso do carvão, reduzir o desmatamento, acelerar a mudança para veículos elétricos e investir em energias renováveis.

2.      Proteger comunidades e habitats naturais: capacitar e incentivar os países a proteger e restaurar ecossistemas e a construir defesas, sistemas de alerta, infraestrutura e agricultura resistentes para evitar a perda de moradias, de meios de subsistência e de vidas.

3.      Mobilizar finanças para cumprir as 2 primeiras metas: os países desenvolvidos devem se comprometer em mobilizar pelo menos US$100 bilhões em financiamento climático por ano. 

4.      Trabalhar juntos para alcançar as metas: durante a COP26 espera-se finalizar o Livro de Regras que regulamenta o Acordo de Paris e acelerar as ações para enfrentar a crise climática por meio da colaboração entre governos, empresas e sociedade.

 Indígenas brasileiros na COP26 em defesa da Terra

Mais de 40 indígenas brasileiros participaram da COP26, na maior delegação de lideranças indígenas brasileiras da história da COP, para alertar o mundo sobre a importância da demarcação de terras indígenas como uma das principais soluções para a crise climática do planeta.

 

Atuação da Txai Suruí em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente

Na abertura da COP26, em 01.11.2021, Txai Suruí, da etnia paiter suruí, de 24 anos, foi a única indígena da América Latina e única brasileira a discursar ao lado de grandes líderes mundiais. No seu discurso, afirmou que os povos indígenas presenciam as causas e as consequências da crise climática, incluindo entre as causas, a invasão de suas terras, a mineração agressora dos rios e lagos, o desmatamento da floresta e o aumento das queimadas. Entre as consequências, destacam-se a escassez da chuva, o desaparecimento de animais, a morte dos rios e lagos, o que afetam seriamente a vida dos indígenas. Para Txai, é preciso que o mundo possa aprender mais com quem convive há milênios em harmonia com a natureza, como revela a história ancestral de seu povo e pela sua luta pela integridade do território.

Em seu discurso, ressaltou que, seu pai, o grande chefe Almir Suruí, ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje, o clima está esquentando e os animais desaparecendo, os rios estão morrendo e nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo. E completou: “Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora!”.

Txai Suruí faz parte dos povos Suruí, com cerca de 2 mil indígenas. As aldeias enfrentam dificuldades na subsistência pela caça e plantio por efeito das invasões das suas terras e da crise do clima. Txai é fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Roraima e estudante de direito, e também atua no núcleo jurídico da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé, organização referência na causa indígena, tornando-se recentemente conselheira da World Wide Fund For Nature no Brasil (WWF Brasil). Txai é também representante da Guardians of Forest, uma aliança de comunidades que protege as florestas tropicais em todo o mundo e foi representante do seu povo na COP 25 em Madri em dezembro/2019.

Shoji