Custos exorbitantes diminuem o interesse pelo atual modelo de rodízio
por diversos países ao redor do mundo
A cada 2 anos, as Olimpíadas de Verão e de Inverno e a Copa do Mundo de futebol são realizadas em cidades e países diferentes ao redor do mundo, em um sistema de rodízio que funciona desde o início desses eventos mundiais de maior popularidade. Esse modelo se justificava em 1896, no início dos modernos jogos olímpicos, pois à época não existiam as facilidades hoje existentes em termos de tecnologia, transporte e comunicação, de modo que o rodízio entre os diversos países era a forma de divulgar e propiciar às diversas populações o espírito de congraçamento por meio do esporte ao redor do mundo.
Esses grandes espetáculos esportivos são geridos respectivamente pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA), com modelos de negócios bastante parecidos. Todo o faturamento pertence a essas entidades, destacando-se entre as fontes de receita, os acordo de direitos de transmissão, os patrocínios, e em escala menor, a cota sobre a hospedagem e os licenciamentos.
Gastos exorbitantes para a estrutura dos Jogos e enorme custo para sua administração após os Jogos
Para viabilizar a realização desses eventos, os encargos das despesas correm por conta das cidades e dos governos dos países sedes em termos de construção e reformas de estádios, ginásios e toda a infraestrutura de transporte, comunicação e hospedagem. Dessa forma, esses vultosos investimentos, direta ou indiretamente, são pagos pelas populações das cidades e países sedes.
Por exemplo, para a realização da Copa do Mundo de 2022, Catar gastará em torno de US$ 10 bilhões na construção de 8 estádios, sendo 4 na capital Doha e 4 em cidades vizinhas, e mais US$ 200 bilhões em infraestrutura, destacando-se a construção da cidade de Lusail, no meio do deserto, a 25 km de Doha, para abrigar o estádio, com capacidade de 86 mil pessoas, que receberá os jogos de abertura e da final.
Os custos não somente são aqueles necessários para abrigar os Jogos, mas também os custos para a gestão dos equipamentos deixados após a realização dos Jogos, pois normalmente as cidades não tem como utilizar ou rentabilizar plenamente as enormes estruturas de estádios e ginásios remanescentes, como ocorreu recentemente no Brasil, com a realização da Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de Verão de 2016. A cidade alemã de Munique que sediou os jogos de verão de 1972 é um dos poucos casos de sucesso em que o parque olímpico é administrado com lucro, embora pequeno, por uma única empresa pública. Mesmo em Atlanta, nos EUA, que sediou os jogos de verão de 1996, o ginásio Georgia Dome, foi implodido em 2017 para dar lugar a um grande estacionamento de uma empresa comercial. Na Coréia do Sul, após o Jogos de Inverno de fevereiro/2018, o estádio olímpico de Pyeonchang, com capacidade para 35.000 pessoas será demolido em função dos custos altos para a sua manutenção.
Proposta alternativa de eleger determinadas cidades como sedes desses eventos
Em função dos custos exorbitantes atualmente exigidos para sediarem esses eventos mundiais, tem se manifestado mais frequentemente sentimento contrário por partes das populações das cidades de sediarem esses Jogos, como ocorreu em cidades como Boston, Berna e Munique que rejeitaram a proposta delas abrigarem uma Olimpíada.
Alternativamente, têm surgido idéias como a do americano Andrew Zimbalist, professor de economia no Smith College, Northampton, Massaschusetts, de escolherem algumas cidades ao redor do mundo, que já tenham estruturas necessárias para abrigarem esses Jogos, sem a exigência de enormes investimentos como ocorre atualmente, obviamente, desde que as populações dessas cidades concordem com isso. Uma dessas cidades com essa caraterística seria Los Angeles. Tokyo, por exemplo, que abrigará os Jogos Olímpicos de 2020 também teria essa característica.
Soji Soja
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