Jovem saudita pode ser condenada à morte pela prática da apostasia
O drama da jovem saudita Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, chamou a atenção internacional em janeiro de 2019, pela sua tentativa de fuga da família, que passava férias em Kuwait. Para alcançar o seu objetivo, Rahaf comprou uma passagem e empreendeu viagem à Austrália onde pretendia solicitar asilo. Essa fuga teria sido motivada pela sua decisão de cortar o cabelo e renunciar ao islamismo e pelas desavenças sofridas no seio da família decorrentes da sua condição de mulher, como a recusa ao casamento com pretendente indicado pelo pai, o que teria motivado o seu trancamento em um quarto por 6 meses.
Entretanto ao fazer escala no aeroporto de Bangkok, na Tailândia, ao ser ameaçada de deportação para Kuwait onde a sua família a aguardava, a jovem teve que se refugiar em um quarto de hotel do aeroporto. Com o apelo da Rahaf de que ela poderia ser condenada à morte em caso de deportação, as autoridades tailandesas se sensibilizaram com a sua situação, mas a jovem deixou o quarto do hotel, em 07.01.2019, 2ª feira, somente depois de fazer acordo com a Agência Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), da ONU, a qual providenciou à Rahaf um local seguro, fora do hotel, para se recuperar do forte sofrimento emocional e para receber a necessária proteção por parte da ACNUR.
A ACNUR defende o princípio de proteção de pessoa refugiada que tenha a sua vida ou liberdade ameaçadas em caso de devolução ao seu país de origem.
Penalidade pela apostasia
A ameaça de morte sob a jovem estaria baseada na suposta prática da apostasia. Chama-se apostasia a renúncia ou abandono de uma crença religiosa, podendo essa prática ser caracterizado como crime de apostasia. Conforme a religião, o apóstata, que se afasta do grupo religioso do qual era membro, pode ser vítima de preconceito, intolerância, difamação e calúnia por parte dos demais membros e também pela autoridade governamental ou religiosa, podendo estar sujeito a penalidades, que podem chegar até a pena de morte em alguns países.
No islamismo, a apostasia inclui não só a deliberada renúncia à fé islâmica pela conversão para outra religião, mas também simplesmente por negar ou meramente questionar qualquer "princípio fundamental ou credo" do Islã, tais como a divindade de Alá, a missão profética de Maomé, zombar de Alá ou adorar um ou mais ídolos.
Necessidade de eliminação de regras e costumes arcaicos que ameaçam a vida humana
O episódio da Rahaf teve um final feliz pois o seu pedido de asilo foi atendido pelo Canadá, de modo que em 11.01.2019, 6ª feira, ela embarcou para aquele país.
Mas o seu drama sofrido na Tailândia chama a atenção mundial mais uma vez como exemplo da submissão de pessoas, principalmente de mulheres, às leis e costumes que ignoram as necessidades das pessoas desfrutarem de condições concretas de liberdade de pensamento e de ação para que cada pessoa consiga por si buscar as condições mínimas de uma vida digna.